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Terça-feira, 15 de outubro de 2024

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Priorizando qualidade de vida dos animais, veterinária aplica paliativismo em clínica de Cuiabá

Foto: Reprodução

Priorizando qualidade de vida dos animais, veterinária aplica paliativismo em clínica de Cuiabá
Nos atendimentos que faz no consultório da CMI - Veterinária Integrativa, no bairro Jardim Cuiabá, em Cuiabá, a veterinária Julie Christie, de 38 anos, prioriza decisões que vão garantir qualidade de vida para o animal. Julie, que é apaixonada por animais, abriu a clínica há dois anos, movida pelo sonho de oferecer um espaço de acolhimento para os bichos e também para os tutores. Atualmente, a maioria dos pacientes da veterinária são animais idosos que são tratados com técnicas paliativistas. 


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“Muitas vezes a causa do problema não pode ser tratada, mas podemos dar qualidade de vida para que esse paciente viva bem até o último dia de vida dele. Trabalho com essa filosofia. Se o animal está doente, coloco na balança qual é o equilíbrio, qual conduta vou seguir e explico todas as possibilidades do que podemos fazer para o tutor. Juntos vamos guiar essas decisões. Sempre prezando a qualidade de vida desse animal”.

Julie é especializada em acupuntura veterinária pelo Instituto Bioethicus, além de ter formação em quiropraxia nacional e internacional pela Healing Vet, nutrologia veterinária, fitoterapia chinesa e ozonioterapia, medicina canábica e credenciada para terapia de células tronco.

Ela ressalta que a medicina integrativa busca ir além do diagnóstico e da cura para uma doença. A especialidade surgiu por acaso na vida de Julie, quando ouviu de um chefe que era muito inteligente para ficar presa à carreira comercial. A veterinária conta que ele deu um ultimato: “quero que vá para sua mesa e pesquise algo”. 

“Foi quando achei um curso de acupuntura em equinos, avisei ele, que me liberou e perguntou se eu precisava de dinheiro. Fui para São Paulo, fiz esse curso de final de semana e voltei apaixonada. Depois comecei a pesquisar sobre a melhor escola de acupuntura no Brasil, que fica em Botucatu (SP), contei para ele que começaria no próximo ano, porque a turma já tinha começado e eu não estava preparada financeiramente. Em agosto de 2016 eu comecei a especialização na melhor escola”. 

Até então, Julie trabalhava apenas com equinos, mas decidiu se especializar para atender outras espécies de animais. A acupuntura foi uma ligação entre as outras áreas da medicina integrativa, como a fitoterapia, ozonioterapia, quiropraxia e terapia canábica. Quando viajou para São Paulo para se especializar em acupuntura, a veterinária deu a si mesma o prazo de dois anos para voltar para Cuiabá e começar os atendimentos. 

“Fiquei dois anos fora ralando, longe da minha família, quando vinha para Cuiabá atendia alguns pacientes, sempre cavalos e cães. Quando voltei em dezembro de 2018 para atender, comecei a domicílio em clínicas. Sempre tive o sonho de montar meu lugar, mas com o tempo isso passou. Veio a covid-19 que foi a época que mais trabalhei e decidi que em 2021 montaria meu negócio”. 

Paliativismo veterinário 

A veterinária explica que muitas vezes optar por uma quimioterapia em um animal que já está debilitado vai apenas encurtar a vida e prolongar o sofrimento. Por conta disso, ela precisa avaliar os exames e entender a situação de cada animal. Atualmente, Julie fica responsável pelos atendimentos de cães no consultório, que conta com uma fisioterapeuta especializada em felinos. 

“Tenho pacientes que receberam prazo de três meses de vida e falaram para parar com a ozonioterapia, que fazemos para controle renal. A tutora disse que não iria mais em nenhum nefrologista e agora eu cuido, já passaram os três meses da expectativa de vida. Quando precisa fazer algum procedimento, eu não minto, digo que não temos outra saída. Mas em outros casos, sento com o tutor e explico a situação. Sempre digo que menos é mais: preciso dar suporte para o corpo reagir, não posso agredir ele sem suporte”. 

Para ela, muitas vezes a medicina veterinária aplica procedimentos sem sequer avaliar se o animal vai conseguir passar por eles. Julie é tutora de seis animais que foram eternizados com uma tatuagem no corpo dela. Todos foram resgatados e precisam passar por algum tipo de tratamento. 

“A ‘Luz’ tem convulsão, uso canabidiol para diminuir o gardenal e tirar a inflamação do corpo, porque é um remédio que atinge bastante o fígado. O ‘Pipi’ também toma. Funciona, mas tem que saber trabalhar, prefiro manter o gardenal e o canabidiol, do que deixar só o medicamento, que vai atingir o fígado. Tudo é da área da Medicina Integrativa, que se une ao paliativismo. Não significa tirar as medicações, mas adicionar terapias que são comprovadas há séculos e que vão ajudar no controle”. 

Com olhar sensível do início ao fim da consulta, que pode durar até duas horas, já que Julie precisa de tempo para entender a situação dos animais e dos tutores que a procuram, a veterinária pretende criar um centro de internação com espaço para que os responsáveis possam acompanhar os pets. Todos os passos que dá são para oferecer a melhor vida possível para os animais. 

“Sempre tive uma busca constante em procurar algo que não seja agressivo para os bichos, quero vê-los bem. Às vezes colocamos eles na grama, alguns pacientes gostam muito da grama e outros gostam de ficar lá embaixo. Tenho uma funcionária para cuidar da alimentação, do passeio e dar carinho para os cachorros. Quando o tutor chega aqui e começamos o atendimento, digo que viramos uma família”. 

Alimentação natural 

Nutróloga por formação, Julie explica que a alimentação é outro ponto observado com atenção durante os atendimentos no consultório. Ela conta que, no cenário ideal, os bichos deveriam ser alimentados da forma mais natural possível. No entanto, cada situação precisa ser levada em consideração. 

“Se pudesse escolher, todos comeriam alimentação natural. Acontecia muito no consultório da pessoa vir, pegar a dieta e não voltar mais. A alimentação natural não é escolher arroz, feijão e colocar para o animal. Precisa ser balanceada, junto com isso tem a suplementação e os óleos a serem colocados. A gordura precisa ser colocada no momento que vamos dar a comida para o cão. Então, se for para comer errado, prefiro que coma uma boa ração”. 

Ela explica que muitos tutores não têm o tempo necessário para produzir a alimentação natural para os animais, mas não é uma barreira para o tratamento. De acordo com ela, o processo da alimentação natural não envolve apenas colocar carboidrato e proteína para os animais, já que vão faltar outras vitaminas e gorduras necessárias para a saúde. 

“Se o tutor não tem tempo de fazer, vamos dar uma boa ração, suplementar e cuidar do animal da mesma forma. Como também podemos complementar, fazer uma ração com o alimento. Não é colocar a ração e colocar a comida por conta própria, porque vai desbalancear. Hoje temos boas rações. É industrializado, mas entre o animal comer errado é melhor comer uma boa ração”.
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