Imprimir

Notícias / Arquitetura, décor e design

Bar Colorido era casa de prostituição altamente frequentada pela elite cuiabana

Da Redação - José Lucas Salvani

Durante a década de 1950 e 1960, um bar era era muito famoso entre os membros da elite cuiabana e sociedade em geral. Com luzes de cores diversas, o bar ganhou o nome de Colorido e, na verdade, era uma casa de prostituição comandada por Maria Umbelina, que comandava a região do Beco do Candeiro, por ter um dos principais estabelecimentos da época.

Leia também:
Cuiabá contou com liga de senhoras católicas que propagavam “bons costumes” com receio da “vida moderna”

“Aquele ponto onde termina o Beco de Candeeiro era uma zona de prostituição. Nos anos 1950, era muito agitado. Haviam diversas casas de 'tolerância'", explica o pesquisador Aníbal Alencastro ao Olhar Conceito. Uma das principais era a residência de Umbelina, construída ainda na época do Brasil colonial pelo comendador José Henrique Vieira. Com o passar dos anos, chegou nas mãos da proprietária que recebeu deu teto para muitas mulheres em troca dos serviços sexuais.

Aníbal explica que a casa funcionava como bar, boate, com salão de festas, e local de prostituição. Seringueiros, fazendeiros e pessoas da alta elite mato-grossense eram os principais frequentadores. Eles passavam temporadas no bar e tinham garotas de programa específicas que sempre aguardavam a chegada destes homens. Era comum ver carros “grandiosos” estacionados em frente ao Bar Colorido.

“[Lá] vivia em festa. Todo sábado e domingo tinha festa. Tinha uma orquestra que praticamente habitava lá. Eles tocavam música e faziam parte do lugar. Era uma boate [praticamente]. Vinham esses 'coronéis' e cada um tinha uma mulher lá. Os seringueiros não iam para casa e passavam uma semana”.

O pesquisador era muito jovem quando o Bar Colorido fazia sucesso, mas se lembra de frequentar a região “clandestinamente”. Segundo Aníbal, havia um guarda municipal que se tornou segurança da região. Chamado apenas de Alfredão, ele segurava mais o Bar Colorido, graças a um acordo com Maria Umbelina, explica o pesquisador em entrevista ao Olhar Conceito.

Dentro do bar, Aníbal lembra que havia um altar dedicado a São Jorge, porque Maria era devota ao santo. O altar ficava em um dos cantos da casa, envolto de luzes. “A devoção dela pelo São Jorge era formidável, tanto que eu sempre ficava admirado de ver. Ela colocava luzes [em volta]. Todo mundo que fosse lá, precisava fazer reverência ao São Jorge”.

O bar teria durado por volta de 10 anos, mas sua estrutura permaneceu. Mestre em História, Suelme Fernandes, afirmou ao Olhar Conceito que o Bar Colorido ainda está em pé. Um dos poucos prédios no Largo do Rosário é o antigo bar, segundo Suelme, e não foi demolido sequer na época da construção do VLT, quando o transporte era cogitado para a região. "O Bar Colorido está sobrevivendo aos escombros".

Atualizada às 13h21, de 4 de fevereiro de 2021.
Imprimir