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Notícias / Política Cultural

Para artistas, prefeito evita diálogo, especialmente por "insistir" no que chamam fusão das secretarias

Da Redação - Lidiane Barros

Levando-se em consideração o número de produtores culturais na tarde de quarta-feira (26), na Praça Alencastro, pode-se dizer que foi tímida a adesão ao ato público da classe artística. No entanto, como a cultura está ligada a tudo que diz respeito à condição humana, o movimento contou com reforço dos manifestantes que reclamavam melhorias na saúde, no transporte e na educação, entre outros.

Ato de protesto promovido por artistas aglutina manifestantes em frente à Prefeitura

O palco aberto promovido pelos artistas a diversas causas serviu de combustível para quem sairia em passeata até chega à Câmara, onde foi montado um acampamento. Os manifestantes, a propósito, entregaram suas reivindicações à aos vereadores.

A cineasta Daniele Bertholini estava entre aqueles que protestavam contra a fusão das secretarias de Turismo e Cultura. Ela sente que a produção cultural tem definhado não só em nível local, como também, estadual. Idealizadora do Festival Tudo Sobre Mulheres que acontecia em Chapada dos Guimarães e que por conta da falta de incentivos deixou de ser realizado em 2011, ela diz que não pretende mais atuar na difusão artística. “Não tem melhora, não tem visibilidade.

Desisti de fazer o festival e não tenho planos de retomar. Agora, acho por bem focar na produção, vou fazer filmes.
Na opinião da cineasta, o prefeito Mauro Mendes não tem preocupação alguma em dialogar com a classe e as decisões são verticais. “A fusão das secretarias só demonstra uma falta de visão”, diz.

O diretor de teatro e ator, Sandro Lucose divide a mesma opinião. “Essa fusão foi um quebra-galho por uma convenção da equipe de transição e ela já se arrasta por um semestre. O que se vê há várias gestões é uma não-profissionalização da cultura não só no município, como em todo o Estado”. Para ele, alguns gestores insistem em olhar para a cultura, como um evento. “Para fazer festa, existe o cerimonial. Existe uma grande confusão em fazer quermesse”, desabafa.

Sandro aproveitou para lembrar que várias promessas são feitas a ano, mas não saem do papel, como é o caso de uma lei que previa a Escola de Teatro do município. “Sem contar que essa fusão é um grande equívoco. É amadorismo e só traduz a falta de respeito e discernimento de um gestor. A cultura necessita de uma pasta que gerencie apenas os seus assuntos que são muito complexos para serem divididos com uma secretaria de turismo. Cada uma tem suas atribuições”.

O músico e produtor cultural, Gomes Filho, um dos idealizadores do evento, analisou de forma positiva a movimentação e justificou que o horário coincidia com o jogo entre Brasil e Uruguai. “Além disso, muita gente não tem condições de usar apenas a arte como sobrevivência e acaba exercendo o lado artístico em tempo disponível, aos finais de semana”.

No entanto, o palco armado no coreto que contava ainda com uma ambientação aos moldes cuiabanos, com pano de chita e ícones da cultura local ofereceu espaço para quem queria protestar e as bandas que se apresentavam empolgavam os presentes com frases de efeito e ainda, atraíam curiosos. A banda Lord Crossroad, Billy Brown e o Incrível Mago de Bigodes e o MC Taba se apresentaram.

Por meio de sua assessoria, Mauro Mendes reafirma que não há uma fusão, que nem uma decisão foi tomada. Ele segue com reuniões em Brasília para avaliar. “A posição do prefeito é que cultura e turismo devem andar juntos”, pois, em tempo de Copa do Mundo, “o turista que vem para cá quer ver manifestações culturais e a cultura atrai turistas”.
O caso segue ainda sem definição.
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