Desde pequena, a professora de inglês Camila Dalmolin, de 27 anos, já observava a avó cozinhando e sonhava com o momento que poderia participar dos processos de preparo da comida. Sempre que podia ajudava untando formas, mexendo as panelas ou separando os ingredientes. Quando se viu desempregada em meio a pandemia da covid-19, em 2020, decidiu transformar as habilidades gastronômicas em uma nova fonte de renda e criou a "Santa Torta". 

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A receita de torta faz sucesso entre os clientes fieis que aguardam às quartas e sextas para fazerem os pedidos com Camila. Por conta da profissão como professora, ela precisa arrumar formas de conciliar o projeto gastronômico com a rotina na sala de aula, por isso decidiu que faria as tortas e empadas de forma sazonal. 

Ela contou que quando estava desempregada ainda estava em processo de adaptação em Cuiabá, já que é natural de Juína (a 750 km da Capital), por isso não conseguiu fazer o delivery crescer a ponto de se tornar seu único sustento. Quando recebeu uma proposta para voltar para sala de aula, Camila decidiu aceitar. 

"Com isso, eu não tinha mais tempo de me dedicar a Santa Torta, mesmo assim os antigos clientes sempre me cobravam de fazer, mas nunca me sobrava tempo. A não ser durante as férias ou encerramentos de contratos nas escolas. Por isso o funcionamento passou a ser sazonal". 

Em Juína, a professora de inglês já tinha os amigos como clientes fieis e apaixonados pelas tortas da Santa Torta. Sempre que viajava para o interior para visitar a mãe, sabia que poderia contar com as encomendas. A primeira vez que fez a torta, Camila pegou uma receita na internet. 

Ao longo do tempo, a forma de preparo foi aperfeiçoada pela professora, que hoje possui o próprio modo de fazer as receitas. As tortas são vendidas em três sabores: empada de frango cremoso com bacon, empada de frango cremoso e torta vegetariana (com palmito, tomate e manjericão). Além disso, Camila oferece duas opções de geleia para acompanhar: de abacaxi com pimenta e de maçã com gengibre. 
 

 

 

 

 

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"Conforme fui crescendo, fui aprendendo a desempenhar as tarefas mais complexas e quando vi já estava sentindo prazer em fazer isso. Durante a faculdade os alunos se revezavam pra levar os lanchinhos do estágio. Um dia levei uma torta simples. Busquei a receita na internet, fiz algumas adaptações devido a falta de ingredientes e deu muito certo. Depois disso, sempre que era minha vez de levar o lanche, eles pediam essa torta". 

Em 2021, por conta do trabalho como professora, Camila não conseguiu se dedicar ao Santa Torta. No entanto, em maio do ano passado se viu mais uma vez desempregada e voltou a produzir as tortas durante três meses. Mas como precisa se sustentar financeiramente, ela decidiu aceitar uma proposta para voltar às salas de aula. 

"A ideia inicial era conciliar as duas coisas. Mas eu não tinha condições físicas, pois trabalhava 36h semanalmente. Sempre fiquei muito dividida entre a sala de aula e a cozinha. E por conta disso, sempre escolhi pelo bolso". 

No início deste ano, Camila recebeu uma nova proposta de emprego que lhe pagaria o dobro por menos horas trabalhadas. Foi quando ela viu a oportunidade perfeita de poder se dedicar mais ao delivery de tortas. Agora, a professora já sonha com um espaço físico e uma vida na gastronomia. 

"Pensei: 'esse é o meu momento de finalmente conciliar minhas duas paixões'. Aceitei e aqui estou eu, respondendo as suas perguntas sobre a Santa Torta durante meu intervalo de aula. Minha ideia é de, um dia, trabalhar só com a gastronomia e que a Santa Torta se torne um estabelecimento".