Olhar Conceito

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Tecnologia

Xiaomi quer atrair jovem, diz diretor da empresa: 'Xing ling é mito'

Foto: (Foto: Divulgação/Xiaomi)

Hugo Barra, vice-presidente de expansão internacional da Xiaomi.

Hugo Barra, vice-presidente de expansão internacional da Xiaomi.

Se você ler Xiaomi, e falar "xô homi", "mi chame" ou algo parecido, não tem problema. E mais: se zoar o nome da marca da empresa chamada de "Apple chinesa" nas redes sociais, é provável que a companhia asiática caia na risada. "Se alguém fizer graça com a nossa marca, a gente abraça", afirma Hugo Barra, vice-presidente de expansão internacional da Xiaomi, ao G1 (Spoiler: a pronúncia é “chaumi”, mas se chamar de Mi, eles atendem).

A empresa anunciou nesta segunda-feira (30) sua entrada no Brasil e vai começar a vender seu primeiro smartphone, o Redmi 2, a partir da semana que vem por R$ 500.

A Xiaomi quer que seus celulares estejam nos bolsos dos jovens. Para isso, usa apenas redes sociais, de forma bem "irreverente" e sem medo de virar piada. "Meme em geral é coisa boa. Quer dizer que você acertou na veia certa", diz Barra. Para ele, a associação de produtos de empresas chinesas a aparelhos "xing ling" é um mito, que não é mais verdade.

G1 – No ano passado, o Moto G foi muito vendido no Brasil e foi o primeiro smartphone de muita gente. Qual é o celular a ser batido no país?

Hugo Barra – Eu responderia que, em vez de dizer 'É esse o celular a ser batido', o que não é o caso, a nossa proposta de valor é muito simples. A gente oferece um produto fantástico, com uma especificação que não existe nessa faixa de preço. O cara que só tem dinheiro para comprar um celular vai conseguir ter um smartphone muito bom. Por isso não falo só de um modelo.

G1 – Como a Xiaomi fará para driblar a associação que os brasileiros fazem entre produtos chineses e os aparelhos 'xing ling'?

Hugo Barra – Essa associação é um pouco mito. É o que vem acontecendo há décadas é meio que, de inércia, as pessoas acabam falando isso. Não acho que essa associação exista tão fortemente na nossa base alvo, que são jovens, gente muito ligada em tecnologia.

Essas pessoas têm uma capacidade de discernimento muito boa. Entendem de tecnologia, sabem diferenciar produtos de qualidade. Essa galera entende. É uma questão de tempo até que as pessoas entendam e muitas vezes experimentem. Foi o que aconteceu no resto do mundo. A experiência que a gente teve na Índia foi incrível. Em nove meses, nós chegamos à terceira posição no canal online, simplesmente no boca a boca. A internet é incrível.

G1 – Como eles falam “xing ling” na Índia?
Hugo Barra – (risos) Não existe o termo xing ling na Índia.

G1 – Que jovem é esse que a Xiaomi quer atingir?

Hugo Barra – É o que vai ter smartphone pela primeira vez, é o cara que tem um aparelho que mal é um smartphone, é o cara que está próximo da hora de trocar. É o cara que sempre quer ter coisa nova, vende o que tem e compra um novo. Você sabe como é jovem nos dias de hoje. Sempre quer ter o último modelo.

G1 – A Xiaomi aposta nas redes sociais. Como é esse relacionamento nessas plataformas?

Hugo Barra – O principal é o tom da conversa. A gente tem um tom menos corporativo do que as marcas tradicionalmente têm. A gente brinca pra caramba, não tem medo de fazer graça com a própria marca, é bem irreverente. É um tom muito mais amigável. Acho que as pessoas se relacionam melhor com uma marca que tem tom de amigo do que uma que está querendo passar uma mensagem.

G1 – Não raro as empresas que adotam esse tom mais informal nas redes social viram meme. Vocês têm medo de virar meme no Brasil?

Hugo Barra – Meme em geral é coisa boa. Quer dizer que você acertou na veia certa. Disse alguma coisa que agradou as pessoas e que chamou a atenção. Uma boa parte dos memes é positivo. Se alguém fizer graça com a nossa marca, a gente abraça. A gente não briga. Isso acontece direto. Só tem que ter bom humor para encarar isso de uma forma legal para transformar em algo positivo caso parta de uma coisa negativa.

G1 – O nome da xiaomi é candidatíssimo a virar meme. Tem gente que chama de "châmi", "xi homi", "xô homi" e por aí vai. Vocês pretendem em algum momento explicar como fala esse nome?

Hugo Barra – A gente na verdade brinca muito com isso. A gente fez uma série de postagens no Facebook em que uma pessoa da nossa equipe entrava no Starbucks, pedia um café e dava Xiaomi como se fosse o nome dela. Depois via o que o barista do Starbucks escrevia no copo. Foi uma diversão.


G1 – A Xiaomi chega ao Brasil em um momento de crise econômica, com consumidor 'assustado'. Foi um tiro no pé entrar agora no país?

Hugo Barra – Eu penso de forma contrária. Como a nossa proposta de valor é trazer para o Brasil produtos bons mas por preços menores do que se esperaria, e como celular é meio que uma necessidade básica - você precisa para se comunicar com amigos e família-, é um momento que até nos favorece. As pessoas não vão deixar de comprar, porque precisam. Isso só torna o nosso produto uma opção ainda mais atrativa.

G1 – O que faz a Xiaomi não vender celulares em lojas físicas?

Hugo Barra – O nosso modelo de negócio é de venda direta e isso tem linha direta com nossa estratégia de preço. Ou seja, se a gente vende direto, temos um estoque só, entrega direto para o cliente final, não tem custos intermediários de distribuição nem de varejo físico.

G1 – No mundo, a empresa é conhecida como 'Apple chinesa'. No Brasil, a Xiaomi tem seus aparelhos fabricados na mesma fábrica que faz os iPhones. Como é dormir com o inimigo?

Hugo Barra – (risos) Em primeiro lugar, eles não são fabricados na mesma linha de produção. Poxa, dormir com o inimigo, eu não acho que seja o caso, mas a Apple é uma empresa que a gente respeita pra caramba.

G1 – A Xiaomi teve problemas de patente na Índia, quando iniciou sua expansão internacional. A Xiaomi adotou alguma medida para evitar novos conflitos conforme entra em novos mercados ocidentais, como o Brasil?

Hugo Barra – A gente tem uma estratégia de propriedade intelectual super completa. Nós temos hoje mais de 2 mil patentes. Claro que somos uma empresa super jovem e esse número é pequeno se comparado às outras empresas. A gente conhece essa indústria e tem feito o que é necessário para nos protegermos. Não é uma questão que nos preocupa.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet