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Domingo, 28 de abril de 2024

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A arte do tecer

Ultimamente ando fissurada por trabalhos com trico e crochê. Primeiro vamos a diferenciação básica: trico se faz com duas agulhas e crochê só com uma. Já acho maravilhoso a possibilidade de transformar tecidos em formas e roupas mais diversas possíveis, imagine transformar linhas em peças inteiras? E segundo: se é daquelas pessoas que pensam que isso é coisa de “gente velha”, saiba: ultrapassado é esse pensamento.



Bom, esse trabalho de tecer nada mais é que umas das formas mais antigas de artesanato que ainda existe (lá nos primórdios, começou se com a cestaria). É claro que depois da revolução industrial (o tear mecanizado é um de seus marcos), hoje o processo é de longe mais prático, nos possibilitando ter os mais diversos tipos de tecidos planos e malhas. Mas a arte de se tecer com as mãos, apesar de estar se extinguindo cada vez mais, é muito apreciada e valorizada por quem entende a importância do handmade.

O trabalho manual chegou hoje num estágio de agregar valores: são trabalhos basicamente únicos, feitos em pequena escala, tem apelo sustentável, por ser algo muito menos nocivo ao meio ambiente, o fato de termos mais certeza da procedência dos produtos que adquirimos. Mas vamos voltar especificamente ao trico e crochê.

Pesquisando mais sobre essa arte do tecer, é possível encontrar diversos designers que tem como seu ponto forte e carro chefe de suas marcas, as habilidades manuais com o trico e crochê e se destacam no mercado por isso. É legal perceber que peças feitas a partir dessas técnicas não se restringem ao inverno, pois é possível utilizar de vários fios e tramados para construir roupas frescas até para as condições climáticas cuiabanas!




Estilista mineira, Giovana Dias, é apaixonada pela arte de “crochetar”. Filha de costureira de onde nasceu sua paixão pela construção de roupas. As peças da estilista possuem o primor e riqueza de um trabalho manual bem executado: nada de roupa quadradinha com cara de peça caseira, os looks de Giovana Dias encaram ocasiões especialíssimas com elegância, mix de texturas e claro, originalidade.

Nome revelação do momento na moda, Lucas Nascimento é de Bonito (MS) e se formou pela University of the Arts London e London College of Arts, herdou seus conhecimentos de tricô de sua mãe. Já fez trabalhos para estilistas como Alexander McQueen, Luella e Gilles Deacon e no Brasil, Amapô, Ellus e Neon. Expert no tricô, Lucas faz misturas de fios para criar novas texturas, testar caimentos e leva até 5 meses estudando combinações de fios e hoje possui marca própria que leva seu nome.



A estilista gaucha Helen Rodel realiza estudos de crochê e trico e tece de maneira mais poética possível. Já desfilou suas criações na Casa de Criadores, Dragão Fashion e também já se apresentou na Islândia. Suas peças possuem os diversos tipos de pontos e texturas que eles criam quando misturados e a estilista diz gostar de coreografar as cores ao longo das coleções. Helen possui um grupo de 6 artesãs que levam até 2 meses para tecer as peças piloto para seus desfiles. Sempre friso uma frase que a estilista diz num documentário sobre o seu trabalho: “eu gosto de pensar na quantidade de ideias e pensamentos que habitam cada ponto tecido”. A cantora Mallu Magalhães usa suas peças no clipe “Sambinha bom”.



Veja o documentário clicando aqui!

Raquell Guimarães é a estilista mineira á frente da marca Doisélles. Filha e neta de donos de tecelagem, Raquell pegou pela primeira vez numa agulha de crochê aos 5 anos de idade. A marca que tem o conceito de sustentabilidade, já desenvolveu coleção (verão 2013) apenas com sobras da industria têxtil (durante 4 anos, já acumulou 1 tonelada de materiais!!!), num trabalho intitulado “Resíduos”. A estilista também desenvolve um trabalho social na produção de suas peças: seus artesãos são reeducandos de um presídio masculino, os quais aprenderam a arte do trico e crochê e hoje são super informados do mundo do moda. Vale a pena ler sobre o projeto Flor de Lótus no site da marca.

(http://www.doiselles.com.br/)



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