Imprimir

Notícias / Literatura

Artistas voluntários e Secretaria de Cultura organizam sarau em homenagem a Antônio Sodré

Da Redação - Isabela Mercuri

O poeta, cantor e artista transversal Antônio Sodré será homenageado, no próximo dia 19 de fevereiro, em um sarau na Casa Cuiabana, com exposição, performance, apresentações musicais, varal de poesia e muito mais, na Casa Cuiabana.

Leia também:
Bancas de jornal se reinventam para sobreviver e proprietários cobram incentivos à leitura do Governo

O evento, batizado de ‘Showdré’, será realizado por diversos artistas voluntários, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). A decisão foi tomada em uma reunião, que aconteceu na última sexta-feira (26), na sede da SEC. Segundo o secretário Kleber Lima, o evento também será em homenagem a um antigo projeto dele junto a Sodrézinho, como era conhecido.

“Queremos, coletivamente homenagear o Sodrézinho e mostrar para as gerações futuras, que talvez não o conheçam, a importância que ele tem e teve, sobretudo na literatura, mas também no teatro e na música”, pontuou Kleber.

No evento, será apresentada uma exposição, com textos, poesias, rascunhos, desenhos e os famosos caderninhos que Sodré costumava utilizar, além de um minidocumentário sobre a trajetória do poeta, com acervo pessoal e de amigos, depoimentos de artistas e familiares, produzido e realizado pela Secretária de Estado de Cultura.

A professora, atriz e intérprete Rosean Glória de Oliveira, a ‘Bia Correa’, recordou que Sodré morreu em sua casa, onde se realizava um sarau cultural, instantes após de declamar sua poesia. Era a noite de 18 de fevereiro de 2011. “Foi um choque. Até hoje é difícil de acreditar. Mas a sua poesia vive! O poeta pode morrer, mas sua obra jamais”, ponderou Bia Correa.

Ramon Carlini, proprietário da editora Carlini & Caniato, se comprometeu em distribuir, no dia do evento, exemplares do livro “Poesia Necessária”, de autoria de Antônio Sodré. A secretaria também estuda a possibilidade de apoiar a edição de um livro que reúne poesias inéditas de Antônio Sodré.



Outros artistas se prontificaram a ajudar. Eduardo Ferreira, Amauri Lobo e Cristina Campos, que estiveram presentes na reunião, estarão à frente da organização das apresentações musicais, com canções compostas por Sodré, tanto de músicas solo, como de bandas em que o artista já esteve, entre as quais está a renomada e saudosa Caximir Bouquet.

“Me lembro desde a primeira vez que o vi, num evento sobre poesia marginal, ele estava recitando um poema e eu fiquei encantado de cara. Foi amor à primeira vista e um amor que durou mais de trinta anos. Eu briguei com a minha mulher muitas vezes, mas com ele eu nunca briguei”, disse Ferreira, relembrando o amigo.

Já a escritora e imortal da Academia Matogrossense de Letras, Cristina Campos, conta que conheceu Sodré no curso de letras nos anos 80 e o define como anjo torto. “Ele era muito espontâneo, aquilo que um Tom Zé é para a música brasileira, o Sodré seria para a poesia mato-grossense e brasileira também. A gente se divertira e aprontava muito. Somos de uma geração que se permitia e a arte tem muito disso”.

Amauri Lobo, publicitário e produtor cultural, conta que Sodré era uma pessoa muito peculiar. “A gente chamava ele de Sudra, falava que ia consultar o oráculo, pois ele era assim, tinha umas coisas de culturas de todo o mundo que ninguém sabia de onde ele tirava. Se ele tinha dificuldade de publicar ele escrevia no caderninho, se ele não tinha estudado música ele compunha com as notas que ele criava no violão, então ele trazia essa espontaneidade. E ele era muito doce e leve, um passarinho”.

No evento, as artistas Mari Gemma de La Cruz e Bia Correia serão as responsáveis pela curadoria das obras apresentadas na exposição, que posteriormente deverá circular por alguns espaços da capital. A declamação de poesia será organizada pela escritora e imortal da AML, Luciene Carvalho, e aberta a todos que quiserem declamar algo do artista ou para ele. O Sarau receberá ainda a biblioteca móvel de Clóvis de Mattos.
Imprimir