Amigas de MT criam grupo de pescaria com direito a banda própria: ‘pescamos melhor que muito homem’
Da Redação - Bruna Barbosa
A ideia de criar um grupo feminino de pesca surgiu por acaso enquanto a veterinária Jéssica Tomé Trevisol, de Sapezal (473 km de Cuiabá), olhava perfis de pescaria no Instagram, em 2021. Jéssica percebeu que a maioria deles era formada por homens e decidiu criar o próprio grupo com as amigas. Uma foi chamando a outra e, atualmente, 25 mulheres mato-grossenses fazem parte do “Netas do Velho”. Desde então, elas se encontram uma vez por ano para pescar em rios de Mato Grosso ou do mundo: não há limites.
“Comecei a chamar as mulheres, começaram a falar que tinham amigas que adoravam pescar, tocavam gaita, violão. Foi uma chamando outra. Chamei minhas amigas de Sapezal, comecei a mandar no grupo. De início arrumamos 13 meninas. Depois disso fomos para a pescaria, parecia que o grupo já se conhecia, foi uma parceria muito gostosa, muito bacana”, conta Jéssica.
Na primeira viagem, o grupo foi pescar no Rancho do Mano, no Manso, em Chapada dos Guimarães (64 km da Capital). O encontro foi um sucesso e se repetiu no ano seguinte, quando pescaram em uma chalana de Cáceres (220 km de Cuiabá). A pescaria de 2023 aconteceu na semana passada, quando elas viajaram para Yahapé, na divisa entre Argentina e Paraguai.
O grupo é composto por empresárias, veterinárias, agrônomas e produtoras rurais. Todas são de Mato Grosso e, além do amor em comum pela pesca, também são apaixonadas pela música. A produtora rural Michele Guizini, de Juara (640 km da Capital), conta que as Netas do Velho montaram a própria banda.
“Somos as ‘Tri Netas’: Letícia na sanfona, Nayara no violão e eu no cajón. Tocamos no meio do rio”, lembra Michele.
Em um dos vídeos da viagem, que aconteceu entre 6 e 10 de abril, as amigas aparecem animadas ao som de “Nova York”, de Chrystian e Ralf, enquanto tocam e cantam dentro de barcos depois da pescaria. De acordo com ela, as mulheres nunca foram vítimas de comentários machistas na pescaria e garante: "pescamos melhor que muito homem".
Michele explica que depois da criação, o grupo se formalizou com direito a presidência, que é exercida por Jéssica e criação de camisas especiais para cada viagem. No final de cada pescaria, o próximo destino já é apresentado para as integrantes do grupo.
Em 2025, a expectativa é de que elas pesquem na região do Xingu. A produtora rural ressalta que entre amigas sempre prevalece o respeito, já que a pescaria na viagem é um momento de descontração e lazer.
“É muito bom, porque além de sermos mulheres, somos amigas. Então, tudo que fazemos fica na pescaria. As meninas que bebem aproveitam para beber. Tem as competições também dentro do grupo: maior peixe, menor peixe, desastre, animação. Temos patrocinadores também, camisas oficiais de cada lugar que vamos pescar. Esse ano não foi diferente. É sempre muito bom e saudável pescar com as minhas amigas”.
A mato-grossense brinca que antes mesmo do fim de uma viagem, as integrantes já estão ansiosas para a próxima pescaria. Além de terem praticado a pesca esportiva na Argentina, Michele destaca a importância do momento de descompressão da rotina de trabalho.
"É muito bom porque cada um tem seu emprego, casa e família. A gente se reúne uma vez por ano para desligar mesmo. Então, é muito bom, é sempre muito alegre, divertido e leve. Geralmente vamos para lugares que não tem internet, ficamos desligadas de tudo. Quase não falamos de trabalho, porque o intuito dessas viagens é para espairecer mesmo".