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Cuiabá se torna "palco" de grandes instrumentistas da música de concerto no Brasil

Da Redação - Stéfanie Medeiros

Cuiabá vem cada vez mais se firmando como centro de expressão da música erudita. Os instrumentistas deste estilo, além de apresentações na capital, também têm ministrado oficinas a crianças e jovens que se lançam no aprendizado da música.

Três presenças marcaram recentemente a vida de estudantes de música e da plateia cuiabana.

Na semana passada, Cláudio Torezan alinhou a agenda e deu oficina de contrabaixo aos alunos do Instituto. Ainda atuou junto à Orquestra do Estado de Mato Grosso em concerto no final de semana, que tinha como solista, o acordeonista Toninho Ferragutti.

Na plateia, outro grande nome da música erudita no Brasil, o clarinetista Luiz Montanha acompanhava tudo de perto, junto ao presidente do Instituto Ciranda, o maestro Murilo Alves. Montanha também ministrou oficina aos alunos da instituição.

Nesta semana é a vez do jovem e talentoso violoncelista Richard Gonçalves, que vem de São Paulo para repassar seus conhecimento da música a estudantes de Cuiabá. Além de transmitir conteúdo, ele também troca vivências com os alunos.

A demanda por profissionais deste timbre cresce na capital, especialmente por conta da atuação do Ciranda, que vem formando cada vez mais alunos e dando origem a vários outros organismos musicais, como big bands, cameratas e orquestras. Sem contar que várias outras organizações têm se dedicada à ampliação de plateia.

Pela primeira vez em Cuiabá, o clarinetista Luiz Montanha comemorou a interação com os estudantes do Ciranda. “Comecei a tocar aos 12 anos e agora estou aqui, de frente a eles ministrando uma oficina. É importante que eles tenham esse parâmetro, para ver que o que parece ser longínquo está mais próximo deles do que imaginam. Comecei igual a eles”.

Montanha ressalta que é importante agarrar-se à oportunidade que eles têm agora. “Eles têm que agarrar essa chance e buscar cada vez mais conhecimento”. Atitude que o clarinetista do Teatro Municipal de São Paulo persiste até hoje. Ele é também professor de música na Universidade de São Paulo (USP), fez mestrado, doutorado em “Práticas Interpretativas” e busca sempre ampliar seu horizonte.

“Cada vez mais se abrem leques para a performance dentro da academia”, destaca.

Montanha aconselha os estudantes e profissionais da música a buscar sempre a ampliação do conhecimento. “É preciso se inteirar da cultura, ouvir de tudo, ler, assistir. É preciso ter consistência cultural para se expressar. Tocar todo mundo pode, mas só o artista tem a capacidade de se expressar e, para ser artista, é preciso se inteirar de tudo o que está acontecendo social e politicamente para entender a situação e ver qual o papel dele. Não adianta só estudar música, tem que ter uma visão ampla”, ressalta.

E é por isso que Montanha possui uma carreira intensa e plural. “Gosto de orquestra, mas por vezes o músico acaba se perdendo naquele universo todo, por isso, aprecio muito tocar em cameratas, com número de músicos reduzidos, em quartetos ou quintetos”.

E neste segmento, ele dedica-se a produzir música contemporânea com novas linguagens e técnicas. Dentre estes, pontua-se o trabalho que desenvolve junto ao grupo Sujeito a Guincho.

“Agradeço a essa nova oportunidade que o Ciranda me deu, de dividir com os alunos minhas ideias, minha música e agradeço ao convite da musicista Jéssica Gubert, que foi minha aluna em um festival de férias em Poços de Caldas, onde surgiu o convite para vir para cá”, diz Montanha, respirando novos ares e estimulando músicos cuiabanos em formação.
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