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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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Joey Ramone negou turnê de US$ 1 milhão no Brasil por câncer, diz irmão

Mickey Leigh, irmão de Joey, vocalista dos Ramones, lança em novembro no Brasil o livro "Eu dormi com Joey Ramone" (Ed. Dublinense), sobre a convivência com o músico, morto em 2001. O livro descreve uma briga sobre turnê de despedida na América do Sul, oferecida aos Ramones no final de 1996. A banda queria que Joey, mesmo diagnosticado com câncer desde 1994, viajasse para os shows, que poderiam render cerca de US$ 1 milhão, diz o autor. O grupo já havia tocado no Brasil no início de 1996 e Joey se sentia cansado para retornar. Doente, o vocalista recusou. "Alguns integrantes nunca o perdoaram por isso", afirma Mickey ao G1.

"Eu dormi com Joey Ramone" não esconde brigas e pontos baixos de Joey Ramone - o título não tem sentido sexual, e sim de irmãos que dividiam quarto e compartilhavam problemas. Além da doença no final da vida, o livro de memórias expõe os distúrbios psicológicos que perturbaram o cantor desde a infância. Um forte transtorno obsessivo-compulsivo, e paranoia e esquizofrenia leves estão nos arquivos médicos revelados pelo irmão. Segundo Mickey, o livro está "em processo" para se transformar em um filme.

Mickey Leigh sabe do fanatismo dos brasileiros pelos Ramones - e do mercado consumidor potencial -, por isso está no país para o lançamento do livro. No dia 12 de novembro, passou por São Paulo. Nesta segunda-feira (18), vai dar autógrafos no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, a partir das 19h.

Veja abaixo trechos da conversa de G1 com Mickey Leigh, irmão de Joey e autor de "Eu dormi com Joey Ramone".

Ramones e América do Sul
"O maior mercado para a banda foi a Argentina, e depois o Brasil. Um dia, ele me ligou de Buenos Aires, e disse: “Ouve isso!”. Ele abriu a porta do hotel e ouvi gritos ensandecidos. Nos EUA, eles ainda tocavam em clubes. E na América do Sul, tocavam em estádios. Em Nova York, eles podiam andar na rua. Aí, era como em um filme dos Beatles. O Brasil deu energia ao bolso deles. Recarregou as contas bancárias (risos). Eles faziam dez vezes mais dinheiro na América do Sul do que nos EUA."
Briga por turnê de despedida

"No meio dos anos 90, meu irmão já estava diagnosticado com linfoma. A doença ainda estava branda, mas às vezes ele já não se sentia bem. Eles queriam fazer uma última grande turnê na América do Sul, onde a banda ganharia US$ 1 milhão. E meu irmão falou que foi um grande problema para ele. Porque eles queriam queriam que ele continuasse, e ele não sabia como agir.

Alguns dos caras nunca o perdoaram por isso. Porque isso foi menos dinheiro no bolso deles. O Johnny não gostou nada disso. Não sei quais seriam as despesas, mas foi pelo menos US$ 200 mil a menos na conta de cada um. Isso é muita coisa. Johnny sempre teve essa mentalidade trabalhar de qualquer forma. Ele não se importava. E não era um indivíduo muito sensível."

Transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia e paranoia
"Foi um grande dilema [abrir os arquivos médicos do irmão no livro]. Sei que é um material muito pessoal. Um dos principais motivos de escrever o livro foi contar a história de uma pessoa que sofreu, para mostrar os pontos baixos de onde esse cara se levantou para virar o que virou. Se eu não mostrasse os pontos baixos, não teria o mesmo impacto.

Além do TOC, muito forte, ele tinha também leve esquizofrenia e paranoia. Ele ficava ligando e desligando a TV. Pegando coisas no chão e jogando de novo. Indo ao banheiro e saindo. Eu vivia no mesmo quarto que ele. A luz ficava ligada e desligada, ligada e desligada… Quando o livro saiu, recebi uma carta de uma garota de 17 anos que teve os mesmos problemas psicológicos, e se sentiu inspirada. Foi uma carta belíssima e fez diferença para mim, pois fui criticado por divulgar os registros."
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