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Chapadense deficiente visual que toca 8 instrumentos se apresenta no Encontro com Fátima Bernardes

Da Redação - Isabela Mercuri

O chapadense Luiz Guilherme Pinheiro, de 13 anos, não deixou que sua deficiência visual, que foi descoberta quando ainda era bebê, o impedisse de crescer. Nesta sexta-feira (1), ele mostrou seu talento para tocar sanfona no programa ‘Encontro com Fátima Bernardes’, da Rede Globo. No total, ele toca oito instrumentos.

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Luiz toca gaita, teclado, acordeom, flauta, lira, triângulo, escaleta (instrumento semelhante ao acordeom e à harmônica de boca) e “um pouco de violão”. Na televisão, tocou “Ana Branca” na sanfona acompanhado de outro artista que recitou "Poesia com Rapadura", fazendo um pedido: "Valorize o que é nosso, dê valor ao brasileiro".

A iniciativa de mostrar a superação do mato-grossense na televisão veio da professora Jansiléia, que o acompanha na sala de recurso da Escola Estadual Ana Tereza Albernaz, em sua cidade natal. Foi ela quem gravou um vídeo de apresentação que ele fez às mães em maio e enviou para a produção do programa.

Foi Jansiléia, também, que acompanhou o artista para o Rio de Janeiro, junto à mãe Elaine Medeiros. “Descobri que qualquer coisa que eu queira fazer eu posso. Levo uma vida normal, com muitas brincadeiras e estudos, é claro”, diz o jovem, que quer fazer faculdade de música.

Além dos instrumentos, Luiz também compõe partituras, e chegou a compor uma para a sanfona média: “Quero estudar, me aprofundar em música. Música é emoção, tem significado de alegria”, frisou.

De acordo com a Assessoria da Secretaria de Educação, Luiz começou seus estudos de música por meio do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies), local que já frequenta há doze anos, onde todas as quartas-feiras participa de aulas de locomoção e mobilidade, braile, soroban, informática e instrumento.

Luiz é dedicado, e tanto no Casies como na EE Ana Tereza Albernaz, onde cursa o 6º ano do EnsinoFundamental e frequenta a sala de recurso, participa de tudo o que lhe é oferecido e faz questão de não ser tratado com diferença em relação aos demais estudantes:

“No começo a gente tinha receio, um pouco de medo até. Nos sentíamos despreparados para lidar com ele. Tínhamos outras experiências, mas com alunos cegos não. E nos surpreendemos porque ele mesmo foi nos dando alternativas que poderiam ser utilizadas e mostrando que não era difícil lidar com ele”, relembra a professora Jansiléia.

A vontade de fazer a diferença é o que move e dá forças ao garoto: “Dizem por aí que ninguém é perfeito. Deficientes não são perfeitos, mas tem pessoas que mexem todo o corpo, tem pernas, mãos, veem, falam e não querem saber de trabalhar, de estudar. Falo que se um dia ficarem deficientes, aí sim vão pensar que, quando perfeitos, poderiam fazer tantas coisas”, ensina.
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