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Domingo, 28 de abril de 2024

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Ervas Aromáticas: sálvia, misticismo e sabor à mesa

A sálvia é uma erva milenar envolta de muito misticismo. A palavra 'sálvia', do latim salvare, significa 'estar com boa saúde', 'curar', 'salvar', o que reflete sua excelente reputação.

No Antigo Egito fazia parte da mistura de ervas utilizadas para embalsamar os mortos e, também para fertilidade, infecções e contra a peste. Existem relatos que Cleópatra misturava salvia e arruda para produção de uma poção afrodisíaca. Provavelmente foi introduzida na Europa pelos romanos que a levaram do Egito.

Em Roma, Plínio, “o Velho”, descreveu que a sálvia era utilizada como diurético, anestésico local e hemostático. De forma mais generalizada os romanos a consideravam capaz de curar qualquer mal, considerando-a milagrosa e somente as virgens podiam fazer a sua coleta.

A tradição cristã conta que foi Jesus quem infundiu as propriedades curativas da planta em agradecimento às muitas vezes que esta ofereceu proteção durante a fuga da Sagrada Família para o Egito quando era criança.

Na Grécia foi proibido o uso da sálvia associada ao vinho sob a alegação que esta produzia um potente efeito alucinógeno. Nesta região ela era considerada erva sagrada. Theophrastus (Tirtano ) filósofo e botânico grego, pai da Talassonomia e da alimentação vegetariana considerou-a planta da juventude já no século IV aC.

Além dos egípcios, romanos e gregos a sálvia foi venerada pelos persas, hindus e celtas. Os druidas também a utilizavam contra todo tipo de enfermidades.

Durante a Idade média acreditava-se que a salvia servia de proteção contra o demônio e, talvez por isso, era muito plantada nos mosteiros. Neste período foi ingrediente de muitos tônicos nervosos, poções para limpeza de feridas e como dentifrício para manter os dentes brancos.

Os chineses consideravam a sálvia como a planta da longevidade. Era uma erva tão valorizada por eles que no século XVII mercadores holandeses trocavam três punhados de chá chinês por apenas um de sálvia. Há até um provérbio muito antigo, conhecido na China, na Pérsia e partes da Europa, que diz "How can a man grow old who has sage in his garden?" (Como um homem pode envelhecer se tiver sálvia plantada no jardim?).

Como erva aromática, a salvia tem um sabor adstringente e ligeiramente apimentado entre menta e tomilho com algo de amargo. Para alguns seu sabor fica próximo ao do eucalipto e do pinho. Independente das diferentes apreciações, todos são unânimes em relação à sua grande intensidade que, devido a isto, é aconselhado a sua utilização isolada de outras ervas. Um chef, certa vez, disse: "Na grandiosa ópera da culinária, a sálvia representa uma voluntariosa prima donna. Ela gosta de ter o palco só para si."



Na cozinha Ocidental é usada para dar sabor a carnes gordas (especialmente em marinada), queijos, e algumas bebidas. Nos Estados Unidos, Reino Unido e Flandres, a salvia é usada com cebola, em recheios de porco ou aves e também em molhos. Na cozinha francesa, a salvia é usada para cozinhar carne branca e em sopas de vegetais.

Os alemães usam-na frequentemente em pratos de salsichas. Nos Balcãs e no Médio Oriente, é usada em assados de carneiro. Na cozinha italiana, além de acompanhar carnes bovinas, suínas, aves e cordeiro é ingrediente fundamental no ravióli de abóbora feito na manteiga com sálvia frita. Também os italianos a utilizam simplesmente frita (empanada ou não) para acompanhamento de vários outros pratos ou como petisco.

Outras formas de utilização gastronômica é a aromatização de manteiga que dá um sabor muito especial aos sanduíches; no preparo de verduras ao vapor; em tomates confitados e; a maceração de suas folhas em azeites e vinagres o que lhes dá um sabor muito especial. Acompanha especialmente carnes exóticas como a de pato ou caças e pode ser utilizada em sopas.

Ravióli de Abóbora Feito na Manteiga Com Sálvia Frita

Ingredientes para 4 pessoas

Para a pasta

300 gr de farinha de trigo
3 ovos
Obs. Geralmente, usa-se 100g de farinha e um ovo por pessoa, mas como o molho vai ser consistente pode ser diminuída a quantidade de pasta.

Para o recheio

Abóbora 300g
Queijo de Cabra
4 folhas de sálvia picada
Para a finalização
100g de manteiga
10 folhas de sálvia inteiras

Preparo da massa
Coloque a farinha em uma tigela e faça um buraco no centro, onde deve ser adicionados os ovos ( sem bater ) . Com um garfo quebrar os ovos ir misturando com a farinha até obter uma massa lisa . Caso ela fique muito pegajosa adicione um pouco mais de farinha , mas não exagere porque massa pode ficar muito seca.

Faça uma bola com a massa e sove por 10 minutos em uma superfície enfarinhada . Deixe descansar cerca de 30 minutos em uma tigela coberta . Divida a massa em quatro porções e com rolo processe uma delas até obter uma folha fina comprida com aproximadamente 20 cm de largura.

Preparo do recheio
Descasque a abóbora e coloque-o em uma assadeira com um pouco de óleo. Asse por 30-45 minutos a 180 graus ou até abóbora soco não ficar com a faca. Amasse a abóbora com um garfo e adicione os pedaços de queijo de cabra e sálvia picada.

Preparo do ravioli
Corte a folha da pasta ao meio longitudinalmente e sobre uma das metades coloque uma colher de chá do recheio. pincele com ovo batido o entorno do recheio e cubra-o com a outra metade da pasta. Use cortador de massa de pastel (com friso) para fazer o corte dos raviolis ou corte-os corte-os com faca e pressione suas laterais com um garfo. Depois de pronto os raviolis podem ser congelados sem problemas.

Para cozinhar coloque água para ferver durante cerca de 5 minutos  em abundância. Para adicionar os raviólis a água deve estar fervendo porém não a uma temperatura muito forte porque os raviólis podem explodir.

Enquanto os raviólis cozinham adicione manteiga a uma frigideira bem quente com as 10 folhas de inteiras (se preferir podem ser rasgadas à mão). Após o cozimento da pasta ela deve ser coada e transferida para a frigideira antes de servir.

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