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Impossível não sentir coração bater forte em Paixão de Cristo; milhares se emocionam e muitos choram no Sesi Papa

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco


A história mais contada da humanidade e certamente a mais famosa, ainda provoca fortes e diferentes emoções, embora tenha início, meio e fim, conhecidos demasiadamente por todos. Por isso não é novidade que o espetáculo ‘Paixão de Cristo’, encenado durante a Semana Santa, em Cuiabá, desde a noite desta terça-feira (11) até o próximo domingo ((16), possui a magia de arrastar milhares de pessoas, mesmo que haja compromisso de trabalho no primeiro horário da manhã seguinte.
 
Nos momentos de maior tensão da peça, em mais de uma hora e meia de apresentação, como a imolação e, depois, a crucificação de Jesus Cristo, interpretado pelo global Henri Castelli, o silêncio da plateia é quebrado por murmúrios e soluços. Alguns soluços tão fortes nem o potente som ambiente consegue esconder.

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“A dor é intensa. É como se perdesse um filho! Já vim assistir à peça outras vezes e choro sempre”, afirmou a costureira Amanda Freitas de Souza, 61 anos, ao lado das netas Flávia, 14, e Yasmim Caroline, 12, para a reportagem do Olhar Direto. Elas enfrentaram uma verdadeira epopeia do Pedra 90 (Grande Coxipó), região Sul, até o Memorial Sesi Papa João Paulo II, região Norte de Cuiabá.
 
Frequantadora de uma igreja neo pentecostal há quase 10 anos, Amanda Freitas mantém certas tradições do catolicismo e saiu do trabalho, no bairro Santa Rosa – região oeste da Capital, por volta das 14 horas, e seguiu até o Pedra 90 para buscar as netas. Antes de chegar ao Sesi Papa tinha percorrido quase 50 quilômetros, em cinco ônibus diferentes.
 
Quem também percorreu longa distância para assitir ao Auto da Paixão de Cristo e “ficar perto do lindão Henri Catelli” foi a  agricultora Luciana Pereira do Nascimento, 37 anos, e seu filho Lucas, 11, e a sobrinha Luana, 17, que saíram da zona rural de Brasnorte antes do dia clarear. Ela chegou em Cuiabá  no início da noite desta terça-feira (11) e tomou um banho rápido, antes de seguir para o Sesi Papa.
 
“Em 2011, consegui uma imensa graça e fiz promessa de vir todos os anos. É a quinta vez que estamos aqui”, comemorou Luciana, enquanto servia cachorro quente aos menores.
 
A presença de pessoas de outras igrejas é vista também no elenco. Não é mais apenas a Igreja Católica que chancela a história, como há alguns anos. O Conselho de Ministros Evangélicos de Cuiabá (Comec) também é parceiro do governo, no evento.
 
Responsável pela mobilização, o secretário adjunto Samir Bosso Katumata, de Cidadania e Assuntos Comunitários da Setas, afirmou ter “bem mais de cinco mil pessoas”, no primeiro dia. Já a Polícia Militar calculou em “no máximo  quatro mil”.
 
Samir Katumata afirma que alguns pensavam que não havia grande plateia porque foram colocadas mais de 10 mil cadeiras. “Parece que não há muita gente, porque percebe-se muitas cadeiras vazias, mas temos mais de metade da lotação”, pontuou o secreta´rio adjunto de Assuntos Comunitários da Setas.
 
A peça teve início às 20h19 e terminou às 21h54 e prendeu a atenção da pleteia minuto a minuto. Alguns ajustes de direção não fariam mal, como a gesticulação dos apóstolos. Na famosa Santa Ceia, são Pedro – o Apóstolo – pede que Jesus Cristo lhe lave as mãos e a cabeça. Pelo fato de a peça ser marcantemente gestual, o diretor bem que poderia ter instruído o personagem Pedro a apresentar as mãos e, depois, colocá-las sobre a cabeça: “então me lave as mãos, a cabeça e o corpo”.
 
O som ainda carece de uma melhor equalização, reduzir o brilho e, de quebra, adequação no posicionamento das duas maiores caixas. E os preços dos produtos comercializados internamente, num período de ‘tempos bicudos’, estão excessivamente acima do tolerável, muito distantes da realidade do trabalhador mediano.
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