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Mais ‘família’ e sustentável, pesca esportiva alavanca turismo e será um dos destaques da FIT Pantanal

Da Redação - Isabela Mercuri

Com muita gente pescando no mesmo rio e levando quilos e quilos de peixe para casa, não há ecossistema que aguente. Com a fama de mentiroso, mulherengo e cachaceiro, o pescador também não consegue manter suas viagens por muito tempo. Foi pensando nisso que os amantes da pesca esportiva tiveram que modificar, principalmente, o conceito da atividade, para que hoje ela se tornasse o segundo esporte mais praticado no Brasil, atrás somente do futebol. No entanto, ainda há muito a crescer.

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“Antes, quando você dizia que ia pescar, qual era a ideia? Demorava três dias só pra chegar, você levava as piores roupas do seu guarda roupa, e ficava uns quinze dias pescando com o prazer de trazer para casa o maior número de peixes possível. Isso vem mudando nos últimos anos”, comentou o Conselheiro Estratégico da Associação Nacional de Ecologia e Pesca Esportiva (ANEPE), durante uma palestra realizada na 45 Abav Expo, em São Paulo.
 
Marcos é um pescador apaixonado. Em 1999, viajando exatamente para pescar, ele, que é mineiro, decidiu que iria morar na Amazônia, em Alta Floresta (791km de Cuiabá) e abriu a pousada Manteiga, dedicada à pesca esportiva. Na época, era conhecido como um dos desbravadores do esporte, e aos poucos foi percebendo que era necessário mudar o conceito por trás da prática.
 
“Em 2007 realizamos uma Feira Trade Show, em São Paulo, onde discutimos exatamente isso”, lembrou. “O que a gente precisava? Aumentar a base de consumo”. Para isso, foi necessário idealizar um projeto, de onde, aos poucos, nasceu a Anepe. “Em segundo lugar, precisávamos incluir a família. Porque a mulher não pode ir pescar com o marido? E as crianças?”.

Marcos Glueck (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)
 
Junto às evoluções que foram necessárias, principalmente em relação ao conforto dos receptivos, a Anepe percebeu outra demanda: a de mudar a cabeça do pescador e mostrar para ele que o peixe vivo vale mais. Este trabalho ainda vem sendo realizado, e os números mostram que o mercado tem para onde crescer.
 
Fazendo um comparativo com o mercado da pesca esportiva nos Estados Unidos e na Argentina, Marcos mostrou, na palestra, que ainda falta investimento. Para se ter uma ideia, em 2014, a pesca movimentou 44 bilhões de dólares em solo norte-americano, enquanto no Brasil esta movimentação foi de apenas 2 milhões de reais. A argentina, na bacia hidrográfica do mesmo rio que passa por nós, recebe 70 mil turistas brasileiros para pesca por ano, que gastam cerca de dois mil dólares por viagem. “É o mesmo rio. Porque as pessoas vão pra lá? Porque lá as pessoas pegam e soltam. Aqui, se matam todos os peixes”, explicou.
 
Realidade local
 
Pescador desde os três anos de idade, e apresentador do programa ‘A Hora do Pescador’ há vinte anos, Jair Rigotti foi uma das pessoas que percebeu essa mudança. Ele, que também realiza pacotes de viagens, contou ao Olhar Conceito que consegue levar, por ano, vinte mil pessoas para a Argentina, mas não consegue mais trazer vinte para MT.

Luiz Carlos Nigro e Jair Rigotti (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)
 
“[A pesca em MT] está se tornando grande, porque caiu demais. Agora, com a recuperação do pesque e solte e a introdução do dourado, que já começou a repercutir, está crescendo muito”. O dourado, a que ele se refere, voltou aos rios após quatro anos de proibição de sua pesca.
 
Para o secretário adjunto de turismo do estado, Luiz Carlos Nigro, o ressurgimento deste peixe nos rios tem alavancado o turismo de pesca no estado. “Uma das coisas que eu acredito que ajudou muito foi o fechamento da pesca do dourado. Porque tem cinco anos, praticamente, que proibiu a pesca - pode pescar, mas não pode matar o peixe, tem que soltar - e o dourado, agora, está por todo lado. É o grande atrativo. Em Cáceres voltou a ter dourado, em Santo Antônio do Leverger está tendo dourado... E é um peixe extremamente atrativo pro público que a gente quer, que é o pessoal do pesque e solte”.
 
Segundo o secretário, este, inclusive, vai ser um dos focos da Feira Internacional de Turismo do Pantanal, que acontece de 03 a 06 de maio, em Cuiabá, e será lançada na tarde desta quinta (28) em São Paulo, na Abav Expo. A feira terá uma área, no jardim, dedicada totalmente à pesca esportiva.
 
“A ideia , ano que vem pra fomentar também, é levar estandes de pesca, feira náutica, tudo aqui na pesca esportiva. Loja de material de pesca... e levar o Jair lá, que tem o programa A Hora do Pescador, pra fazer a divulgação dos destinos. Então, ele vai dez dias antes da FIT e vai visitar alguns destinos de pesca consagrados”. Jair vai apresentar os destinos mato-grossenses de pesca em seu programa, e, assim, atrair ainda mais turistas para o estado, é claro, esperando que eles deixem o peixe por aqui.

 
*O Olhar Direto viajou para a ABAV a convite da própria associação.    
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