Fernando Haddad anunciou o aumento de R$ 0,20 no preço do transporte público. Cidadãos insatisfeitos saíram às ruas de São Paulo para protestar. A polícia cometeu excessos, prendeu quem portava vinagre para se defender do efeito do gás lacrimogêneo e atirou balas de borracha em qualquer transeunte. Essa notícia vem tomando os noticiários desde o dia 6 quando ocorreu o 1º ato.
Ilustradores de Cuiabá fazem a sua parte para apoiar 5º Ato de manifestantes em São Paulo
A população se indignou e cidadãos de outros estados, cidades e brasileiros fora do país se uniram a esse grupo. A coisa cresceu e o rebuliço foi tanto, que não era mais por 20 centavos, era por toda a desordem e retrocesso que acontece no Brasil, especialmente por conta da violência com que responderam os policiais. E então, o espírito de “guerreiros urbanos” que já toma conta do mundo, chegou às celebridades.
No domingo (16), artistas como Fernanda Rodrigues, Yasmin Brunet e Paulinho Vilhena postaram fotos com o olho roxo no instagram. Junto às fotos, comentários como o da atriz Thaila Ayala: “Tenho pena das pessoas que não tem informações, nada além dessas notícias deturpadas e que ainda acham que tudo isso é arruaça por 20 centavos! Acorda, Brasil! Essa é nossa chance de mudar, de crescermos, de brigarmos por uma educação decente, saúde, segurança. Chega de impunidade, chega de obras bilionárias que nunca chegam a fim para que possam roubar mais e mais. Chega de se calar, chega de aceitarmos tudo o que nos é imposto! Vamos às ruas, vamos às janelas, vamos às redes sociais, vamos gritar, vamos nos unir!”
As imagens pertencem a um ensaio produzido pelo fotógrafo Yuri Sandenberg, em homenagem à repórter da Folha de SP, Giuliana Vallone. A jornalista foi atingida por uma bala de borracha disparada pela polícia, durante a manifestação da última quinta-feira (13).
Repercussão na mídia
Chegar ao nível de globais e artistas do meio comercial televisivo se manifestarem é porque realmente tomou enormes proporções, mas não só globais movimentam as redes sociais. Vídeos, textos e fotos foram publicados em diversos sites e alguns chamaram mais atenção que outros.
A rainha da etiqueta brasileira, a jornalista Gloria Kalil publicou uma matéria sobre “O que vestir em um dia de protesto”. O texto foi amplamente compartilhado nas redes sociais e dividiu opiniões. De um lado estão dicas valiosas sobre que tecido usar para o conforto e possíveis percalços no caminho, porém alguns reclamam da ausência de contextualização e redução dos protestos a um “look do dia”.
Com mais doçura, a apresentadora e chefe de cozinha Palmirinha compartilhou fotos nos moldes do protesto “Fora Feliciano”. A senhora de 82 anos escreveu as seguintes frases em uma folha em branco: “Nasci em 1931, vi duas guerras mundiais, sobrevivi a Ditadura. Acreditem, não é só por 20 centavos” e em outra imagem “Bandeira branca + amor, por favor”.
A repercussão extrapolou as fronteiras nacionais e dezenas de veículos ao redor do mundo noticiaram o fato, incluindo o jornal El País e a BBC, além das capas e editoriais de praticamente todos os veículos nacionais. Meios de comunicação que desde o começo se posicionavam contra o movimento, como a Folha de SP com o editorial “Retomar a Paulista” e o editorial do Estadão em que denominava os protestantes de “bardeneiros”, hoje dão o braço a torcer. Até o colunista da Globo Arnaldo Jabor, que na terça-feira (11) comentou em rede nacional que os “protestantes protestavam pela falta do que protestar”, hoje publica errata na Rádio CBN: “Amigos, eu errei. É muito mais do que 20 centavos”.
