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Terça-feira, 12 de novembro de 2024

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Em Cuiabá, homens descobrem liberdade no pole e desconstroem estigma de ‘prática feminina’

Foto: Reprodução

Em Cuiabá, homens descobrem liberdade no pole e desconstroem estigma de ‘prática feminina’
O analista de TI Bruno Augusto Alves, de 33 anos, fez parte da primeira turma de pole masculino em um estúdio de Cuiabá há seis anos e, por muito tempo, foi o único homem a praticar as aulas do esporte. Com o jornalista Marcos Salesse, de 23, não foi diferente quando ele decidiu se matricular para aprender mais sobre os movimentos que unem força, flexibilidade e acrobacias. 


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A atividade física carrega o estigma de ser uma prática feminina, mas aos poucos homens começam a se arriscar no universo do pole. Marcos explica que mesmo tendo consciência de que separações de gênero não deveriam existir, precisou passar por um processo de desconstrução interna para começar as aulas no estúdio Mátria, em Cuiabá, onde também treina lira. 

“A principal dificuldade foi superar o medo de não conseguir por conta de alguma limitação do corpo e também uma certa autocensura por ser uma prática ‘considerada feminina’. Foi fazendo pole que eu percebi como essa pressão do gênero me distanciava de algo que hoje me faz tão bem e me completa”. 

Para Marcos, a ausência de homens nas aulas de pole é consequência da ligação entre o esporte e o gênero feminino. O jornalista conta que sempre teve “um pé no mundo das artes” e se interessou naturalmente pelos giros na barra quando começou a pesquisar mais vídeos sobre o tema na internet. 

“Quando os homens deixarem de lado essa pressão do gênero e descobrirem que o pole permite uma consciência corporal, força, equilíbrio, flexibilidade e qualidade de vida, talvez essa realidade mude. E espero que mude”. 

Bruno também acredita que a desmistificação do pole é algo que precisa acontecer urgentemente. No entanto, ele afirma que a dificuldade da própria aceitação em praticar o esporte, no sentido de não dar atenção para o julgamento alheio, impede os homens de começarem a treinar. 

“São bem poucos, alguns começaram e pararam. Poucos persistiram e ainda praticam. Acredito que um dos fatores é a necessidade de uma maior divulgação ou até mesmo desmistificação do que é o esporte, como é feito, quais os benefícios, que pode e deve ser praticado por qualquer pessoa”. 


Marcos é um dos poucos alunos homens no estúdio onde faz pole em Cuiabá. (Foto: Arquivo Pessoal)

A sensação de quando praticaram pole pela primeira vez é descrita pelos dois com a mesma palavra: realização. Marcos ressalta que os treinos vão além dos movimentos e coreografias. Para ele, o pole se tornou uma possibilidade de manter o corpo ativo e se conectar com seu lado artístico. 

“Vejo o pole como um esporte muito inclusivo, justamente por ser muito adaptável. Por vezes me vi diante de movimentos que eram muito complexos para o meu corpo, mas sempre existia uma forma de adaptar e ainda sim me sentia completo fazendo. Então acredito verdadeiramente que é uma prática que todos podem se aventurar”. 

Bruno conta que nunca ouviu comentários preconceituosos por ser um homem que pratica pole, pelo contrário, amigos e colegas de trabalho costumam parabenizá-lo pelos avanços no esporte. O analista de TI ressalta que a liberdade de expressão é uma de suas partes preferidas e que o fazem continuar praticando os movimentos na barra. 

“Indico inclusive para que tenha essa experiência em sua vida, no início obviamente vem as dores, mas que esporte que não provoca uma dorzinha no início da sua prática não é? Depois que pega o costume e hábito, quando menos esperar já vai estar até apresentando em um palco”. 

O preconceito alcançou Marcos em tom de deboche, por pessoas que olham para o pole como uma prática feminina. O jornalista conta que não se deixou afetar por saber que os ganhos de praticar uma atividade física são infinitamente maiores que comentários de ódio. 

“Aquela sensação incrível de superação e de vontade de continuar tentando. Também gosto de citar sempre a relação da prática com a autoestima. No decorrer das aulas percebi que passei a entender melhor o meu corpo, meus limites e tudo que existe de potente nele, é sem dúvidas um ganho que me encheu os olhos”.
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