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Domingo, 08 de dezembro de 2024

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Negócio de família: cuiabana se apaixona por confeitaria através da filha e abre doceria com a irmã

Foto: Arquivo pessoal

Negócio de família: cuiabana se apaixona por confeitaria através da filha e abre doceria com a irmã
A paixão da filha pela confeitaria e a destreza que a jovem sempre demonstrou na cozinha, foram as principais influências para que a cuiabana Ariane Leite Conceição Formighieri, de 38 anos, começasse a cogitar empreender na área. Nas festas dos filhos, Ariane sempre ficou responsável por fazer os brigadeiros, enquanto a criatividade da irmã, Ariélle Esmeralda Leite Conceição, de 34, dava vida às decorações. 


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A Doceria Dois A’s começou a se tornar realidade na Páscoa do ano passado, ainda de forma despretensiosa, quando Ariane e a filha, Ana Luiza Formighieri, de 17, decidiram fazer ovos de colher para presentear as pessoas queridas. 

Ariane enviou as fotos da produção para uma prima, que perguntou se poderia compartilhar as imagens com a legenda: “encomende o seu comigo”. Ela conta que se surpreendeu quando, faltando dois dias para a Páscoa, receberam 120 encomendas. Foi assim que ela e a filha entraram noites adentro para entregar os primeiros pedidos da doceria. 

“Nos surpreendemos muito com o resultado, foi uma loucura. Foi uma correria, tem umas coisas que só minha filha faz, como a decoração com bico de confeiteiro, por exemplo, e as decorações mesmo”. 

Na época, Ariane ainda trabalhava no setor financeiro de uma empresa, onde permaneceu durante 12 anos até decidir se dedicar 100% aos doces. A mudança ainda é recente e ela ainda se emociona quando vê as decorações personalizadas, que são criadas pela irmã, ou o wind banner na frente da doceria. 

Há três meses, ela e Ariélle possuem um ponto para retirada dos brigadeiros, bombom de pote, copos da felicidade e tortas salgadas que são produzidos diariamente, ao lado do Bar do Jorge, no bairro Duque de Caxias, em Cuiabá. Elas também entregam os doces pelo IFood. 

“Fico olhando para tudo isso quando chego lá, o wind banner, os adesivinhos, nosso cantinho… Construímos tudo isso em três meses, nunca imaginei que estaria fazendo brigadeiro para vender". 

Ariane sempre fez os docinhos das festas da família, mas possibilidade de empreender foi apresentada pela filha, que ama confeitaria. (Foto: Arquivo Pessoal)

A segunda Páscoa da doceria

Neste ano, Ariane e a filha decidiram se arriscar na Páscoa pela segunda vez, mas agora com ajuda de Ariélle. A irmã brinca que não tem “mão para os doces”, como as duas. Por isso, além de criar a parte de papelaria da doceria, ela cuida das questões administrativas e logísticas da empresa. 

“Nos surpreendemos com o resultado da Páscoa de novo e decidi encarar para ver o que vai dar nesse ano. Participamos da nossa primeira feira, não tivemos um super lucro, sabe? Mas foi incrível participar, ver várias pessoas conhecendo nosso trabalho. Vimos que muitas entraram em contato depois”. 

Ariélle explica que o início de qualquer negócio é uma questão de persistência, já que em alguns dias pode ser que não chegue nenhum pedido, enquanto outros serão turbulentos de tanto trabalho. 

“Sempre durante a semana estamos tendo pedidos de aniversário. Temos que ser persistentes. Agora que estamos no IFood, decidimos colocar produtos que chamem mais a atenção das pessoas, como o copo da felicidade”. 

Equilibrar a balança da relação entre os gastos e o lucro foi um dos primeiros desafios das irmãs. Quando entraram no IFood, elas perceberam que o copo da felicidade grande, por exemplo, não tinha saída por conta do valor de R$ 15. Ariane conta que precisou pensar em formas de diminuir o preço sem perder a qualidade. 

“A qualidade é muito importante, é o que faz a diferença. Falei para minha irmã para diminuirmos o pote e colocarmos um preço mais acessível, porque não daria para começar vendendo por R$ 15 como as grandes confeitarias. Estamos começando agora, as pessoas ainda precisam nos conhecer, porque ainda vendemos mais para o pessoal do bairro mesmo”. 

Por conta dos valores, os doces feitos com chocolate belga são produzidos apenas sob encomenda, já que o produto possui valor mais caro. Mas, Ariane explica que usa chocolate nobre para fazer os pedidos, o que garante a cremosidade e maciez do brigadeiro. 

Além dos brigadeiros, elas acrescentaram pão de mel, coxinha de morango com chocolate e torta salgada ao cardápio. (Foto: Arquivo pessoal)

Empresa familiar 

O ponto onde a doceria funciona atualmente fica ao lado do bar do pai de Ariane e Ariélle, que acabou de se tornar mãe. Por isso, é comum que os filhos das irmãs, os maridos e os pais estejam no local para dar apoio na correria da produção. 

“Vão revezando para cuidar do bebê [filho da irmã], se eu precisar meu marido vai lá e ajuda também. Na feira ele ajudou a organizar o espaço. Estamos entre família mesmo e isso é muito bom”. 

Apesar de terem crescido assistindo o pai empreender no Bar do Jorge, as irmãs nunca cogitaram ter o próprio negócio. A chegada da doceria fez brilhar os olhos do patriarca, que sempre tem uma palavra de apoio ou um conselho para que as filhas não desistam de persistir.

“Meu pai fala que levou 40 anos para fazer o nome dele, é uma vida inteira. Ele fala para sermos persistentes, porque no começo também foi difícil para ele, mas ele fica muito orgulhoso, sempre quer ajudar, se tem algo para fazer ele se oferece. Tem sido muito bom”. 

As irmãs contam que os doces têm feito a alegria dos frequentadores do Bar do Jorge, que aproveitam a possibilidade de degustar os brigadeiros entre uma cerveja e um espetinho. A sala ao lado do estabelecimento que estava inativa, surgiu com uma grande possibilidade para elas. 

Doces surgiram como possibilidade das irmãs investirem juntas e terem mais tempo para as famílias. (Foto: Arquivo pessoal)

Aos poucos, as irmãs fazem os primeiros investimentos da doceria, seja com uma impressora para facilitar a impressão dos itens de identidade visual ou com a recente aquisição de uma panela mexedora. Por conta do volume de pedidos de brigadeiro, Ariane percebeu que a missão de preparar e enrolar um por um seria mais difícil do que ela imaginava. 

“Tenho uma encomenda de 600 brigadeiros para fazer, isso dá mais ou menos 20 massas. Com essa panela, consigo fazer quatro de uma vez e ela fica mexendo sozinha. Não é viável fazer de outra forma. Ainda não temos grandes lucros para investir, mas aos poucos estamos profissionalizando". 

Desde que foi arrebatada pelo mundo da confeitaria, graças a filha, Ariane conta que começou a olhar para a profissão com outros olhos. Como Ana Luiza está prestes a entrar na faculdade, a mãe tinha receio de que ela escolhesse o caminho da gastronomia. A empreitada na doceria mudou a visão da cuiabana. 

“Na minha cabeça, queria que ela fosse advogada ou médica, são expectativas de mãe. Só que agora vejo o amor dela pelos doces e como isso me conquistou também. Hoje temos as habilidades com o doce e tal, mas não tem ninguém assim que é formado nessa área. Já vejo que precisaremos disso”.

 
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