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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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O heavy metal e a globalização marginal

O dia 13 de julho é  especialíssimo para os amantes da música pesada! O dia mundial do rock é comemorado, nesta data, desde 1985, quando o memorável concerto de rock Live Aid juntou Led Zeppelin, Black Sabbath, The Who, Dire Straits, Scorpions, entre outras bandas, tidas como "sacras" pelos roqueiros, em prol do continente africano. O documentário Global Metal (2008) é um filme totalmente oportuno e definitivo quanto à importância do gênero heavy metal, e por conseguinte, da comemoração desta data em escala global.

Os canadenses Sam Dunn e Scot McFadyen compõe o documentário trazendo um minuciosos e riquíssimo trabalho de pesquisa, que pretende apresentar como os elementos motivadores para a criação e execução da música estão presentes nos mais variados, e até mesmo pouco prováveis, lugares do globo e distantes dos convencionais centros do eixo EUA-Europa.

A viajem passa pelo Brasil (com entrevista de Max Cavalera, Rafael Bitencourt e Carlos “Vândalo” Lopes), Índia, Japão, China, e também Indonésia, Israel e Irã, considerando todas as peculiaridades culturais que influenciam as bandas locais que aderem sem receios ao metal criado na Inglaterra.

As entrevistas parecem atender a curiosidades secundárias, revelando quase sempre como jovens tiveram contato com o gênero e que fatores os levaram à identificação. Esses elementos motivadores estão ligados à subversão, seja moral, política ou religiosa, como a banda na Indonésia, antissemita, que usa a suástica da SS para pregar contra o imperialismo sionista, ou a banda israelense que diz não fantasiar as desgraças para escrever as canções, pois estas já estão presentes no cotidiano de seu país.

Outra semelhança entre todos estes headbangers (os inveterados fãs de heavy metal) é a marginalidade em que estão inseridos. Seja na China, onde CDs entravam de forma clandestina, ou na Índia, onde o pop oriundo de Bollywood domina o mainstream. Todavia, estes jovens pouco se importam em perambular sarjetas culturais. Fomentam sua cena de forma criativa e independente, alcançando países onde, talvez, nem a contracultura tocou nos idos dos anos 60 e 70.

O mérito de Sam Dunn deve-se também pela sua incomum formação enquanto cineasta, já que é antropólogo e baixista de uma bada de metal. Dentre outros trabalhos interessantes, vale destacar a série para TV Metal Evolution, onde Sam aborda a gênese do estilo e suas variadas subdivisões. Fica difícil pensar em outro nome que enquadre grupos globais marginais na tela do cinema com tanta propriedade.

Global Metal é obrigatório para os fãs de heavy metal e fundamental para os que, por curiosidade, buscam entender algo sobre o movimento cultural dos estridentes corpos que perambulam com roupas pretas e de couro. Seres que cerram os punhos, socam o ar, balançam as cabeças de longos cabelos em movimentos rígidos e circulares. Seres vibrantes que saltam dos palcos sobre o vazio, pouco importando-se se haverá, ou não, uma multidão que não os deixe cair no chão. E eles nunca caem! Viva o Rock and Roll. Viva o Heavy Metal.

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