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Notícias / Arquitetura, décor e design

Obras arquitetônicas no centro preservam parte da história de Cuiabá através dos anos

Especial para o Olhar Conceito – Thalita Araújo

Paredes que sustentam muita história. Há muitas delas pela cidade, celebrando os 294 anos de Cuiabá. Um passeio atento e curioso pelo Centro Histórico da capital mato-grossense pode revelar boas surpresas em meio a obras antigas e que ajudam a reconstituir a vida dos cuiabanos até aqui.

Muitas vezes, em meio à correria cotidiana, nos distanciamos desse olhar mais atento, sobretudo ao lugar onde moramos. Por isso, o Olhar Conceito reúne aqui alguns dos monumentos históricos mais representativos da nossa querida Cuiabá. Confira:

Palácio da Instrução: do abrigo das armas ao imenso poder dos livros


Um local que antes abrigava uma unidade federal militar e suas armas, hoje dá lugar a outro tipo de arma, talvez a mais poderosa de todas elas: os livros. Muitas décadas se passaram para que fosse feita essa transição, mas em todas elas havia algo em comum, a imponência do prédio chamado Palácio da Instrução.

Localizado em frente à Praça da República, pequena porção da cidade onde primeiro se concentraram os grandes poderes – religioso, político e militar – o prédio de estilo Neoclássico chama a atenção de quem passa pelo Centro de Cuiabá.

No período imperial o espaço era ocupado pelo 21º Batalhão de Infantaria. Em meados de 1889, quando da Proclamação da República, deu lugar ao 8º Batalhão. Conta-se que no mesmo espaço havia duas pequenas casas e em uma delas teria nascido o Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, em 1883. Ele foi o décimo sexto Presidente do Brasil, o único oriundo de Mato Grosso.

Em 15 de maio de 1911 foi lançada a pedra fundamental da construção do Palácio da Instrução. Ali tiveram funcionamento a 1ª Escola Normal e o Liceu Cuiabano.

Grande Hotel: imponente obra do Estado Novo de Vargas em Cuiabá



Atrás da Igreja Matriz, na esquina que liga a Rua Joaquim Murtinho à Avenida Getúlio Vargas, um belo prédio de varandas circundadas por arcos abriga hoje a Secretaria de Estado de Cultura. Em 1940, ali começava a ser erguido o Grande Hotel, uma das obras oficiais que vieram junto à política de modernização do Estado Novo do então presidente Getúlio Vargas.
Varandas, pátios e 38 quartos, todos desenhados por uma arquitetura de linhas retas, geométricas e elegantes, típicas do estilo Art Dèco, bastante utilizado nas obras do governo de Getúlio.
Durante seu período áureo, o Grande Hotel hospedou muitas personalidades da época, como Emilinha Borba (rainha do rádio), Ângela Maria, Procópio Ferreira, o próprio presidente Getúlio Vargas, dentre outros. Ali, os bailes de carnaval no salão de festas e pelas varandas eram muito concorridos pela sociedade cuiabana.

Duas décadas após sua construção, nos anos 1960, o Grande Hotel deixou de funcionar.

Casa Barão de Melgaço é o retrato típico da sociedade colonial cuiabana



Um casarão que aos padrões atuais nada tem de exuberante, a Casa Barão de Melgaço, localizada no Centro Histórico de Cuiabá, esquina da Rua de mesmo nome e da Voluntários da Pátria, é um retrato típico das moradias da alta sociedade da Cuiabá colonial.

Estima-se que a casa foi construída entre 1.775 e 1.777. A partir de 1.843 lá morou uma importante figura da história de Mato Grosso que daria nome tanto à casa quanto à rua, o Barão de Melgaço.
Marinheiro e intelectual francês de Saint Malô, Auguste Leverger, o Barão, chegou a ocupar a nobreza no período imperial e também a presidência da Província de Mato Grosso.

Casa foi lar de 14 dirigentes de MT e palco de grandes decisões políticas



A partir de 1.937, quando se instalava no Brasil o chamado Estado Novo de Getúlio Vargas, Mato Grosso tinha como interventor Júlio Strünbing Müller, em cujo governo foram realizadas as mais importantes obras arquitetônicas do período. Entre elas, a Residência dos Governadores, localizada na Rua Barão de Melgaço, atrás da Prefeitura Municipal.

Durante 45 anos, a residência foi o lar de 14 dirigentes do estado de Mato Grosso e de suas famílias. A casa foi palco de importantes encontros e grandiosas decisões políticas.

O projeto foi elaborado por Humberto Kaulino, seguindo o estilo moderno de arquitetura que ia surgindo no Rio de Janeiro na década de 30, a qual tinha inspiração californiana e pinceladas do antigo barroco.
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