Olhar Conceito

Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Notícias | Literatura

papel e caneta, armas em punho

A literatura é um sacerdócio: a batalha de Wuldson Marcelo no fomento às letras cuiabanas

Foto: Reprodução

Wuldson Marcelo

Wuldson Marcelo

Escrever pode ser classificado como uma missão de vida, mas iremos além: é um sacerdócio. Bater os dedos no teclado, sentir as letras fluírem e ganharem vida no corpo do papel é o prazer máximo para um escritor. Poder narrar uma estória para colorir o mundo com seu olhar é traduzir a alma do poeta. Escrever é esvaziar para encher novamente. Mas, não basta apenas escrever por escrever. É preciso fomentar este cenário, unir as forças e ir para a batalha com as armas em punho: um papel e uma caneta.

Leia também: Em 1964, escritor previu como estaria o mundo dentro de 50 anos; Confira

Nesta perspectiva de escritores que buscam encontram um sentido para a existência, é que se encaixa Wuldson Marcelo, autor de Subterfúgios Urbanos. O sacerdócio de Wuldson não para na escrita. O sacerdócio é romper as barreiras para encontrar um lugar para tantas letras. O cenário é Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, e a árdua missão é espalhar as palavras de escritores que estão fora do mercado editorial, que aniquila talentos em detrimento do lucro.

O último resultado da união destas forças foi a coletânea de micro contos “Máxima Vida Mínima” que será divulgada pelo Olhar Conceito ao longo desta semana, e reúne 50 escritores de Mato Grosso e outros cinco Estados. Mas, para este ano, muitos outros projetos devem sair da cartola, como a nova antologia de contos batizada de “Macumba: Kizomba de Amor, Fé e Morte”, organizado em conjunto com Thiago Costa, que será publicado pela editora Os Dez Melhores (RS), e é composta por estórias ligadas à cultura, religiões e história afro-brasileira. Nos projetos pessoais, Wuldson quer lançar o segundo livro de contos “Obscuro-shi”.

O empenho de disseminar as estórias encontra amparo na Internet, um mundo a ser explorado e que nele, cabem todos aqueles que estão à margem. “A internet é um meio de divulgação que não requer autorização prévia de editores, comissão julgadora e etc. A burocracia e jogo de interesses que tomam conta de captação de recursos para a impressão de livros, a submissão e dependência aos editais de secretarias, sejam de quais instâncias forem, ainda não reinam nesse mundo supostamente indomado da internet. Um texto, uma música, um vídeo encontram seu público, pode ser dez ou um milhão. Porém, desse modo, você arrisca e espera que seu material consiga se destacar entre a multidão que também disponibiliza o seu próprio”, refletiu Wuldson.

Além de Máxima Vida Mínima, outra coletânea já foi publicada “Beatniks, malditos e marginais em Cuiabá: literatura na Cidade Verde", e que para Wuldson conseguiu formar um ‘burburinho’, mesmo que pequeno.

“Algo bem pequeno, mas que despertou interesse fora de Cuiabá. Então, iniciativa como a dos minicontos contribuem para dois importantes aspectos: reunir a galera que faz literatura em Cuiabá (até mesmo os que nunca ousaram publicar nada e daí eles topam se arriscar) e, com a ajuda da internet, divulgar o material. E agregar quem faz literatura pelo Brasil afora, pois no “Máxima Vida Mínima” temos escritores de pelo menos cinco Estados”, contou.

Sobre a produção literária, Wuldson bate na tecla: há uma produção muito rica que está à margem dos editais da Secretaria de Cultura do Estado. “Como temos uma prefeitura (não apenas atual legislatura, mas também as subsequentes) que desconhece o que seja investimento em cultura, ainda mais em literatura, é preciso fugir dessa dependência do edital, ao mesmo tempo que temos que exigir que percebam a literatura como modo de divulgação e invenção de cultura e arte”, salientou.

E a dificuldade de publicação remonta à localização do Centro-Oeste, que perde na disputa literária para os grandes centros. “O mercado literário em nossa região, geralmente, é relegado ao segundo plano nas “disputas” com o eixo Sul-Sudeste. O Nordeste abriu espaço à custa do talento de seus escritores e, hoje, gozam de bom status. E muito difícil ver reportagens em nível nacional com escritores do Centro-Oeste, apesar de muitos nomes de destaque, como Manoel de Barros e J. J. Veiga. Mas, acredito que a saída é produzir e divulgar o que acontece”, influencia.

Para finalizar, Wuldson incita os escritores. “Como escreveu Camus, “a arte e a revolta só morrerão com o último homem”, e, enquanto houver essa consciência, teremos escritores em todos os lugares do mundo, que driblarão as dificuldades e o desmando ou inépcia daqueles que ocupam o poder”, concluiu.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet