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Notícias / Literatura

Autores do “Literamato II” participam de evento com estudantes em Tangará da Serra

Da Redação - Isabela Mercuri

Três autores selecionados pelo projeto “Literamato II” participaram, na última quarta-feira (20), do primeiro encontro literário de Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), no Centro Cultural Pedro Alberto Tayano Filho. Eduardo Mahon, Luciene Carvalho e Stéfanie Sande conversaram com estudantes no evento, que foi organizado por professores dos Institutos Federais sob a coordenação da professora doutora Walnice Vilalva.

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O projeto Literamato II selecionou dez títulos para distribuição gratuita nas escolas públicas do estado. De Luciene Carvalho, o escolhido foi “Na pele”. De Stéfanie Sande, “Inclassificáveis”, e de Eduardo Mahon, “Festa”. Além destes, também foram distribuídos os livros de Aclyse de Matos, “Já não podem ser amanhã”, de Ângela Coradini, “Fantasma da Vila Maria”, de Agnaldo Rodrigues, “Acordes para uma menina cantar”, de Marilza Ribeiro, “Aldrava”, de Edson Flávio Santos, “Jardim dos ossos”, Marli Walker e “O segredo de Marguerite”, de Luck P. Mamute.
 
Além da professora Walnice, a equipe organizadora do primeiro encontro literário de Tangará da Serra também foi composta pelos professores Cláudio Márcio, Adilson Vagner, Gabriela Rodrigues, Daniele Cristina, Michael Alves. O “Literamato II” é um projeto de difusão da literatura brasileira produzida em Mato Grosso. Nesta segunda edição, foram distribuídos dez mil livros nas escolas públicas de Mato Grosso.
 
O escritor e advogado Eduardo Mahon, autor de 25 obras literárias, frisou a importância do movimento de interiorização da literatura produzida em Cuiabá. De acordo com ele, essa circulação quase não foi feita nos últimos cem anos, pois as instituições culturais concentravam-se majoritariamente na capital.
 
Com o surgimento da Unemat, houve um giro nesse centro de gravidade. "Particularmente, eu me senti muito feliz. Uma coisa é você ser discutido por quatro ou cinco trabalhos. E outra coisa muito diferente é você ser lido por 600, mil, mil e quinhentas pessoas. É muito diferente. A literatura está ganhando um status que a gente buscava há muitos e muitos anos. Um reconhecimento muito bonito”.
 
A escritora Luciene Carvalho, um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea produzida em Mato Grosso, comentou: "Parece que os deuses da literatura celebraram aquele encontro. Os escritores deram o seu melhor. E a plateia… quanta entrega! Quanta alegria de estar ali. Para além da literatura até. Para além. É uma construção que floresceu. Foi uma troca humana. Houve uma beleza, um celebrar de pessoas que queriam estar próximas. Estávamos todos muito presentes”.
 
Durante o evento, Luciene recordou que estava em Tangará da Serra no dia em que a pandemia do Covid-19 foi anunciada em 2020. O evento, então, marcou um retorno."Literamato II é um fenômeno brasileiro. Política pública feita a partir do terceiro setor. Eu quero cumprimentar e celebrar os organizadores, os professores que cotidianamente trabalham a literatura, os estudantes, todos que estavam lá. Eu também quero cumprimentar e celebrar os escritores Eduardo Mahon, pela continuidade da luta pela literatura, pelo entusiasmo único, e a Stéfanie Sande, que começa a sair do lugar de isolamento do escritor e começa a entender que existe um movimento imenso em Mato Grosso e que nós precisamos ocupar o lugar. Que precisamos chegar”.
 
A escritora e jornalista Stéfanie Sande, a caçula do trio, comenta o impacto de ver a obra sendo discutida por tantas pessoas. Ela comentou que, durante a escrita de “Virgínia”, seu segundo romance, o isolamento da pandemia foi suavizado. Mesmo assim, o processo de escrita é um processo solitário.
 
"Quando a professora Walnice me convidou para o encontro, aceitei com prazer e não pensei muito sobre o assunto. Foi só quando entrei no centro cultural lotado de adolescentes que entendi a magnitude do projeto. Pedi licença e corri para o banheiro, onde tive que respirar fundo não sei quantas vezes. Fiquei nervosa. Quando subi no palco ao lado de Luciene Carvalho e Eduardo Mahon, vi aquele mar de rostos nos olhando de volta. É difícil descrever essa sensação. O processo de escrita de 'Virgínia' deu o giro completo e agora não é mais só meu. Não é mais 'eu e a página' no meio da noite, mas todas as pessoas que leram a obra”, afirmou.
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