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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Porta aberta para novos mundos: aprender idiomas vai além do mercado de trabalho

Foto: Reprodução / Ilustração

Porta aberta para novos mundos: aprender idiomas vai além do mercado de trabalho
“Isso é inconstitucional”, disse Mateus Elias para a mãe, quando ele tinha 10 anos de idade e não se conformava em ir para as aulas de inglês. A mãe, Solange Cruz, disse ao filho que ele podia ter sua opinião, mas era inflexível: Mateus continuaria com as aulas de inglês.

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Com o passar do tempo, o menino percebeu que tinha facilidade em aprender línguas e o que começou como uma obrigação, tornou-se uma paixão. Atualmente com 16 anos, Matues escolheu uma terceira língua para estudar: o italiano. Eventualmente, o professor Jefferson Almeida, 24 anos, dá aulas de latim para seu pupilo.

Jefferson, professor de línguas, estudante de letras da Universidade Federal de Mato Grosso e membro do grupo de pesquisa “História do Português Brasileiro” da Universidade de São Paulo (USP) é outro exemplo de pessoas que se apaixonou pelo estudo de línguas. Apesar da pouca idade, o acadêmico fala português, inglês, espanhol, italiano, francês e alemão.


(Jefferson Almeida, professor de línguas que com apenas 24 anos fala seis idiomas)

O estudo começou quando Jefferson era apenas uma criança de sete anos de idade. Nesta época, estudava em uma escola onde as disciplinas eram ministradas em francês. Os alunos falavam entre si nesta língua, bem como os professores.

Mas não era somente falar, mas sim mergulhar em uma nova cultura. Tendo vivenciado isto desde criança, Jefferson têm desde muito cedo a noção de que aprender uma nova língua não é só conseguir se comunicar com sons diferentes, mas sim abrir uma porta para um mundo completamente novo, com uma cultura singular e pessoas diferentes.

Quando Jefferson fez 13 anos de idade e visitou pela primeira vez a biblioteca da USP, soube que era com letras que queria mexer. Nesta mesma época, decidiu dedicar-se ao estudo do inglês e espanhol. Um ano mais tarde, sentiu necessidade de aprender mais uma língua, desta vez o italiano. Somente aos 16 começou a aprendizagem de alemão. Atualmente ensina todas estas línguas na escola de idiomas Wizard, bem como na UFMT.

Ensinando línguas  aos cuiabanos

O público de Cuiabá interessado em aprender línguas é bastante peculiar. Boa parte desta demanda vem de adultos já formados que têm como objetivo crescer no mercado de trabalho. E embora este seja um incentivo válido, é também um dos bloqueios na hora do estudo.

Aprender línguas não têm a mesma dinâmica do mercado. Aprender um idioma novo não vai ser rápido e não vai acontecer de forma espontânea. Jefferson explica que as escolas dão a base de certa língua para o aluno, mas depois de um período que varia de 3 à 6 anos, o estudante já é considerado um usuário independente.

Quando as pessoas da área orientam os alunos a lerem jornais e sites no idioma que estão estudando, assistirem vídeos e ouvirem músicas, não é à toa. “Aprender um idioma leva tempo porque na verdade é mais que isso. Estudar uma nova língua significa incorporar uma nova cultura”, disse Jefferson.

O imediatismo que vem junto com estudantes que pensam no mercado de trabalho pode frustrar os estudos. Por não ser rápido como a pessoa quer, ela se sente desestimulada a continuar por achar que não está aprendendo. “Cuiabá ainda é uma cidade provinciana, as pessoas não têm muita visão de mundo”, disse Mateus ao lembrar de fatores que fazem as pessoas desistirem de idiomas.

O jovem estudante ainda lembra que a utilidade das diferentes línguas vão além do mercado de trabalho. Segundo ele, há livros que ainda não foram traduzidos. E mesmo os que foram, têm particularidades que agrega ao ser passado para um novo idioma.

“Você pode ler Baudelaire em francês, Nietzsche em alemão, Dostoievski em russo. É uma forma de ter acesso ao pensamento original, são portas que se abrem para novos mundos”.
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