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Domingo, 28 de abril de 2024

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Eddie anos 80; comédia pastelão e seu momento de glória

Arquivo pessoal

Talvez seja a arte mais difícil. Em um mundo cético, onde rir tem se tornado um luxo, rancar risadas de um público já não é tão simples. Durante um bom tempo, entre as décadas de 20 e 60, a Comédia Pastelão viveu seu momentos de glória. Graças à excelência de Chaplin – expert em sobrepor o riso em situações trágicas, como fez em O Grande Ditador –, aos tombos do Gordo e do Magro e dos olhos esbugalhados de Peter Sellers, temos boas recordações do rir naturalmente.




A década de 80 conseguiu trazer de volta, com muita sutileza e charme, o frescor do “cômico bobão”. Em um período onde temos os últimos anos da Idade Industrial, com os toca fitas de carro, walkmen e bandas de estilo eletrônico, referência direta à epoca, surge um personagem quase caricato, de tão peculiar.

Sua irreverência e “marra”, associadas ao seu ar – naturalmente – engraçado, fizeram de Eddie Murphy a figura ideal para unir elementos cômicos à pitadas exatas de ação. Com apenas 23 anos de idade, um corpo esguio e um bigode icônico, ele conseguiu se consagrar como um dos atores mais lembrados, até hoje.

Ainda que seu feeling e filmes tenham perdido o teor ideal da comédia inocente mediante a uma situação de risco, é impossível nao lembrar de Eddie. Sem perceber, nos voltamos para 1984, Um Tira da Pesada. Além de embalar a infância de tantas crianças, nas intermináveis Sessões da Tarde, o filme é responsável por nos levar de volta à Peter Sellers, ainda que muitos não o conheçam.

Considerado um dos mestres da Comédia Pastelão, Peter Sellers foi o intérprete mais célebre do Inspetor-Chefe Clouseau, da série de filmes A Pantera Cor de Rosa. Com os aspectos clássicos do gênero: postura estabanada, tropelias e exploração de motivos de riso fácil, o ator levou multidões à risadas de maneira inocente e natural. Eddie conseguiu o mesmo feito nos anos 80.




Com seu tom de voz forte, que representa o ritmo natural do negro americano e seu jeito de durão – porém cômico – ele nos leva a Beverly Hills de 1984. Em uma espécie de férias forçadas, o policial Axel Foley sai da cinzenta Detroit para o reduto das estrelas, à procura do assassinos do seu grande amigo, Mikey Tandino, morto em seu próprio apartamento.

Entre situações engraçadas com dois policiais locais totalmente despreparados e desacostumados a lidar com violência e diálogos de efeito, Axel se torna o estranho no ninho: tecnicamente, ele o único personagem negro (em um carro totalmente acabado), em um universo elitista “branco”.

Esses elementos, adicionados a muita pancadaria e violência se misturam à risadas, em cenas como a da famosa banana no escapamento. Com a inocência dos olhos de crianças, apaixonadas pelo riso e pela ação e com maneirismos típicos da época, como a música tema intitulada Axel F, de Harold Faltermeyer – que explora a Odisseia Eletrônica que o mundo vivia na década –, Eddie Murphy se imortalizou. Sem perder a graça entre tiros e tombos, Um Tira da Pesada se consagra como a saudade mais gostosa dos anos 80.

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