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Notícias / Comportamento

Solidariedade e sobrevivência: Mato-grossenses fazem máscaras caseiras em meio à pandemia

Da Redação - Isabela Mercuri

O governo de Mato Grosso enviou à Assembleia Legislativa um projeto de Lei que prevê multa a quem não usar máscaras no estado. Há alguns dias, a Organização Mundial de Saúde e o Ministério já recomenda o uso para evitar a propagação do no coronavírus (Covid-19), mas antes mesmo destes apelos os mato-grossenses já encontraram neste produto tanto uma forma de driblar a crise quanto de ser solidário.

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Muitas famílias que ficaram sem renda, por exemplo, passaram a pensar em novas alternativas para ganhar dinheiro. Foi o caso do cabeleireiro Osiel Martins de Souza, 38. Seu salão de beleza está fechado desde o dia 23 de março, quando saiu o primeiro decreto municipal e, como ele, a mãe e as tias já costuravam, embarcou nesta ideia.
 
“Eu sempre tive uma máquina para fazer pequenos consertos”, contou ao Olhar Conceito. “Meu companheiro trabalha num hospital, e o hospital estava precisando de máscaras. Então fizemos 550 para doar, e assim começou a procura de vizinhos e amigos”.
 
Com a grande procura, Osiel, duas tias e sua mãe começaram a produção. Até agora, já foram mais de 700 unidades vendidas. Na semana passada, a família chegou a ficar das 8h da manhã às 23h na produção, ainda mais com o aumento da procura depois que o governo afirmou que o uso seria obrigatório.
 
As máscaras são feitas de tricoline, com tecido duplo e forrado, e vendidas a R$5. Osiel faz entregas, sem custo, em vendas acima de dez unidades. Também é possível pagar com cartão.
 
Pague se puder

 
Outra família que entrou na onda de produzir as máscaras foi a da paranaense Gabriela Monfredini Carvalho Neves, 29. Ela, que vive com a avó e o pai, ambos idosos, estava muito preocupada com a contaminação, principalmente quando seu irmão passou a ter sintomas de gripe.
 
Gabriela está afastada do trabalho para um tratamento de saúde, e, assim que o irmão passou a ter alguns sintomas gripais, saiu à procura de álcool em gel e máscaras, mas não encontrou. Como já tinha tricoline em casa, sua avó decidiu confeccionar algumas máscaras.
 
“Eu mandei no grupo pra alguns amigos meus explicando, porque a gente estava trocando informações”, conta. Essas amigas – muitas que não tiveram como parar de trabalhar – passaram a querer comprar as máscaras confeccionadas pela avó de Gabriela, Vanilda Monfredini Carvalho, de 78 anos. E ela decidiu vender. 
 
“A gente decidiu que quem tiver condição, paga um valor, e a gente reverte isso para comprar material para fazer mais máscaras e doar para quem precisa”, conta. Até agora, já foram mais de cem máscaras confeccionadas. Além de ajudar ao próximo, a Vanilda, que estava ociosa em casa, conseguiu uma nova ocupação.
 
A mãe de Gabriela, Vania, faz as entregas para quem não conseguir ir buscar os produtos. Cada máscara – também feita de tricoline – sai a R$10 para quem puder pagar.
 
Inovando no negócio
 
Quem já trabalhava com confecções também pode perceber uma nova oportunidade de negócio. Foi o caso de Jefferson Maciel, 27. Ele possui uma empresa de design que trabalha com brindes e presentes personalizados, como almofadas e canecas, de vende totalmente online.
 
“A gente decidiu fazer as mascaras em parceria com o Instituto Hilarius, que trabalha com crianças carentes. Eles estão abrindo uma sede no Dr Fabio e fazem trabalho hospitalar”, explica Jefferson.
 
A ideia inicial, então, foi de fazer máscaras para este instituto. Mas, aos poucos, a procura começou a aumentar, e o empreendedor começou a fabricar as máscaras personalizadas com logos de times, fotos, frases, desenhos animais, dentre outros.


Máscara personalizada de time é uma das novidades (Foto: Arquivo Pessoal)

Agora, parte da renda com a venda das máscaras personalizadas é revertida para doação nos bairros periféricos. “A gente mesmo que costura, que fabrica, porque tem a parte de costura aqui”, explica. “Elas são feitas em dois materiais, duas camadas de TNT - mesmo material das mascaras descartáveis  - e uma de material de tecido para personalizar”. As máscaras personalizadas custam R$10, e a taxa de entrega em Cuiabá e Várzea Grande é de R$5.
 
Serviço

 
Osiel – (65) 99202-6599
Gabriela / Valquiria / Vania – (65) 99902-0006
Jefferson – (65) 99345-0489
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