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José Wilker reflete sobre o Brasil e o Rio de Janeiro no longa "Giovanni Improtta"

Agência Brasil

José Wilker gosta de lembrar que iniciou sua carreira numa companhia tão pequena de teatro - no Recife - que as funções eram meio misturadas. Ninguém era só ator. Tinha de ser também iluminador, cenógrafo, maquiador, diretor. Por isso mesmo ele acrescenta que a função de diretor sempre foi natural para ele. Dirigiu novelas, peças - agora mesmo está em cartaz em São Paulo sua montagem de Rain Man, com Marcelo Serrado no papel do autista que deu a Dustin Hoffman o Oscar de melhor ator (pelo filme de Barry Levinson, em 1988). Faltava assumir a direção de cinema, o que Wilker faz agora com Giovanni Improtta.

O filme que estreia nesta sexta-feira se baseia no personagem que Aguinaldo Silva criou no livro O Homem Que Comprou o Rio e transpôs para a novela Senhora do Destino. O público se identificou com a fala empolada de Giovanni, mas Wilker faz uma revelação. "O diretor da novela me deu os capítulos, pediu que eu estudasse, coisa que não fiz. Para impressioná-lo, disse que havia identificado aquela tendência do personagem, os advérbios. Gravei meio no improviso, depois achei uma porcaria e pedi para regravar, mas o pessoal já havia gostado e ficou."

Wilker conta que a direção de Giovanni Improtta ocorreu meio por acaso. "Estávamos terminando O Maior Amor do Mundo, e eu conversava muito com Cacá (Diegues) sobre novos projetos. Achava que Giovanni Improtta poderia ser bem bacana porque reflete o Rio e o Brasil, a mudança de poder, do dinheiro.

O Rio mudou, e a história de Giovanni, seu desejo de ascensão social, reflete a mudança. "Achei que seria muito interessante colocar tudo isso num filme, mas não pensava em dirigir. No fundo, queria que Cacá dirigisse, mas Renata (a produtora Renata Magalhães) e ele me convenceram a dirigir. Disseram que era um projeto meu, que eles cuidariam da produção, que eu teria os melhores técnicos e artistas. A proposta era tentadora e eu topei."

A propósito de dirigir para cinema, Wilker diz que seu teatro já mistura as duas linguagem. "Em Palácio Sem Fim, usei a iluminação como câmera, em Rain Man faço travelings com objetos de cena. Não sei nem se as pessoas notam, mas está lá."

A parte de criação é a boa, desgastante é correr atrás do dinheiro. "É um processo demorado. Sei disso porque, na Riofilme, fiquei um tempo do outro lado do balcão e sei como é frustrante quando as pessoas pedem dinheiro e a verba não existe, ou é curta." Só dirigir foi um prazer, até porque a equipe era de primeira. "Tive não apenas técnicos de experiência comprovada como um elenco de amigos queridos, que acrescentaram muito aos personagens, como Milton Gonçalves, Hugo Carvana, André Mattos. Criavam tanto nas improvisações, que eu tinha de dar um ?basta!?, dizendo que o filme era meu, não deles. E a Andréa (Beltrão) é uma diva na melhor acepção do termo. A cena da briga dela é uma coisa de louco."

GIOVANNI IMPROTTA - Direção: José Wilker. Gênero: Comédia (Brasil/ 2011, 100 minutos). Classificação: 14 anos.
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