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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Diário de bordo: Um Brasil que o italiano gosta – parte II

Arquivo Pessoal

Fala aí, junventude. Hoje é a segunda parte do texto sobre a viagem musical que fiz para a Itália, mês passado. Já contei algumas peripécias na semana passada e lá vamos nós, novamente, descobrir essa estética brasileira que os italianos tanto amam. Com disse antes, levei meu violão e o triângulo, e como a música/cultura brasileira é tão bem vista pelos europeus, constantemente rolavam convites para fazer trilha sonora para um filme ou então para uma participação tocando temas brasileiros. A exemplo do filme francês “Everthing for IceCream”, da diretora Muriel Du, em que fui convidado para tocar uma canção brasileira no momento que o protagonista passa por uma rua. A música que cantei foi “Pé de Cajazeiras” (1999) do sanfoneiro chapadinhense Tonny Cajazeiras. Também, em outro filme, do diretor russo jenia Rudakove, cantei e toquei “Imbalança” do rei do baião, Luiz Gonzaga.

Uma grata surpresa da viagem foi receber o desafio do festival espanhol "Por Amor Al Arte", que rola todo mês de fevereiro em La Coruña. Eles convidaram vários músicos e artistas (da Bolívia, Argentina, Itália, Espanha, Alemanha) e me pediram para criar uma canção que servisse de tema do festival ano que vem. A música foi usada no plano sequência com todos os artistas e apresentado em praça pública na cidade de Muro Lucano e ganhou o primeiro lugar na weekly competition da semana. O vídeo começa numa igreja abandonada do sec XII e segue até o convento anexo. Eu fiz também a direção musical do projeto.

Por amor al arte from Festival por Amor al Arte on Vimeo.

O plano sequencia mostra todas as especialidades que fazem parte do festival: teatro, dança, cinema, musica, pintura. Ocorro todos os anos, em fevereiro, na cidade e La Coruña, Espanha.

Quando chegamos em Nova Siri (cidade onde nasceu o festival Cinema da Mare) tivemos – eu e a diretora Viviane Alencar - a oportuna ideia de criar a “Cinema da Mare Song”, com uma letra composta em conjunto com dois atores portugueses, Miguel Nunes e Joana de Verona. A letra conta a experiência de viajar pela Itália gravando filmes, trocando informações cinematográficas e de vida. Convidamos todos os participantes do festival para cantar um pedaço da letra em sua língua nativa. Assim, 16 línguas diferentes fazem parte do videoclipe da canção, que foi escolhida pelo fundador do festival - o jornalista Franco Rina - como o hino do festival. Depois, ainda tocamos para a canção para o prefeito da cidade e na cidade seguinte, numa coletiva de imprensa. A música a partir de então serviu para abrir e fechar as reuniões oficiais.


Trechos do videoclipe da Cinema da Mare Song, dirigido por Dewis Caldas e Viviane Alencar. 16 línguas participaram da canção



Tocamos, junto com amigos italianos e argentinos a “Cinema da Mare Song” para a imprensa italiana


Gravando junto como produtor musical italiano André Fusaro. A acústica é melhor nos banheiros

A tônica da participação brasileira no festival era musical. Nossos filmes sempre tinham a música como um elemento de extrema importância no enredo. A exemplo, o curta “Mio Grande Sogno”, que levamos para as telas as divertida historia de Malatesta, que tinha o grande sonho de se vestir de mulher e andar pela rua. A imagem da realização do seu sonho foi ao som de “o Vira” (Secos & Molhados) e os italianos ficaram loucos com a música. Também, na cidade de Muro Lucano, fizemos um clipe da música “Gostava Tanto de Você”, sucesso nas vozes de Tim Maia, Titãs e outros. A história da canção é baseada em uma tragédia vivida pelo compositor da música. Como muita gente imagina, essa música não foi feita por causa de um namoro que se acabou, mas sim, por consequência da morte de sua filha pequena. Conseguimos uma atriz italiana que abrilhantou – protagonizando junto com ator Hugo Caramello – a carga sentimental da musica. .


Videoclipe da música “Gostava tanto de Você”, com atuação de Hugo Caramello e da doce italiana Giusiana Tumillo, de nove anos

Participamos também do curtametragem Rei Bemol, do italiano Marco Napoli. Em cena, tocamos e dançamos “brasileirinho”, que é mais conhecido que o hino nacional fora do Brasil. E também, eram muito comuns encontrar músicos folclóricos nas ruas. Entre indas e vindas, eu na perdia a oportunidade de aprender mais sobre a música vinda da Itália e também tocar com eles.


Apresentando o clássico "brasileirinho" para o filme Rei Bemol, de Marco Napoli



Músicos folclóricos locais na cidade de Nova Siri

* Dewis Caldas é jornalista, músico e documentarista

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