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Cuiabanos integram projeto que utiliza bordados para conscientização socioambiental

Da Redação - Isabela Mercuri

Cerca de trinta pessoas assistidas pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da Prefeitura de Cuiabá, e algumas comunidades carentes da Capital, participam agora do projeto da Interligação Elétrica do Madeira (IE Madeira), que utiliza o bordado como forma de conscientização ambiental.

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A articulação para a inserção da capital mato-grossense entre as dez cidades - que recebem o nome de ‘Entre Rios’ - foi feita pela primeira-dama Márcia Pinheiro. As pessoas incluídas no projeto foram encaminhadas para as instalações do Instituto Pró Ação de Desenvolvimento Sustentável da Pessoa e a Inclusão (Proaspi), entidade conveniada com a Secretaria de Assistência Social de Cuiabá, onde os trabalhos são executados.

Idealizado pela IE Madeira, o ‘Entre Rios’ elegeu dez cidades localizadas ao longo do sistema de transmissão do Complexo do Rio Madeira, popularmente conhecido como “Linhão do Madeira”, para participar deste projeto de educação socioambiental.

O Linhão conta com 5 mil torres e atravessa 81 municípios, partindo do estado de Rondônia, passando por Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O IE Madeira causa danos ambientais em determinadas áreas onde o Linhão passa, então, como forma de compensar este dano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), exige que seja feita uma educação ambiental nos locais atingidos.

O projeto Entre Rios realizar essa conscientização através do bordado. Em Mato Grosso, são quatro municípios inclusos no projeto sendo eles Jaciara, Chapada dos Guimarães, Acorizal e, agora, Cuiabá.

“Essa foi uma opção que buscamos para oferecer aos nossos idosos, aos nossos cuiabanos em geral, uma forma de agregar conhecimento técnico, arte e sustentabilidade, pois a ideia, além de passar a consciência ambiental por meio do bordado, tem o lado empreendedor porque, uma vez capacitadas, elas podem ensinar, podem vender seus produtos, podem buscar diversas oportunidades”, disse a primeira-dama.

Como funciona

De acordo com a assessoria, o IE Madeira passa dez dias ensinando, por meio de treinamento e oficinas, os pontos básicos das centenas de pontos dos bordados. “A metodologia é simples. Chama-se Abordar o Ser, e as pessoas aprendem e possuem o compromisso de replicar essa técnica para outras pessoas. Então, nós capacitamos 30 pessoas, e nos próximos quatro anos retornamos, de três em três meses, às localidades e capacitamos mais 10 pessoas. Nesse intervalo de ausência, os próprios vão repassando o conhecimento para o crescimento do grupo com a ampliação da renda familiar e toda a discussão ambiental aqui debatida”, explicou Sávia Dumont, arte educadora do projeto.

Ela também explica que o tema ambiental trabalhado nas peças bordadas é a água, em virtude da ação da empresa Interligação Elétrica do Madeira (IE Madeira) no Complexo Rio Madeira.

O projeto tem 30 alunos em sua grande maioria mulheres da melhor idade, além de algumas pessoas encaminhadas de medidas socioeducativas e dois homens, entre eles, Aurélio Augusto de Sá, de 66 anos, que viu na proposta uma oportunidade de atualização curricular.   

“No momento é muito proveitoso pra mim, porque estamos nos aproximando de uma data histórica para Cuiabá e precisamos resgatar todas as possibilidades que oferecem as artes. Eu, particularmente, já trabalho desde que nasci com arte têxtil, então é uma oportunidade de enriquecer meu curriculum e diversificar o trabalho”, contou.

Maria Salete Ferreira, aposentada de 80 anos, também faz parte do projeto. “Eu sinto que é uma oportunidade muito grande porque com 80 anos, nunca tinha pego uma agulha para trabalhar. Estou me achando uma rainha. Aqui [Proespi] foi onde eu aprendi a viver e eu agora estou aprendendo a bordar. Minha família fica toda contente sabendo que estou na aula”, contou.    
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