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Cemitério da Piedade tem mausoléu de família tradicional, túmulo de menino milagreiro e de líder umbandista

Da Redação - Bruna Barbosa

Fundado entre os anos de 1817 e 1819, o Cemitério da Piedade, no Centro Histórico de Cuiabá, é lugar de repouso de personalidades cuiabanas como Jejé de Oyá, Liu Arruda e Dante de Oliveira, além de nomes tradicionais entre a cuiabania. Além dos nomes ilustres, o local tem o mausóleu da Família Orlando e a lenda de um menino milagreiro, o “Falcãozinho”. 

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Caminhar pelo Cemitério da Piedade, que nasceu de uma pequena chácara, é fazer uma viagem pela história da fundação de Cuiabá. Atualmente, não é mais possível adquirir jazigos no local e os sepultamentos são permitidos apenas para as famílias que já possuem os túmulos, como explica o gerente Sales Lourenço, que há 16 anos administra o lugar. 

“Antes da fundação de Cuiabá já aconteciam os sepultamentos aqui, tem alguns túmulos marcados com ano de 1812. Depois disso veio o cemitério do Porto e o Coxipó da Ponte, mas a cuiabania tradicional está enterrada aqui. Dos cemitérios municipais, aqui é o mais visitado”. 

Em muitos lugares do mundo, o turismo em cemitérios ficou famoso entre viajantes, que listam os cemitérios mais impressionantes para serem visitados. No entanto, Sales explica que o comportamento ainda não é uma realidade em Cuiabá, apesar do local ser um ponto de visitação importante para estudiosos da história da cidade. 

​“São poucas pessoas que fazem esse turismo de cemitério aqui, alguns vêm, mas é pouco. Nesses anos todos pesquisei e vi que em Portugal tem muito isso, lá é um ponto turístico, os cemitérios são diferenciados, no Japão também. Aqui em Cuiabá ainda não temos essa tradição. Algumas vezes aparecem estudantes que estão fazendo trabalho sobre a fundação de Cuiabá e o Cemitério Piedade faz parte dessa história”.

Túmulo de dentista que foi muito conhecido em Cuiabá ganhou placa do consultório, colocada por filho. (Foto: Olhar Direto)

No túmulo de Francisco Augusto Falcão, conhecido como Falcãozinho, dezenas de visitantes aparecem na busca de um milagre do menino. Ele morreu aos sete anos, em 1971, vítima de um câncer, mas ficou conhecido entre a cuiabania como símbolo de devoção à igreja católica. 

De acordo com os trabalhadores do cemitério, há relatos de pedidos que foram realizados. Sales conta que é comum os devotos de Falcãozinho deixarem brinquedos e doces. Do outro lado do Cemitério Piedade fica o túmulo de outra figura religiosa importante em Cuiabá: João Caveira. 

O líder da umbanda foi sepultado no local e, apesar do túmulo não ter placa ou informações sobre o ano da morte, os visitantes sempre encontram João Caveira para deixarem oferendas e fazerem suas preces. Sales conta que João Caveira foi uma figura importante na umbanda e liderava um terreiro. 

Ao lado da capela do Cemitério Piedade, uma grande estrutura se destaca entre os túmulos. O gerente explica que o mausoléu da Família Orlando, apesar dele desconhecer a história dos que estão enterrados ali. O historiadoriador Francisco das Chagas conta que famílias ricas costumavam construir as próprias "capelas" para enterrarem os entes queridos. 

Em outro ponto do cemitério, 19 freiras foram enterradas em um jazigo que é conhecido por ter uma estrutura diferenciada, já que as gavetas são acessadas por um alçapão. Já o túmulo da Baronesa de Diamantino carrega excentricidade na construção feita com peças que vieram da Europa. 

Em 2006, ao som de “América”, de Milton Nascimento, o corpo do ex-governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, também foi enterrado no Cemitério da Piedade, no jazigo da família. Sales conta, além de Dante, o túmulo de figuras históricas como o ex-governador Garcia Neto, Baronesa e Barão de Diamantino, Estevão de Mendonça, Frei Quirino, Barão de Melgaço e do ex-presidente da Câmara Júlio Pinheiro, estão entre os visitados.
 
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