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Domingo, 28 de abril de 2024

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Chácara com cachoeira comprada por preço de ‘caixa de cerveja’ em 83 vira refúgio cuiabano

Foto: Olhar Direto

Chácara com cachoeira comprada por preço de ‘caixa de cerveja’ em 83 vira refúgio cuiabano
O representante comercial Paulo Roberto da Silva Rondon, de 61 anos, ainda se lembra dos 7 km que atravessou por água para chegar até a chácara que comprou perto da Salgadeira, na MT-251, que dá acesso à Chapada dos Guimarães (a 64 km de Cuiabá), em 1983. Quando viu a cachoeira que existe na propriedade, que é cortada pelo rio Paciência, Paulo não pensou duas vezes. Ele brinca que, na época, pagou preço de “duas caixas de cerveja”. 

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“Sabe aquele lugar que você chega e diz: ‘Meu Deus, é aqui’. Lembro que quando cheguei, corri e mergulhei na cachoeira. Perguntei para esse amigo se lá tinha dono, ele falou que não e eu já falei: ‘Então é meu’. Foi desse jeito, nem olhei o que tinha na parte de cima, porque vim por dentro da água. Parece que estava escrito em algum lugar que era para eu ficar ali”. 

Antes, o local era conhecido apenas como “chácara do tio Paulo”, já que era frequentado apenas pela família do representante comercial. A propriedade fez parte das memórias dos familiares, que se lembram com carinho do que viveram em meio a natureza. Há seis anos, Paulo decidiu abrir as portas para alguns clientes, que foram chamando outros e espalhando a notícia do refúgio de paz. 

“Meus filhos e minhas sobrinhas, que hoje estão todas casadas e com filhos, sempre dizem que a melhor fase da infância delas foi na chácara. Lá vivia cheio até o dia que resolvi realmente pensar nesse retorno financeiro. No começo não tinha ambição financeira com o espaço, só recebia os amigos e familiares mesmo, nós acampamos muito ali aos finais de semana”. 

Com a transformação de ponto de encontro da família para área de lazer, Paulo nomeou a chácara como “Estância Vale da Luz”. Ele explica que certo dia estava sozinho contemplando a cachoeira da propriedade e pensou no nome. Para ele, o local possui uma energia boa que é impossível quem frequenta não sentir. 

“Pensa em uma energia boa… Eu estou espírita nessa vida. Não sei porque, olhando sozinho para a cachoeira e me veio esse nome na cabeça. Tem clientes que chegam lá, tiram o sapato e pisam no chão, dizem que sentem essa energia de paz. Só indo mesmo para saber. É um nome que combina muito com o ambiente”. 
 

Guardião da natureza 

Paulo não gosta de se referir como proprietário do espaço, já que não acredita que o ser humano pode se apropriar da natureza dessa forma. Por isso, ele se define como um “guardião” da Estância Vale da Luz e reforça que está ali apenas para cuidar do ambiente. 

“Todos que perguntam digo isso, porque a natureza foi Deus que nos deu e temos que admirar. Esses dias uma pessoa falou que iria trazer rede para pescar, mas eu não permito. O Brasil é tão rico de paisagens maravilhosas e praias estonteantes, estamos aqui para preservar”. 

O representante comercial é contra cortar as árvores do local, por exemplo, e procura manter a natureza intocável. Para ele, é imprescindível conviver de forma respeitosa com a natureza, algo que também busca sempre ensinar aos clientes que frequentam a estância. 

“É uma responsabilidade muito grande, porque além do prazer maravilhoso de ir para lá, não gosto de cortar árvores, é um ambiente intocável. É uma floresta imensa, vemos macacos, tucanos, araras… Final da tarde deito na rede, fico vendo os animais. Fico feliz de saber que a natureza está renascendo e que estamos tendo um contato respeitoso. Falo muito para os clientes que estamos em meio da natureza, ter atenção com onde está pisando, isso é respeito com o lugar também”. 
 

Paulo explica que o ambiente que construiu não possui grandes luxos, mas é adaptado para receber bem os turistas, com churrasqueira, toldo e iluminação na área da cachoeira, que permite acampar com segurança no local. Para ele, a principal atração deve ser a natureza. 

“Sempre busco ter uma referência dos clientes que vão lá, costumo alugar dessa forma. Não é para separar ou por poder aquisitivo, o cara pode chegar em um fusquinha ou em uma Mercedes que vai ser atendido do mesmo jeito. Mas busco tomar muito cuidado com o ambiente, priorizar pessoas que respeitam a natureza”.

Ele lembra de uma das vezes em que um grupo de clientes deixou comida espalhada na área da cachoeira. Paulo conta que se entristeceu com a situação, já que busca zelar pelo rio que corta a estância. Ele explica que a água do local é alcalina e é avaliada em laboratório com frequência. 

“Sempre peço para não jogarem comida no rio, não alimentarem os peixes, porque se todos fizerem isso, a água vai ficar poluída. Tenho tambores para que o lixo seja dispensado corretamente, sempre reforço isso, temos que cuidar”. 
 

Ponto de encontro de amigos e famílias

Agora, Paulo abre as portas da chácara para outras pessoas terem a mesma sensação de quando sua família e amigos dividiram momentos felizes no local. Há possibilidade de pernoitar na estância, o representante comercial explica que o apartamento é simples, mas possui conforto como ar condicionado e chuveiro com água quente. 

“O apartamento que tenho lá não está totalmente pronto, mas é alugado direto. Mostro para as pessoas como está, porque ainda falta terminar o piso, mas tem ar condicionado e chuveiro quente. Só tenho um apartamento, por enquanto, dormem de oito a dez pessoas, mas pretendo fazer mais três”. 

São três pacotes para frequentar o local, que permite banho das 10h às 18h e acampamento às margens da cachoeira. Em dias de semana, o valor é R$ 40 por pessoa, para grupos de 10 a 20, aos finais de semana e feriados, o preço sobe para R$ 50. 

No caso de grupos menores, com menos de dez pessoas, Paulo cobra uma diária de R$ 500 aos finais de semana e feriados. Em dias de semana, o preço é R$ 400. Ele conta que com o fim do período chuvoso, que aumenta riscos de tromba d'água, por exemplo, as pessoas voltaram a procurar um refúgio em meio a natureza. 

“Fazem muitos aniversários lá, colocam bolo e arranjos em cima de uma pedra que tem bem dentro d’água, minha irmã, a Vera Holística, usa essa pedra como uma espécie de maca para atender os clientes dela. É muito legal. Fazem muitos eventos lá”. 

Paulo conta que já recebeu propostas que o deixaram “de joelhos” para vender a chácara que comprou quando ainda tinha 20 e poucos anos. Algumas vezes, o cansaço da rotina de trabalho já o fizeram pensar em se desfazer do local, mas a memória afetiva prevalece. 

“Esses dias falei para minha esposa que iria vender a chácara para comprar um motorhome e ficar um tempo na estrada. Já recebi propostas de ficar até ajoelhado, mas é um lugar que tenho tanto carinho e amor, que fica difícil. Tinha 20 e poucos anos quando comprei, hoje tenho 61. É uma vida inteira. Comprei por dinheiro para comprar caixa de cerveja e hoje vale algumas carretas fechadas”. 

Mais informações e agendamentos: (65) 98163-5305
 
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