Olhar Conceito

Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Cinema

LIBERDADE

Filme de MT é vencedor no Inffinito Film Festival em Miami, nos Estados Unidos

Foto: Arquivo Pessoal

Filme de MT é vencedor no Inffinito Film Festival em Miami, nos Estados Unidos
“Liberdade”, filme produzido em Mato Grosso pelo cineasta e roteirista João Manteufel, venceu como melhor curta-metragem na 26ª edição do Inffinito Film Festival, realizado em Miami nos Estados Unidos. Foram 57 filmes brasileiros, sendo 10 documentários e 19 curtas em competição, distribuídos em 28 mostras. No curta, João colheu depoimentos acerca do que é Liberdade com a imortal da Academia de Letras, Luciene Carvalho, a professora, mãe e artista Mari Gemma, o artista plástico expoente em MT Gervane de Paula e a música, funcionária pública e performer trans-não-binária Hend Santana.

Leia mais: 
Flauta Mágica desembarca em Miami para espetáculo no Inffinito Brazilian Film Festival
 
O curta foi produzido sem incentivos governamentais, de forma remota durante a pandemia. A escolha do questionamento acerca da Liberdade levou em conta que era algo que estava em voga no período crítico da pandemia.
 
Conforme o cineasta contou ao Olhar Conceito, “liberdade era uma coisa muito em voga naquele momento né?! Todo mundo que participou, participou de forma espontânea e gratuita”.
 
As figuras homenageadas no filme, que depositaram suas respectivas visões sobre o que é “Liberdade” foram Luciene Carvalho, imortal da Academia de Letras, mulher negra, pobre e uma das figuras mais importantes do movimento afro em Mato Grosso.
 
Gervane de Paula, artista plástico expoente das artes no estado, nome proeminente, negro e de impacto nas artes regionais, que tem até uma exposição permanente no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
“O cara é um dos poucos que consegue sobreviver da arte aqui em Mato Grosso”, disse João.
 
Outra personalidade de MT que foi retratada em Liberdade é Mari Gemma. Professora, mãe de quatro filhos, Mari largou tudo aos 50 anos para virar artista e agora percorre o país comercializando suas obras, inclusive sendo premiada Brasil afora. “ela se equipara a comida, não sou comida, não sou fruta, é uma vibe interessante”, frisou.
 
A última figura de impacto contada em Liberdade foi Hend. Artista trans-não-binária, era negra, obesa, funcionária pública e multiartista. Cuiabana, foi a primeira trans a participar do Miss Plus Size Gay e militava pelos direitos da arte, de gênero e raça.
 
“"Aos 21 anos comecei a reivindicar meu lado feminino na minha arte, mas sentia falta disso no meu dia a dia. Acabei pesquisando e aprendendo sobre o que era a disforia de gênero e descobri diversas formas de gênero. Desde então acredito que hoje me identifico como trans não-binária e me sinto muito mais completa sendo chamada no feminino. É como me sinto bem agora, pode ser definitivo ou não. Algumas pessoas questionam a minha transição 'tardia', mas é bastante complexo você ser gorda, preta e mulher trans, já que a pressão estética e a gordofobia atingem muito mais esses grupos", comentou Hend em entrevista ao Olhar Conceito em 2020.
 
Atriz, performer, militante e personagem negra de impacto para as artes em MT, Hend traçou caminho da música, das passarelas, teatro e faleceu precocemente em maio de 2022 vítima de infarto.
 
Produzido “artesanalmente”, com recursos próprios e sem investimentos ou incentivos externos, “liberdade recebeu a locução dos filhos do cineasta, Ivan Belém também colaborou junto com Hend na trilha sonora.
 
Para João, a produção sem investimentos externos vindo do governo serviu para mostrar que é possível realizar uma produção cinematográfica, a nível de premiação internacional, sem se vincular a projetos do Estado, especialmente levando em conta que a arte deveria ser livre. E esse foi o desafio.
 
“Tudo sem gastar dinheiro até para tentar dar um jeito de mostrar que é possível fazer sem dinheiro público, porque é muito perigoso né? Uma arte vinculada a um projeto de governo. A arte ela em termos deveria ser livre. Né? E É isso, é um desafio, as fotos foi meu primo, querido primo que faleceu também final do ano que que cedeu e é tudo ali de Mato Grosso. Tudo ali é do nosso estado”, contou João.
 
O cineasta gaúcho, radicado em Cuiabá, João tem mais de 50 prêmios em propaganda e cinema, trabalhou como diretor de criação em grandes agências no Brasil, foi diretor de arte em Londres, na Inglaterra, e, desde 2014, está concentrado em sua agência de publicidade, a Donamaria Criativa, vencedora por 4 anos consecutivos do Prêmio do Grupo Centro América.
 
OS PREMIADOS DO JÚRI OFICIAL
 
Melhor Filme – Medida Provisória, de Lázaro Ramos
Melhor Direção – Laís Bodanzky, por A Viagem de Pedro
Melhor Fotografia – Pedro Marques, por A Viagem de Pedro
Melhor Roteiro – Lusa Silvestre, Lázaro Ramos, Aldri Anuncioação & Elisio Lopes Junior, por Medida Provisória
Melhor Ator – Rômulo Braga por Sol (de Lô Politi)
Melhor Atriz – Monique Alfradique por Bem-vinda a Quixeramobim (de Halder Gomes)
Melhor Ator Coadjuvante – Seu Jorge, por Medida Provisória
Melhor Atriz Coadjuvante – Carolina Monte Rosa, por Por que Você Não Chora?, de Cibele Amaral
 
Melhor Elenco – Ela e Eu, de Gustavo Rosa de Moura
OS PREMIADOS DO JÚRI POPULAR
Melhor Filme – Bem-vinda a Quixeramobim, de Halder Gomes
Melhor Documentário – Já Que Ninguém me Tira Pra Dançar, de Ana Maria Magalhães
Melhor Curta-Metragem – Ato, de Bárbara Paz, e Liberdade, de João Manteufela
 
O FESTIVAL –
 
O Inffinito Film Festival nasceu em 1997 quando Adriana L. Dutra, Cláudia Dutra e Viviane Spinelli idealizaram o Brazilian Film Festival em Miami, no ano em que foi promulgada a Lei do Audiovisual, que tirou as produções nacionais da estagnação e impulsionou no Brasil o movimento da Retomada.
De lá para cá, elas realizaram 88 festivais em 13 cidades no mundo: Nova York, Vancouver, Londres, Roma, Madri, Barcelona, Frascati, Milão, Buenos Aires, Montevidéu, Bogotá, Canudos e Miami, e exibiram mais de dois mil filmes nacionais para um público de mais de dois milhões de pessoas.
 
O filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos, ganhou nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Seu Jorge). E o longa “Bem-vinda a Quixeramobim”, de Halder Gomes, ganhou como Melhor Filme do Público, pelo júri popular.
 
Durante o evento em Miami, que termina no domingo (25.09), estão sendo exibidos, em formato híbrido (virtual e presencial), cerca de 70 produções brasileiras, todas inéditas nos Estados Unidos. As mostras virtuais, disponíveis para o público americano, de Porto Rico ao Alasca, são exibidos por meio da primeira plataforma internacional de streaming dedicada exclusivamente ao audiovisual brasileiro no  link www.inff.online .
 
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet