Sala escura e lotada, em uma época que o distanciamento social não era uma obrigatoriedade. O único ponto de luz é uma tela gigantesca que exibe “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2”, filme que estreou há 10 anos em um cinema de Cuiabá. Nesta sala, está a jornalista Juciara Santos, cuiabana que se despedia naquele momento de um universo que a moldou e mudou completamente sua vida.
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Juciara conheceu a saga de livros ainda com 11 anos, mesma idade de Harry Potter no primeiro livro, por meio de um tio. O contato inicial foi justamente com a primeira obra, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, ainda em inglês. À época, ela leu mesmo assim, mas quando a edição em português foi lançada ela correu para comprar e mergulhar ainda mais no universo bruxo.
“Harry Potter foi um outro amigo na minha vida. Eu esperava e ansiava muito pelos livros. Quando saiu o [primeiro] filme, meio que aquela coisa se tornou palpável e real. As minhas bases de infância e adolescência sobre amizade e lealdade sempre foram muito baseadas na relação do Harry, Rony e Hermione. Eu sempre achei aquilo tudo lindo”, conta sobre a paixão ao
Olhar Conceito.
O amor de Juciara por Harry Potter se mantém intacto há mais de 20 anos. Hoje aos 33 anos, ela tem seis tatuagens que fez em referências à saga e cerca de 20 itens espalhados pela casa, um verdadeiro “museu” como ela descreve, incluindo todos os livros que lê anualmente, sempre em janeiro. Juciara também tem algumas roupas inspiradas nos livros, tanto que as usou quando foi em duas edições da Comic Con Experience (CCXP), em São Paulo, e pôde ver de perto réplicas do Expresso 9¾ e da casa do personagem Hagrid.
“Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2” foi exibido pela primeira vez, nacionalmente, no dia 7 de julho de 2011, em sessões de pré-estreia, mas o filme chegou a todas as telonas do país uma semana depois. Juciara foi uma das pessoas que sentiu toda a adrenalina de ser uma das primeiras a conferir o último filme da saga - à época, era considerado o último, visto que “Animais Fantásticos e onde Habitam” sequer estava sendo cogitado.
Juciara lembra de estar muito ansiosa no dia da exibição. Fã de carteirinha, ela lembra de estar vestida à caráter, como se fosse uma estudante de Hogwarts pertencente à casa Sonserina. Ao final da sessão, ela lembra que boa parte do público ficou impactado com o fim, permanecendo na sala por bons minutos, absorvendo tudo que acabou de assistir e chorando.
“Eu fui montada, porque tenho a roupa toda de Sonserina. Eu lembro que foi um sentimento desolador. Eu posso falar por muita gente, foi o encerramento de um ciclo da nossa vida. A gente acompanhou essa saga por 10 anos. Eu estava com 23 anos. Foi um sentimento de ficar órfão. Foi muito triste. Eu lembro de acabar a sessão e ter muita gente sentada chorando”, relembra Juciara.
Já Juliana Alves, de 24 anos, também jornalista, não teve a mesma experiência porque conferiu o último filme em sua própria casa. Juliana conheceu “Harry Potter” também na faixa dos 11 anos, mas o primeiro contato veio com “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, no cinema com seus pais. Ela viu boa parte dos filmes fora de ordem e só começou a ler os livros quando encontrou a saga completa em promoção em uma loja varejista na capital.
Tanto para Juciara como para Juliana, a franquia ajudou ambas no processo de crescimento. Juliana cita que a trama de “Harry Potter e a Ordem da Fênix” fez com que ela entendesse sobre regimes ditatoriais e direitos dos alunos, por exemplo. Já em “Harry Potter e o Cálice de Fogo” teve contato com um jornalismo sensacionalista por meio da história, e à época, antes de cogitar se tornar jornalista, já dizia que se fosse não seria assim.
“Praticamente todo fã verdadeiro de Harry Potter fala isso, mas a saga me ajudou na questão da luta dos estudantes, durante a ditadura de Dolores Umbridge. Eles estavam lutando pelos direitos básicos de um estudante dentro da escola”, pontua em entrevista ao
Olhar Conceito.
Anos após ser finalizada, a história principal de “Harry Potter” ganhou uma continuação em forma de peça de teatro em Londres, que trouxe novamente os personagens já conhecidos e novos. A saga possui ainda dois prelúdios, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” e “Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald", que contam a história da primeira guerra bruxa, envolvendo Dumbledore e Grindelwald, dois dos bruxos mais fortes.
A franquia Harry Potter atingiu inúmeros fãs e isso reflete na bilheteria. Somente “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2” arrecadou US$ 1,3 bilhão, enquanto a primeira parte chegou perto desta marca, com US$ 977 milhões, segundo dados do Box Office Mojo. Sem acrescentar os dois “Animais Fantásticos”, a franquia soma mais de US$ 7,7 bilhões.