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Sábado, 20 de abril de 2024

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Fé a N. Sra. do Pantanal

Siriri, berrante e violas de cocho e caipira: tudo junto e misturado em uma missa

Foto: Protásio de Morais

Parte da missa dedicada ao louvor, tem alegria com siriri!

Parte da missa dedicada ao louvor, tem alegria com siriri!

A nobreza dos trajes dos arautos na mais perfeita harmonia com a explosão de cores dos vestidos estampados do siriri. Uma sonoridade ímpar e orquestral que resulta da comunhão do berrante e das violas de cocho e caipira. Tuiuiús e araras de pano ficam à espreita em respeito aos santos de barro suntuosamente coloridos e ali, quietos, dialogam com os passarinhos que gorjeiam a todo o momento, em tempo real.

Tudo isso junto e misturado, como diria a gíria de outrora, e com a regência de um arcebispo que administra tudo com uma postura em sintonia com a contemporaneidade. Por vezes, é flagrado registrando em seu Iphone os momentos mais emocionantes.

Missa da Festa de Nossa Senhora do Pantanal será em intenção ao jornalista Marcos Coutinho

A celebração esmiuçada em sua pluralidade é realizada há oito anos em uma fazenda de um município conhecido por oferecer aos turistas, simplesmente, os mais saborosos pastéis do Estado. Um verdadeiro reduto do petisco, mas que por conta de acontecimentos misteriosos e incontestes, parece, também produzir milagres. Por lá, já esteve várias vezes o jornalista e fundador do Grupo Olhar Direto, Marcos Coutinho. Desta vez, a missa foi realizada também, em sua intenção.

Nas redondezas de Jangada, mais precisamente nos arredores da fazenda Nossa Senhora Milagrosa do Pantanal, muita gente tem história de graças para contar. Tanto estas, quanto outros inúmeros devotos se dirigem a essas paragens para participar de umas das mais curiosas celebrações eucarísticas que se têm conhecimento que no domingo (30) teve sua mais recente edição.

Não se sabe quem parodia quem. Se são as músicas católicas que se transformam em sertanejas, ou se são as modas de viola que ganham a santidade das palavras. Eu explico. É que as músicas clássicas cultuadas por quem vive no campo ganham letras de canções que são executadas em missas.

A surpresa veio no folheto distribuído. O canto de entrada era Canarinho Prisioneiro. Ao reverenciar a Trindade, Beijinho Doce se transformou. Luar do Sertão virou canto de aclamação ao evangelho: “Não há ó gente ó não/ Lugar como este pro sermão”. No momento da comunhão, ao enfatizar o corpo como a morada do senhor, o repertório contou com Casa de Caboclo, mas desta feita, ao pé da letra.

Quando é hora de louvor, eis que os dançarinos de siriri e os cururueiros se refestelam em meio ao corredor de frente ao altar, num grande brincadeira. O evangelho é encenado, cantado. Emoção à flor da pele e veja só, isso não é um clichê. É a mais pura sensação de quem acompanha aquele evento cristão pela primeira vez. Uma missa que traz todas as características de uma tradicional festa de santo abreviada em poucas horas.

Depois que toda essa explosão de fé exaltada pela comunhão com a natureza atinge todo seu clímax, há mais por vir.

Quem ainda não tinha conhecimento da existência de Nossa Senhora do Pantanal, ou mesmo deseja entender porquê tanta devoção a ela, deve se preparar para o testemunho de Márcia Campos, a proprietária da fazenda, que edificou ali uma capela para aglutinar a comunidade do Vaquejado.

“Deus toca pelo belo. Eu quis fazer uma capelinha para orar, mas pensei: ‘essa comunidade é muito grande, é muito egoísmo eu construir um lugar só para mim’. Então, construí essa igrejinha, mas a comunidade não vinha. Viajei até Aparecida do Norte e pedi que ela me desse uma luz. Mas essa santa de muitos vestidos me revelou algo novo”.

Ficou combinado que a igreja seria pintada de azul e amarelo, mas quando ela voltou, havia sido pintada de lilás e verde. Além disso, Márcia havia comprado flores amarelas para um jardim bem próximo à igreja, porém, mais uma surpresa: cresceram flores roxas. “Tirei uma foto e para tentar entender, procurei Dom Milton que me fez uma revelação sobre Nossa Senhora do Pantanal e que inclusive tinha planos de edificar uma igreja para ela. Pois a imagem que tinha veio para esta capelinha”. E sendo assim, ela tornou-se a primeira a homenagear a santa cultuada também no Mato Grosso do Sul, mais especialmente, em Corumbá.

O lugar não poderia ter sido mais apropriado, por que lá, é impossível não sentir: fé e a natureza se manifestam imperativamente. Ao certo, Nossa Senhora do Pantanal ganhou dois novos devotos. A jornalista que vos escreve e o autor dos registros. Confira as imagens da celebração.
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