Intitulado como filme de terror, “Freaks”, de 1932, expôs na grande tela um defeito que o ser humano ainda faz questão de preservar: o preconceito. O enredo é simples e até batido. São muitos os filmes que narram a história de uma mulher ambiciosa que se casa apenas por dinheiro e, como não bastasse tanta canalhice, tenta contra a vida do marido.

Mas, o que faz de “Freaks” um filme diferente é o elenco muito especial estrelado por anões, gêmeos siameses, hermafroditas e pessoas portadores de sérias deformidades genéticas. À época, o impacto com o público foi grande e a película banida. “Freaks” viu novamente a luz do sol três décadas depois e saltou de filme sombrio para Cult.

A história tem como cenário um circo. Cleópatra, uma sensual trapezista, descobre o anão Hans é milionário e não mede esforços para destruir seu noivado com Frieda, também anã. Desconfiada dos interesses da trapezistas, Frieda faz de tudo para alertar, agora, seu ex-noivo que mal lhe dá atenção.

Entre os personagens que merecem destaque estão: Josephine Joseph, que é metade mulher metade homem; Prince Randian, um homem que não possui os quatro membros; e as “Cabeças de Alfinete” Elvira Snow e Jenny Lee Snow. As duas últimas inspiraram a personagem Pepper da série contemporânea American Horror Story.

Na verdade, o que choca em “Freaks” não é a deformidade de cada ator, e sim, a ganância dos seres ditos normais perante à sociedade. Em inglês, a palavra “freaks” significa “aberração”, vocábulo que se transforma em questionamento: a verdadeira aberração são os deficientes ou o homem “sadio” que, muitas vezes, recorrem ao sadismo?

Essa é uma questão que “Freaks” responde muito bem.