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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Roberto Carlos anuncia saída do Procure Saber; leia comunicado

Roberto Carlos saiu do Procure Saber, grupo formado por artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque que defende a ncessidade de autorização prévia para publicação de biografias. Na noite desta terça-feira (5), o empresário do cantor, Dody Sirena, enviou um e-mail a outros integrantes do Procure Saber para anunciar o seu desligamento da associação.

"Caminhamos bastante, divergimos algumas vezes, mas acredito que podemos nos ver como uma seleção de futebol onde os grandes craques se reúnem para defender o país e depois voltam para os seus times", diz um trecho da mensagem (leia íntegra abaixo).

Em seguida, afirma: "Concluímos que neste momento é importante continuar o trabalho que iniciamos há muitos anos sobre biografias, independente de estarmos em uma associação ou grupo. Portanto, a partir de agora, fiquem à vontade com o andamento do Procure Saber sem a presenca direta do Roberto".
Os artistas do Procure Saber se baseiam nos artigos 20 e 21 do Código Civil Brasileiro, de 2002. O artigo 20 determina que o uso da imagem de uma pessoa pode ser proibido ou gerar a "indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais". Já o artigo 21 dispõe que "a vida privada da pessoa natural é inviolável".

O grupo é coordenado por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano Veloso. Para o autor do projeto que libera biografias, o artigo 20 do Código Civil viola a Constituição ao estabelecer a "censura prévia".

Menos 'radical'
O anúncio da saída Roberto Carlos foi feito dois dias após Caetano Veloso abordar o tema das biografias em sua coluna no jornal "O Globo" (clique aqui para ler). No artigo deste domingo (3), ele escreve: "E RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei".
A "mudança de tom" a que ele se refere diz respeito a um vídeo divulgado no dia 29 de outubro no perfil do Procure Saber no Facebook. Nele, Roberto Carlos, Gilberto Gil e Erasmo Carlos assumem uma postura diferente da que vinha sendo defendida anteriormente em relação à publicação de biografias.

Os cantores continuam defendendo direito a privacidade e intimidade, mas adotam um discurso novo quando abordam a questão das autorizações prévias. Chegam a admitir que já tiveram uma posição mais "radical". "Não negamos que esta vontade de evitar a exposição da intimidade, da nossa dor, ou da dor dos que nos são caros, em dado momento nos tenha levado a assumir uma posição mais radical", fala Roberto.
"Confiamos que o poder judiciário há de encontrar uma maneira de conciliar o direito constitucional à privacidade com o direito também fundamental de informação”, prossegue. "Não queremos calar ninguém, mas queremos que nos ouçam."
Em entrevista ao "Fantástico" no dia 27 de outubro, Roberto Carlos já se dizia a favor da publicação de biografias sem autorização prévia, mas com “conversas e ajustes” entre autores e biografados ou seus representantes.
Em 2007, o cantor moveu uma ação contra o jornalista e historiador Paulo César de Araújo, autor de "Roberto Carlos em detalhes", e conseguiu que o livro fosse recolhido das lojas e tivesse sua venda proibida.
No artigo deste domingo, Caetano diz: "É incrível que se queira dar agora a impressão de que os artistas reunidos na associação Procure Saber tenham mudado de posição quanto à questão das biografias".
Leia, abaixo, a íntegra do e-mail enviado por Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos:
"Caros amigos do Procure Saber,

Este ano ainda não encerrou e vejo quantos movimentos interessantes aconteceram para os artistas brasileiros. Demos um grande passo com o Ecad e trouxemos à tona o tema biografias/privacidade. Falamos sobre direitos e, como administradores/empresários dos maiores nomes da música brasileira, sabemos que no futuro tudo isso será uma grande referência de um movimento coletivo, como outros que estes ícones já participaram. Interessante lembrar que a tropicália e as guitarras andaram em calçadas diferentes, que a imprensa anunciava que a MPB não gostava da Jovem Guarda, e com o tempo todos se uniram no mesmo pensamento.
Caminhamos bastante, divergimos algumas vezes, mas acredito que podemos nos ver como uma seleção de futebol onde os grandes craques se reúnem para defender o país e depois voltam para os seus times. Roberto conversou muito comigo em função dos últimos acontecimentos. Não é bem assim o nosso jeito de trabalhar, somos mais discretos, afinal defendemos também a privacidade no sentido profissional.

Concluímos que neste momento é importante continuar o trabalho que iniciamos há muitos anos sobre biografias, independente de estarmos em uma associação ou grupo. Portanto, a partir de agora, fiquem à vontade com o andamento do Procure Saber sem a presenca direta do Roberto. O comitê criado na última reunião na Urca para atender as biografias continuará atuando de forma intensa apenas em nome do Roberto, já que Dr Marco Antonio Campos, Dr Antonio Carlos Almeida/Kakay, Dra Fernanda Gutheil e Dra Ana Paula Barcelos, são profissionais de sua equipe.

Gostaria de sugerir que o Procure Saber nomeie representantes para falar em nome do grupo quanto a liberação das biografias e em defesa da privacidade, principalmente no Congresso Nacional, em razão do pronunciamento coletivo e do comunicado oficial. Sempre que outros assuntos surgirem com tema coletivo, se Roberto entender que a pauta vai ao encontro aos seus pensamentos, considerem sua adesão. Como exemplo, a pronta e efetiva participacao dele no caso do autoral/Ecad e nos futuros desdobramentos com órgão regulador, como já discutimos em outras ocasiões, bem como as questões trabalhistas e a plataforma digital.

Foi muito importante termos participado deste grupo e desejamos boa sorte para os próximos passos.
Com respeito e admiração por cada um de vocês,

Dody Sirena".
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