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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Dica de livro

Big Brother e "1984": Conheça o livro que deu origem ao reality show

Foto: Reprodução

Cena da adaptação cinematográfica de

Cena da adaptação cinematográfica de

É difícil encontrar um brasileiro que não conheça o Big Brother Brasil. Mesmo que a pessoa não assista ao programa, o reality show continua sendo tão popular que há sites de notícias dedicados somente a ele, matérias escritas diariamente e opiniões divergentes sobre a qualidade do programa. Goste ou não, o Big Brother faz, de alguma forma, parte da programação televisiva brasileira, tanto que este ano chegou à sua décima quinta edição. Mas mesmo depois de tantos anos, muitos não sabem ou não leram o livro “1984”, de George Orwell, que inspirou o reality show.

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Antes de falar do livro, uma contextualização sobre o programa: A primeira edição aconteceu em 1999, quando o executivo John de Mol teve a ideia de criar um reality show onde pessoas comuns seriam selecionadas para conviver dentro de uma casa completamente vigiada e sem nenhum contato com o mundo externo.


(Participantes do Big Brother Brasil 2015)

É em um cenário como este, embora muito mais drástico, que começa a história de “1984”. Somos introduzidos ao mundo da Oceania através de Winston, um funcionário público que começa a questionar seu trabalho, o sistema em que vive e o papel das pessoas nele. A Oceania é uma sociedade totalitária governada pelo “Grande Irmão” ou “Big Brother”, uma figura de bigodes, líder do partido, que se materializa apenas nas câmeras que vigiam os cidadãos 24 por dia, até mesmo dentro de suas casas.

O “Grande Irmão” nunca erra. O trabalho de Winston é destruir todas as evidências de que ele esteve errado em algum assunto. Explicando melhor: Winston trabalha no Ministério da Verdade, onde sua função é “corrigir” tudo o que foi publicado na imprensa, livros ou qualquer lugar sobre todos os assuntos. Ou seja, diariamente, Winston “muda o passado”. Se o Grande Irmão disse ontem que o preço do café era x, mas no dia seguinte o preço passou a ser y, o trabalho de Winston é colocar nos jornais e registros anteriores que o preço do café sempre foi y.

Com este exercício diário, os cidadãos da Oceania perdem aos poucos sua identidade. Não conseguem lembrar-se de nenhum detalhe do passado e não têm parâmetros para contestar a sua situação atual. Em certo ponto, eles esquecem até mesmo que podem contestar. Winston, no entanto, ainda lembrar-se de elementos de sua vida anterior que não condizem com sua realidade atual e com o que é dito do passado.


Eric Arthur Blair (Motihari, Índia Britânica, 25 de Junho de 19031 2 – Londres, 21 de Janeiro de 1950), mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, foi um escritor e jornalista inglês. Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. Saiba mais AQUI.

Com esta angústia o consumido, Winston arrisca-se em um ato criminoso: começa a escrever um diário. Sim, na Oceania, eternamente vigiada pelo Grande Irmão, pensar e refletir são “crimes do pensamento”. A nova língua que está sendo desenvolvida nesta sociedade quer eliminar conceitos que possam dar brecha para contradição. O sexo e o amor são proibidos. Ter desejos é proibido.

O título do livro, “1984”, inclusive, vem da incerteza de Winston: Em que ano estavam? Baseado em cálculos imprecisos e lembranças escassas de sua infância, Winston deduz que estão no ano de 1984. Mas não tem como ter certeza, porque qualquer registro disto já foi destruído ou “corrigido”.

Mas é claro que Winston não era a única pessoa insatisfeita na Oceania. Nem a única que queria fazer alguma coisa para mudar, mesmo sentindo-se impotente frente ao “Grande Irmão”. É ai que Winston conhece a personagem Julia. Militante do partido, exemplar na suas obrigações, Julia é uma rebelde em segredo.

Com ela, Winston descobre os prazeres do sexo e de desobedecer as regras do partido. Com Julia, ele descobre que não é o único na Oceania que odeia o Grande Irmão. E esta é apenas um pequeno trecho do que é “1984”.

Com linguagem simples e prosa dinâmica, George Orwell trata neste livro de temas complexos de uma forma muito clara. Em algumas partes, seus dizeres são como uma navalha. Ele descreve situações e “grandes verdades” como se qualquer pessoa pudesse fazer o mesmo, tamanha é a precisão com que ilumina os “podres e angústias” humanas. O livro foi publicado em 1949 e já é considerado um clássico da literatura universal.

Mesmo 66 anos depois de sua publicação, “1984” continua sendo uma leitura atual, precisa e afiada (como uma navalha). Mais atual ainda quando pensamos que todos os anos há uma tentativa de reproduzir a sociedade descrita no livro em vários países, todos sob os olhos vigilantes do “Big Brother”.



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