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Sábado, 07 de dezembro de 2024

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32 ANOS DE CARREIRA

Artista desde os seis, Valques Pimenta acredita que ‘se você tem vergonha do seu produto, então não serve’

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Artista desde os seis, Valques Pimenta acredita que ‘se você tem vergonha do seu produto, então não serve’
Artista desde os seis anos, Valques Pimenta acredita que “se você tem vergonha do seu produto, ele não presta”, citando uma frase que leu em um livro há alguns anos. Em sua trajetória artística de mais de 30 anos, Valques já vendeu peças para ter uma independência financeira de seu pai, Nilson Pimenta, ainda muito novo, teve obras que obtiveram reconhecimento internacional e há pouco mais de dois anos precisou lidar com a perda do pai.


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Respeitando medidas de biossegurança, em especial o distanciamento, a equipe do Olhar Conceito esteve no ateliê de Valques na manhã da última terça-feira (30). Ao chegar no local, é perceptível que o artista está sempre ocupado cuidando de suas obras - encomendadas ou não. Pouco antes de iniciarmos nossa entrevista, inclusive, ele pede alguns minutos para finalizar um quadro.



Vendedor desde pequeno, Valques não sentiu muito os impactos da pandemia do novo coronavírus como aconteceu com muitos de sua classe. Valques acredita que está conseguindo passar por este momento graças às vendas das obras. “Se você tiver vergonha de seu próprio produto, ele não presta”, cita uma frase que marcou sua vida. “Eu nunca esqueci isso. Só vende quem vai atrás”, destaca.

“Vendo para clientes que acabei de conhecer, alguns colecionadores ou encomendas. Vendo pelo Instagram. Já aprendi a fazer isso há muito tempo. Pelo WhatsApp, consigo vender. Faço estratégias de venda”, detalha. “Faço permuta. Faço o negócio. Não perco a venda”, completa.



A inserção de Valques na arte aconteceu por influência do pai, aos seis anos de idade. “Eu lembro até hoje de uma mesa que eu passava debaixo dela, naquela época. É uma mesa verde que tem no ateliê até hoje. Eu passava debaixo dela. O antigo ateliê era em um bloco de arquitetura [na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)]”, relembra ao Olhar Conceito.

Ao mesmo tempo em que era inserido na arte, ele também praticava esportes como karatê e futebol, dividindo seu tempo com os estudos na escola. Já aos 10, no ateliê de seu pai, Valques colocava algumas pinturas produzidas por ele em uns banquinhos. Na época, ele já conseguiu fazer suas primeiras vendas, podendo assim ter uma pequena independência financeira do pai.



Com o passar dos anos, ele expôs algumas peças em um bloco próximo a piscina da UFMT. “Alguns professores ainda vão lembrar de mim. Esses professores foram alunos na época, ou então [alguns são] os mesmos professores, que lembram disso. Todo dia eu fazia essa exposição lá. Colocava os desenhos e aquarelas para vender”.

O seu potencial como artista se aflorou quando ainda era muito jovem. Em 1991, expôs no Centro de Arte Primitiva de Brasília. Posteriormente, em 2000, uma de suas obras foi exposta na Bienal de São Paulo. No ano seguinte, todavia, seguiu um caminho totalmente oposto e se alistou para o exército.



Valques visava carreira militar, mas percebeu que vestir a farda todos os dias não era o seu destino e que poderia ser feliz com outras coisas. Apesar da decisão de não seguir em frente, ele tem consideração por este momento em sua vida. Quando saiu, porém, teve a certeza de que iria seguir com a carreira artística.

Não demorou muito para que Valques passasse a ter reconhecimento internacional por suas obras, tanto que já expôs nos Estados Unidos. Em 2018, foi a vez de “Casamentos em Paris”, obra inspirada em uma visita feita à cidade das luzes, ser exposta no Carrossel do Louvre, a galeria comercial do famoso museu. A peça está novamente em território brasileiro, e pertence ao colecionador Murilo Espíndola.



O ano em que sua obra foi parar no principal museu do mundo também foi marcado pela troca de sua assinatura. Antes da morte de seu pai, que faleceu em dezembro de 2017, após uma parada cardíaca, Valques não usava o sobrenome do pai para evitar qualquer comparação entre os dois, então assinava suas obras como Valques Rodrigues. Somente com a morte do pai que decidiu homenageá-lo e passou a assinar como Valques Pimenta.

“Desde pequeno, meu pai não quis colocar o sobrenome dele, Pimenta. Ele achava muito feio, mas para mim tem um tom forte”, explica. Quando seu pai morreu, pensou: “vou ter que dar mais valor pelo sobrenome dele. Vamos deixar a imagem e não esquecer mais”. A primeira obra com a nova assinatura foi realizada em janeiro de 2018, na lateral da pousada Chateau Camalote, em Chapada dos Guimarães (a 60 km de Cuiabá).

Conheça o trabalho de Valques no Instagram.
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