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Domingo, 28 de abril de 2024

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Fenômeno nos palcos, vida de Tim Maia vira longa-metragem para estrear em 2014

De black power na cabeça, com 13 quilos a mais na cinturinha e uma ginga soul nos quadris, Babu Santana sobe ao palco do Teatro Rival, frente a um mar de figurantes, já transfigurado como o cantor e compositor a quem a MPB apelidava, com carinho, de “o síndico”. Até o dia 16, quando se encerram as filmagens cariocas de “Tim Maia”, longa-metragem baseado no best-seller “Vale tudo”, de Nelson Motta, o ator de 33 anos preserva o visual e o perfil bad boy do tijucano Sebastião Rodrigues Maia (1942-1998).

— Desde 2011, quando assinei o contrato, eu comecei a virar o Tim, engordando e fazendo aula de voz. A dificuldade maior foi chegar ao mesmo registro vocal dele, naqueles agudos plenos. Cantar “Você”, que ele levava num tom altíssimo, foi a parte mais difícil — diz o ator carioca, mais conhecido por interpretar o bandido Bujiú em “Estômago” (2007).

Sob a direção do paulistano Mauro Lima, do blockbuster “Meu nome não é Johnny” (2008), Babu foi incumbido de interpretar Tim dos 28 aos 55 anos — de 1970 até sua morte, em 1998 — no filme, previsto para estrear em março de 2014. Ele divide o papel com o paulista (de São Bernardo) Robson Nunes. Aos 30 anos, hoje com 105 quilos, Nunes, ex-apresentador de programas infantis no Disney Channel, foi escolhido para recriar a juventude do cantor, dos 15 aos 22.

— Já tinha vivido o Tim no programa “Por toda a minha vida”. Mas minha tarefa no filme é ser o Tim Maia que ninguém conheceu: o garoto arrumadinho, de cabelo alisado, que começa a conquistar suas primeiras vitórias, antes de se transformar em gênio — diz Nunes.

Ele viaja com a equipe do filme (são 70 técnicos nos sets, fora 30 profissionais no departamento de arte) para Nova York a partir do dia 20. Lá, eles recriam as desventuras de Tim nos EUA, em 1959, quando o cantor acabou preso por posse de drogas e roubo.

— Isso é antes da fase polêmica da década de 1980, de faltar a show, de reclamar de tudo. Ele volta dos EUA com um balanço soul, mas que não é uma coisa xerocada dos americanos. A sonoridade que ele constrói dali em diante tem traços de quem ouviu coisas da Motown (gravadora fundada em 1959 que virou um canteiro da black music), mas também tem muito de quem aprendeu violão na Tijuca — diz Lima, que escalou Alinne Moraes para viver Janaína, síntese das mulheres de Tim.

Ele chamou ainda Cauã Reymond para viver o compositor Fábio, amigo próximo do cantor e narrador do filme, baseado em diferentes parceiros de Tim.

— Lendo a biografia escrita pelo Nelson, vi que ninguém é muito constante na vida do Tim. Meu personagem aglutina as figuras que foram mais presentes na história dele — diz Cauã.

Mauro Lima, que define o filme como “a jornada de um herói autodestrutivo”, assumiu o projeto — coassinado pela escritora Antonia Pellegrino — a convite do produtor Rodrigo Teixeira (“Heleno”), que não revela o orçamento do longa.

— Como roteirista, Mauro é um dos maiores dialoguistas do país. Só ele conseguiria alcançar a malandragem do Tim, sua irreverência — diz Teixeira.

Lima rodou com Nunes um dos episódios centrais da carreira do cantor: sua parceria com Roberto Carlos. Vivido por George Sauma, o Rei cantou com Tim no grupo The Sputniks, criado em 1957. Numa sequência exibida ao GLOBO na visita ao set montado no Teatro Rival, os Sputniks se apresentam no programa de TV de Carlos Imperial (1935-1992), vivido por Luís Lobianco, do Porta dos Fundos. Ainda no elenco, Tito Naville é Erasmo Carlos, e Renata Guida, Rita Lee.

— Essa época dos Sputniks é a fase do Tim fofo, de gola rulê, cabelo liso — diz Lima. — Os anos 1970 são a fase marginal. E nos anos 1980 e 90, vem a fase “cafa” do Tim, com look de cantor de churrascaria, de corte mullet.

“Tim Maia”, o filme, chegará às telas precedido pelo fenômeno teatral de bilheteria que foi o espetáculo musical dirigido por João Fonseca e estrelado por Tiago Abravanel desde 2011.

— Fizemos uns 400 mil espectadores ao longo de 400 apresentações em teatros com plateias nunca menores do que 700 lugares — diz Fonseca, que leva o musical nesta sexta-feira para o Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, com Danilo de Moura como protagonista, no lugar de Abravanel.

Fornecedor de matéria-prima para o palco e agora para o cinema, Nelson Motta, que conheceu Tim em 1969, quando produzia a cantora Elis Regina, define o cantor como “o personagem dos sonhos de qualquer ficcionista”:

— A marca do Tim era o excesso, de voz, de volume, de talento.

Na telona, o único registro em película do cantor em ação é o curta “Tim Maia” (1986), de Flávio R. Tambellini, cuja câmera registrou o músico:

— Filmei com o Tim doidão.
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