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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Nevralgias

Advogado criminalista lança livro com crônicas bem humoradas e poesias que retratam suas experiências pessoais

Foto: Divulgação

Advogado criminalista lança livro com crônicas bem humoradas e poesias que retratam suas experiências pessoais
Como se trouxesse à luz o ser bem-humorado, leve e sensível latente dentro de si, mas pouquíssimo conhecido pela maioria das pessoas, o advogado criminalista Eduardo Manhon, membro da Academia Mato-grossense de Letras, lança no dia 17 de outubro o livro de Crônicas e Poesias, Nevralgias.

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A obra, carinhosamente apelidada pelo advogado de ‘livrinho’, traz uma coletânea de crônicas com uma pegada de humor e ilustrações de Adir Sodré, acerca de experiências pessoais e situações vividas pelo autor ao longo de sua vida. Segundo Mahon, ao produzir os textos de Nevralgias, descobriu que ‘gosta de fazer mais isso, do que de peticionar’.

“A maioria das pessoas só conhece o Eduardo Mahon que é advogado criminalista e, pela postura que a profissão me exige, associa a mim uma imagem carrancuda, sempre crítica. O que pouca gente sabe, é que sou extremamente um piadista, típico carioca, inclusive com as coisas que me ocorrem corriqueiramente e, os contos contidos no livro, mostram bem isso”, explicou.

Tal e qual sua personalidade nada comum, o lançamento do Nevralgias assim será. O autor revela que o fará no formato de um sarau show, nas dependências Academia Mato-grossense de Letras, a partir das 19h30.

Para o evento vai ser montado um ambiente de boteco, com participantes como Aclyse Mattos, Ivens Cuiabano Scaff e a professora doutora, Yasmin Nadaf, sentados às mesas. Entre uma crônica e outra, ou um poema e outro declamados, o grupo Bione apresentará músicas de Vinícius de Moraes.

Segundo Mahon, a intenção é que em quatro ou cinco parágrafos o leitor consiga visualizar de maneira fácil, o cenário e os personagens contidos em cada texto. Em entrevista ao Olhar Direto/Conceito, ele disse que ser sucinto é uma arte, um desafio para atender a ‘pedida’ dos dias atuais.

“Ninguém mais quer leituras complexas, as pessoas não têm mais tempo de construir histórias e precisam de contos mais enxutos. Quando eu comecei a escrever, vi o quanto fazer isso em quatro ou cinco parágrafos é difícil”, disse.

Nevralgias é na verdade o primeiro livro de uma trilogia. A segunda obra, intitulada de ‘Doutor Funério e Outras 50 Estórias de Morte’, já está em andamento com crônicas bem humoradas e contos com a temática morte. O terceiro livro, ainda sem título, terá como temática a vida e o amor.

Confira abaixo dois textos do livro:

Alma de Artista

Dizia a si mesmo que era a primeira oportunidade de aparecer para a sociedade. Afinal, em casamentos, todos querem
detalhes de tudo, onde se comprou o vestido, quem fez o terno, o responsável pelos arranjos, cabelo, maquiagem, convites, luminação, o diabo. Predizia que um bolo magnífico iria ser comentado. Fotografado, certamente. Era estatuária a imagem do tradicional corte do bolo, mesmo nos de isopor para a plebe desafortunada. Apostava a vida e o ofício na arte admirada por Maria Antonieta.

De posse de um diploma obtido no estrangeiro, começou a confeitaria vendendo às amigas da mãe e vizinhas, um pequeno passo para um grande negócio, resmungava de si para si. Afinal, a propaganda boca a boca era a alma do negócio. Passados os primeiros anos, ainda não havia acertado na quina um casamento de socialite, uma festa de quinze anos da filha de um empresário, as bodas de um político, enfim, algo de relevo, que tornasse a obra emblemática no portfólio do pequeno negócio.

Enfim, uma oportunidade: fora convidado para fazer um bolo de casamento. Coisa com pompa e circunstância. Viu os convites. De primeira! Fios de ouro e seda, envelope menor num maior e R.S.V.P., em francês, que pouca gente sabe do que se trata. Menu especial, trompetes, violinos e serviço de manobrista. Festa de arromba! Estranhou apenas o fato de que quem fechou o contrato do bolo foram os pais dos noivos. Não importavam os detalhes. Católico, judeu ou muçulmano, casamento de grãfino é sempre bom.

Chegou o dia. Glacê real e fondant, noivos no alto, cristais Swarovski e tal. O uniforme francês estava impecavelmente engomado, com direito a chapéu e lenço com monograma. Seguiu para entregar a encomenda que lhe abriria as portas da hermética high society. Sem afetação, mas com o orgulho que a ocasião reclamava, entrou no salão. Só então descobriu que se tratava de um casamento de cachorros. Sim, caninos de focinho e rabo. O que abalou a moral do confeiteiro foi o cumprimento da madame, dona de Baby (aquele buldogue com diamantes na coleira), que repetia extasiada com o bolo: você tem alma de artista!



A porta

Para a direita, vejo um muro
Para a esquerda, há o medo
Para cima, ainda é cedo

Para baixo, não me aventuro
Não me dão passagem
Não me querem dentro

Subverto a triste paisagem
Rabisco a minha porta e entro
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