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Notícias / Turismo

Cuiabanos organizam viagem em família e se surpreendem com cancelamento de 18 passagens: 'minha mãe chorou'

Da Redação - Bruna Barbosa

Em novembro do ano passado, a família da estudante de engenharia Taiza Carolina Santos da Silva, de 28 anos, decidiu organizar uma grande viagem para o Rio de Janeiro (RJ), onde alguns dos familiares da jovem sonhavam em conhecer o mar pela primeira vez. Taiza lembra que a linha "Promo" da 123milhas, que tem passagens em datas flexíveis e preços mais baixos, estava com bons preços para embarque em novembro deste ano. 

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No final de semana, ela e centenas de brasileiros descobriram que a empresa não iria emitir as passagens da linha Promo com previsão de embarque entre setembro e dezembro deste ano. De acordo com nota da 123milhas, a alta pressão da demanda por voos, que mantém elevadas as tarifas mesmo em baixa temporada, e taxa de juros elevada motivaram o cancelamento das vendas já efetuadas. 

"Escolhemos uma data bem distante para termos tempo de organizar, porque são pessoas humildes. Em 17 de janeiro de 2022, compramos passagens para 10 a 20 de novembro de 2023. Foram compradas 12 passagens nesse dia e o restante foi comprado entre dezembro [de 2022] e janeiro [deste] ano", conta a universitária. 

Os valores pagos pelos clientes serão devolvidos em vouchers, com correção monetária de 150% do CDI - acima da inflação e dos juros de mercado. O anúncio da suspensão foi feito no site da 123 Milhas na sexta-feira (20). Taiza lamenta não ter sido informada oficialmente pela empresa e descobriu sobre o cancelamento das passagens promocionais através da imprensa. 

"Não estava em Cuiabá quando recebi a notícia, tinha ido passar um final de semana em Chapada dos Guimarães, no aniversário de um amigo. Acabou com meu rolê. Fiquei pensando muito nas crianças que estavam tão empolgadas para conhecer e no quanto ia ser doído explicar para elas. Voltei para Cuiabá e fui verificar no site, para ver se tinha sido prejudicada. A mensagem estava lá". 

A universitária conta que os vouchers serão pagos de forma parcelada e de uso exclusivo no site da 123milhas. Ela e os familiares pagaram entre R$ 320 e R$ 380 pelas passagens de ida e volta para o Rio de Janeiro. No entanto, atualmente os bilhetes para as datas que a viagem foi planejada estão sendo disponibilizados pela empresa por quase R$ 3 mil. 

"Já alugamos dois apartamentos que custaram R$ 5 mil cada. Eu quero que as passagens sejam emitidas, porque não tem como a gente conseguir comprar outras, porque, primeiro: o voucher é inútil. Segundo: não temos condições de arcar com R$ 2 mil de diferença. R$ 36 mil assim do nada? Um absurdo". 

Caso não consigam embarcar para o Rio de Janeiro, Taiza ressalta que a família também terá o prejuízo das hospedagens, roupas, malas, brinquedos para crianças e outros produtos que foram comprados durante o planejamento. 

"Todo mundo ficou muito chateado, a minha mãe chorou. Para as crianças não contamos ainda, porque temos fé que vamos dar um jeito. A maior parte das pessoas que iam, nunca foram a praia. É a destruição de um sonho mesmo. Se a gente tivesse outra oportunidade para viajar, a gente não se arriscaria em comprar no mais barato. Chorei vendo o vídeo da mãe que não via o filho há quatro anos e teve a passagem cancelada". 

Taiza explica que foi orientada a procurar o Juizado Especial para solicitar uma liminar de cumprimento de contrato. O Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) apresentou à Justiça uma ação civil pública em que pede o bloqueio das contas bancárias ligadas à agência de viagens 123milhas e aos sócios ou acionistas da empresa, após a suspensão de passagens em promoção.
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