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Após dois anos de pandemia, comunidade islâmica se reúne para grande café da manhã pós-Ramadã em Cuiabá

Da Redação - Isabela Mercuri

Cerca de 120 pessoas passaram, na manhã desta segunda-feira (2), pela mesquita islâmica de Cuiabá para participar do “Eid Al-Fitr”, evento de comemoração ao final do mês do Ramadã. Além das rezas, muçulmanos e muçulmanas aproveitaram para reencontrar amigos e familiares e tomar um tradicional café da manhã. O Eid é o evento mais importante da religião, e acontece uma vez por ano, mas foi suspenso em 2020 e em 2021 por conta da pandemia de Covid-19. Em Cuiabá, atualmente, há cerca de 250 famílias muçulmanas. 

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Segundo o sheik Rami Zammar, o Ramadã acontece no nono mês do calendário lunar, que guia os islâmicos. Por este motivo, a cada ano ele é realizado em um período diferente. Durante este mês, os muçulmanos têm que fazer jejum total da alvorada até o pôr do sol. Além disso, há mais orações diárias neste período, por ser um mês sagrado.



“O muçulmano jejua este mês porque é obrigatório.  É uma obrigação que Deus mandou, igual à obrigação da oração. Mas o jejum não é um tipo de castigo, o jejum é um tipo de purificação, de disciplina, de paciência. No caso de uma pessoa que é doente, especialmente que tem uma doença grave, ou idoso, que acha difícil de jejuar, então a obrigação para essa pessoa é não jejuar. Mas têm que pagar uma doação para os pobres. E geralmente tem que pagar antes do dia do Eid.  Durante o mês do Ramadã essas pessoas pagam para a diretoria da Mesquita, ou trazem cesta básica, ou vai pagar dinheiro para distribuir para os pobres, para que pobres também tenham alegria nesta festa”, explica o sheik.

O Ramadã também é marcado pelas doações aos pobres (Foto: Olhar Direto)


Café da manhã servido com alimentos 'halal', ou seja, permitidos. Não há carne de porco. (Foto: Olhar Direto)

Segundo Nagib Hallak, 19, o Ramadã converge com o mês em que o Alcorão Sagrado foi revelado. Com isso, nas dez últimas noites do mês, qualquer ação ou oração feita tem a validade de 84 anos, ou seja, mil meses. Ele, que faz parte da comunidade islâmica, conta que o evento é muito importante para os muçulmanos de todo o mundo, e que é possível fazer adaptações de acordo com as necessidades.

“A gente a gente usa o calendário lunar, e a gente adapta com o horário da Arábia Saudita mais ou menos. O jejum ele começa a dar alvorada, mais ou menos umas quatro e meia atualmente, e termina por volta de umas cinco e quarenta. Aqui seria por volta de umas treze horas de jejum mais ou menos. Mas isso varia de cada lugar do mundo. Alguns lugares do mundo podem chegar a dezesseis horas por dia, dezoito horas por dia. Mas tem também os lugares que o sol não se põe, como no Pólo Norte ou no Alaska. Nesse caso, essas pessoas muçulmanas que moram lá adaptam com horário do país muçulmano mais próximo ou eles usam o horário de Meca”, explica.

Nagib Hallak (Foto: Olhar Direto)

Durante todo o Ramadã, a quebra de jejum diária também é um momento de alegria para os islâmicos. Aos sábados, por exemplo, em Cuiabá eles se reúnem para um jantar na mesquita, em que cada família leva um prato ou um doce. O café compartilhado deste Eid também foi feito desta forma. No cardápio, havia desde quitutes cuiabanos, como o famoso bolo de arroz, até iguarias árabes, como o Barazek (biscoito de gergelim).

“Algumas pessoas vêm aqui dias antes da festa, deixam os pratos preparados e outras trazem durante as festas. Está acontecendo a oração, eles vêm trazendo os pratos de comida e deixam lá embaixo”, explica Nagib. Segundo o sheik Rami, é obrigatório ir à mesquita no dia do Eid somente para fazer as orações, e a quebra do jejum pode ser feita em casa.

“Na verdade, temos duas festas a cada ano, temos essa festa depois do mês do Ramadã, temos a oração dessa festa, e tem a outra festa que vai chegar daqui a dois meses, depois da peregrinação. É também do mesmo jeito, tem que rezar na mesquita bem cedo e vai fazer uma festa igual aqui. A comunidade aqui prefere vir para a mesquita para encontrar com todo mundo”, declara.

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