O grafiteiro e muralista, Babu 78, estrelou um documentário do diretor Leonardo Sant’Ana, que conta um pouco da trajetória da carreira de cerca de 23 anos do artista. Babu é conhecido pelas suas obras espalhadas pela cidade com o estilo único, acompanhados de sua assinatura. O curta-metragem “Identidade Babu” começou a ser produzido em 2020 e já foi exibido no Cine Teatro, em galerias e exposições.
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Ao Olhar Conceito, o artista contou sobre como foi a experiência de estrelar um filme, principalmente, em uma fase “difícil” de sua vida. Para Babu, é uma “coisa muita doida” ter uma produção audiovisual sobre si.
“O Leonardo Sant’Ana, o diretor, já tinha me falado algumas vezes no bar e em exposições que a gente se encontra, que queria gravar o documentário. Até que um dia ele bateu lá em casa e falou que já tinha conseguido um edital, pelos Mestres da Cultura. Eu não estava num dia bom, era um dia bem ruim, estava acabando de sair da pandemia, eu tinha acabado de sair de uma separação de 17 anos. Minha vida estava horrível ai eu recusei, falei que não estava afim. Mas depois ele voltou e eu aceitei”, afirma Babu.
Depois daquele dia, logo as gravações iniciaram e quando foi se dar conta, Babu estava em casa com uma equipe inteira de audiovisual produzindo o filme. “Era muita gente, cinegrafista, roteirista, maquiador, iluminador e outros”. Além da casa do artista, as ruas de Cuiabá formaram o cenário principal do curta-metragem. Todo o trabalho inicial de captação de imagens durou cerca de uma semana e meia.
“Eles ficaram uma semana e meia comigo. Filmagens lá em casa e bastante na rua, pois se trata basicamente de uma pessoa que vive na rua, faz arte na rua. Além disso, convidaram gente que eu não via há muito tempo, como alguns amigos de adolescência da época do hip-hop e minha madrinha. Foi muito legal ela participar, pois é a pessoa viva, que me conhece há mais tempo, já que meus pais são falecidos”, disse Babu.
Para o artista, todo esse processo das gravações foi um exercício de “túnel do tempo”, pois ele precisou revisitar histórias que não lembrava direito e contar várias vezes. Também viu fotos e vídeos de muitos anos atrás. Mas, para Babu, a parte mais interessante de toda essa experiência foi poder ver o filme pronto no Cine Teatro: “Foi a sensação mais doida que eu já tive na minha vida”.
“Tenho três filhos, é da hora, ver aquilo muda tudo. Muda o jeito que você vê, você pensa em como vai agir no futuro. Um monte de gente legal na plateia, muita gente interessante, gente que não via há muito tempo. E todos ali para ver meu filme, me prestigiar. Vizinhos, parentes, amigos”, disse alegre.
No entanto, o sonho do grafiteiro é que a obra seja acessada por mais pessoas, mas como passa pela fase de inscrição em prêmios, ainda não pode virar objeto público. “Mais para frente, vai estar na internet e todo mundo vai poder assistir. De vez em quando, eu faço algumas sessões pela cidade. Quero ver se organizo uma lá em Chapada, antes de eu ir embora”.
Ainda segundo o artista, ele vive a melhor fase de sua vida, tanto profissional quanto pessoal: “Essas coisas que aconteceram nos últimos meses, foram coisas muito bacanas na minha vida. Hoje eu ainda estou processando-as. Foi exposição em museu, galeria, conheci colecionadores novos e também vendi muita obra”.
Hoje, Babu 78 divide o tempo entre Cuiabá e São Paulo, onde faz trabalhos para a Galeria Sete, com quem assinou contrato no ano passado. Logo, o artista lançara seu site com venda de obras autorais e conteúdos digitais para ajudar na difusão da sua arte.
Identidade Babu
O curta-metragem “Identidade Babu” conta com depoimentos de amigos, familiares, críticos e estudiosos de arte. No documentário, é possível conhecer um pouco da trajetória do artista, que começou a se destacar na cena cultural cuiabana, até alcançar conquistas como o Prêmio Pipa, um dos mais importantes das artes visuais no país.
Antes de se mudar para São Paulo, em 2022, Babu foi um dos vencedores do prêmio Jejé de Oyá, que destacou a trajetória de personalidades negras em Mato Grosso. Ele também é um dos poucos artistas do estado a figurar na Enciclopédia Itaú Cultural, que reúne artistas de grande representatividade, das mais diversas regiões do País.
O cineasta Leonardo Sant’Ana já dirigiu documentários sobre importantes personalidades mato-grossenses, como Augusto Leverger (Barão de Melgaço), Mestre Bolinha, Antônio Mulato e Sarita Baracat. Todavia, ao analisar a própria filmografia, admite um carinho especial pela obra mais recente.
“Considero este o meu melhor trabalho em termos de linguagem, conteúdo, mensagem e estética. É um material pelo qual tenho muito orgulho. E o Babu é um cara acima da média, que merece um material como esse”, revela o diretor que é contemporâneo e amigo de longa data do personagem-título.
O documentário traz depoimentos do próprio Babu, como também os artistas DJ Spinha, Edson Tattoo e o rapper Linha Dura, além dos críticos de arte José Serafim Bertoloto e Aline Figueiredo.
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