O termo crônica vem de Chronus, o tempo, porque esta escrita quer revelar as nuances do cotidiano, do ordinário, comum, extraordinário, dia a dia, dia da vida. A crônica é o marcar do compasso no relógio, é o tempo correndo solto para fora da janela, é o tempo se esvaziando e se enchendo, é um registro, de mim, de você, de nós. Do início dos tempos, de todos os tempos.

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Chronus é o deus do tempo, que nos domina. Chronus é o que nos limita. Chronus é o que nos segue, nos persegue, nos mantêm vivos. Chronus é o que sempre almejamos, buscamos, sonhamos. Mais tempo, mais vida, mais possibilidades.

Mas o tempo não pode ser aprisionado em uma caixinha. O tempo corre livre. E nós corremos atrás dele.
O objetivo da crônica é ser breve como o tempo, livre como o pensamento, o colibri que esvoaça pela página em branco, a borboleta que esboça a vida.

Chronus é como a voz que sangra ao cantar, que sofre, que sonha. É tão breve, é tão pouco, é tudo.

Chronus nos engole com suas promessas de dias melhores... ou apenas a promessa de um caminho final, um destino, um desfecho... Chronus nos deixou sós, a espera do fim, de nós, de tudo, da vida, do mundo.

Chronus serão minhas linhas, compartilhadas com as linhas do mundo, com o que rege o espírito, a carcaça, os dias e a vida. É a vida, é Chronus, é tempo, é memória, é sentimento. Um pouco de tudo, um pouco de si, um pouco de nós.
Chronus não nos delimita, nos expande. Seremos seus servos nestas linhas escuras, nestas palavras turvas, nestes desejos irreparáveis. Seremos seus servos como a voz rouca da libertação.