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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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CPM 22 faz 'Acústico' com 'essência' de hits; ex-membro aposta no metal

O CPM 22 troca guitarras por violões no recém-lançado "Acústico", primeiro disco desplugado da banda desde a estreia em CD, há 13 anos. O grupo investe em arranjos suaves que "revelam a essência" das músicas, como define o vocalista Badauí...

O CPM 22 troca guitarras por violões no recém-lançado "Acústico", primeiro disco desplugado da banda desde a estreia em CD, há 13 anos. O grupo investe em arranjos suaves que "revelam a essência" das músicas, como define o vocalista Badauí ao G1. Enquanto a banda de hardcore melódico segue do barulho ao som limpo, Wally, ex-membro e fundador da banda, vira o botão de distorção para o lado oposto. Ele trabalha no segundo disco da banda de thrash metal Astafix, e promete lançamento para 2014. O Astafix foi formado por Wally após sair do CPM 22, em 2008.

Os caminhos contrários foram seguidos pelos antigos companheiros não só em termos de distorção e peso. Uma disputa jurídica pelo nome do grupo foi comentada por Wally ao G1. O guitarrista era dono do registro do nome do CPM 22. Após um processo judicial aberto em 2008, foi firmado um acordo. Wally diz que a banda pagou a ele pela transferência do direito do nome em 2009, mas não divulga o valor. No período, Badauí tentou registrar o nome CPM 99.
Onde está o Wally?

G1 traça busca pelo ex-guitarrista do CPM 22
Antes da saída do CPM 22, era fácil apontar Wally na multidão. Ele era o guitarrista de dread em cima do palco de grandes shows e festivais. Cinco anos depois, o músico está mais distante dos holofotes.

Depois de vários e-mails e ligações não respondidas pelo Astafix, a reportagem conseguiu achar o guitarrista da banda, Paulo Schroeber. Ele disse que está com um problema grave no coração e não tocou nos últimos shows do grupo. Mas ele volta para o disco de 2014. Paulo ajudou a reportagem a falar com Wally.

O ex-CPM está em São Paulo, compondo as músicas para o próximo trabalho do Astafix. No final de 2012, ele também foi visto em pequenos shows em Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Alemanha e Rússia, em uma turnê europeia. 'O underground europeu nos recebeu muito bem', disse Wally.
CPM 99
Um pedido de registro em nome de Fernando Estefano Badauí no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) indica que a banda poderia buscar uma alternativa caso o acordo com Wally não fosse firmado. Badauí entrou com o pedido de registro do nome "CPM 99" em dezembro de 2008. O pedido está atualmente sobrestado (suspenso) no site do INPI.
Em paralelo, no processo judicial aberto em 2008, a banda alegava que "apesar de a marca CPM 22 pertencer a todos os integrantes do grupo, foi registrada no nome" de Wally. Ele "afirmava categoricamente que a marca é de sua titularidade". Poucos dias antes da sentença que decidiria a questão, em 2009, segundo Wally, o grupo o procurou para fazer um acordo de transferência do nome mediante pagamento.
O processo judicial foi arquivado em junho de 2013, quatro anos após o acordo de transferência da propriedade do nome, que resolveu a questão. Terminada a disputa, o guitarrista demonstra, ao mesmo tempo, ressentimento e amor em relação aos ex-colegas.
"Começou a entrar um pouco de dinheiro, um pouco de fama, os caras viraram outras pessoas. Dois, três anos tocando com os caras eu já não conhecia mais ninguém. Nem sabia quem eram mais aquelas pessoas. Neguinho às vezes se deslumbra com as coisas, e eu nunca fui desse jeito. Tenho um puta respeito pela banda, pelos fãs. Eu não sinto nada além de amor pelos caras. Fui eu quem comecei toda a história, muito longa. Estive na banda pelo menos cinco, seis anos antes da formação que assinou. Mas tenho que ser sincero, falar as coisas como são", diz Wally.
Após a entrevista com o Wally, o G1 voltou a procurar os atuais músicos do CPM 22 para comentar sobre a disputa pelo nome, a tentativa de registro de "CPM 99" e os comentários do ex-integrante. A resposta, assinada por Fernando Badauí, Luciano Garcia e Ricardo Japinha, foi: "Assuntos internos só dizem respeito à banda. Desejamos sorte a todos os ex-integrantes do CPM 22". Durante o processo de 2008, um pedido de sigilo de justiça foi feito e negado.

'Acústico' com Dinho
O "Acústico" do CPM 22 tem participação de Dinho Ouro Preto na regravação do hit "Um minuto para o fim do mundo". Badauí chegou a cogitar a participação de dois outros ex-membros do grupo, Fernando e Portoga no disco, mas o encontro acabou não acontecendo. O lançamento marca o retorno do grupo a uma grande gravadora, a Universal, após o independente "Depois de um longo inverno", de 2011. O primeiro single, a inédita "Perdas", já tem boa execução em rádios.

"A gente trabalhou muito os vocais, os 'backing vocals' também. É legal ver como uma música mais rápida funciona nesse formato. Isso mostra a essência de cada música. É muito legal, é um desafio gostoso. Além do mais, a maioria das bandas que ouvimos de punk rock tem vídeos e outros momentos em que tocam no violão. As músicas soam bem por causa da melodia", diz Badauí.

Questionado se o formato de acústico é uma forma de sobreviver no atual mercado desfavorável ao rock, e se a banda tem preocupação comercial, Badauí responde: "A gente se preocupa sim [com a questão comercial]. Mas se não quisesse fazer [o acústico], não faria. Reuniu as duas coisas: a vontade da gravadora, a atual fase do mercado do rock e também a vontade da banda. A gente é profissional, troca ideia com todo mundo, os nossos empresários, às pessoas à nossa volta. Era um momento legal, então decidimos fazer".

Dois pesos, duas medidas
Enquanto o CPM 22 comemora a divulgação do disco mais leve pela grande gravadora, o ex-membro que faz um rock mais pesado tem espaço reduzido no mercado. "A gente sabe que o mercado para música pesada no Brasil é ruim. Apesar de ter público. É uma coisa que a gente não entende. Vemos bandas tentando, e o espaço é mínimo para esse tipo de som", lamenta Wally.

"Mas é o som que eu gosto de fazer. É algo em que acredito. Eu estava buscando um sentido para mim. Não ficava satisfeito com o resultado das composições [no CPM 22]. Eu decidi fazer a minha verdade, independente de ter espaço ou não no Brasil", reflete o guitarrista. Sobre o novo disco da banda, ele diz: "Não cheguei a ouvir o 'Acústico'. Nem sei de nada que está acontecendo. Não acompanho a banda mais. Tem muitas coisas que me interessam na música, mas não isso."
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