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Notícias / Artes visuais

Mais de 50 obras de Irigaray, Adir Sodré e outros artistas desaparecem após exposição do Governo Taques

Da Redação - Isabela Mercuri

Cinquenta e duas obras de artistas mato-grossenses como Clóvis Irigaray, Adir Sodré, Adriano Figueiredo, Babu78, Gorayeb, Jean Siqueira, Hugo Alberto, dentre outros, estão desaparecidas desde 2016, depois que o Movimento Rota foi convidado para expô-las no Gabinete de Assuntos Estratégicos do Governo do Estado de Mato Grosso (GAE). As telas, que foram deixadas na Arena Pantanal, já foram até mesmo para a Caravana da Transformação (sem autorização) e, até hoje, os integrantes do Movimento não têm respostas.

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Segundo André Eduardo de Andrade, cofundador e coordenador do Movimento Rota, as obras, que foram feitas durante algumas edições do Vem pra Arena e de eventos nas praças, iriam para uma exposição na Arena Pantanal, em setembro de 2016.

“A gente foi pra Arena Pantanal, mas não conseguiu subir esses quadros porque o elevador estava quebrado. Passado isso, a gente ficou de se organizar pra fazer tudo de uma vez só. Mas na outra semana o secretário adjunto do GAE mandou mensagem falando que não ia rolar mais, porque tinha dado problema e eles iam mudar de onde estavam”, contou ao Olhar Conceito.

A equipe do ROTA foi até o local retirar as obras, no entanto, o responsável não estava, e não foi autorizada a retirada. Duas semanas depois, as telas não estavam mais lá. “Quando fomos de novo pra buscar, as obras não estavam lá e ninguém sabia onde estava. A gente ligou na Secretaria de Cultura e falaram que tinham achado lá dentro. Passamos por vários tramites, tivemos problemas com uma funcionária por conta de racismo, e quando eu fui buscar de novo, ninguém sabia onde estavam as obras. As que estavam lá eram outras”.

No final das contas, ninguém sabia onde estavam as obras de arte. André chegou a ouvir que elas teriam ido, inclusive, para a Caravana da Transformação, sem nenhum tipo de autorização.  

Em 2017, o coordenador chegou a ir novamente até a Secretaria de Cultura, na época comandada por Gilberto Nasser, para cobrar explicações. “Ele contou uma história dele, de um piano da avó dele que também sumiu, e foi encontrado todo quebrado. (...) Ele disse pra mim, basicamente, que eu não tinha direito a reclamar, que era pra deixar pra lá e aprender com isso, porque quando a gente entrou [na Arena], como eu não tinha subido as obras, eu não tinha feito nenhuma documentação”, lamenta.

André ainda entrou em contato com um advogado, que afirmou que havia sido aberto um procedimento interno de investigação dentro do governo, mas que havia durado quatro meses. “Nunca vi esse processo, nunca tive resposta oficial. A única que veio foi da Secretaria de Cultura se eximindo do erro. Ninguém nunca nem se prestou a ajudar”.  As 52 obras estão perdidas até hoje.

O Olhar Conceito entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), que afirmou que “A Secretaria não participou nem teve envolvimento na exposição. Todas as obras que a Secretaria assume uma responsabilidade, ela assina um termo de responsabilidade com o artista. O Movimento teria que buscar junto ao GAE, porque é responsabilidade deles”.

Já a assessoria da Casa Civil, a quem o GAE é vinculado, disse: "Como o caso ocorreu na gestão anterior, a atual gestão ainda não possui informações a respeito. Continuaremos checando para averiguar o que de fato aconteceu".

As obras que desapareceram eram metade do ROTA, de doações feitas pelo artista, e outra metade dos próprios artistas. Era o Movimento, no entanto, quem fazia o controle e o cuidado das obras. “Elas foram feitas de maneira coletiva, e a ideia era que fosse sempre uma exposição itinerante. Antes de ir pra Arena, nós estávamos no Museu de Arte de Mato Grosso”, finaliza André.

*Atualizada às 16h41.
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