Recém-aberta em Cuiabá na modalidade delivery, a marmitaria Flor de Lis aposta na comida caseira como forma de acolhimento, mas carrega também a história de identidade e representatividade de Matheus Yohan Pereira Costa, de 31 anos. Fora da cozinha, ele dá vida à drag queen Flor de Lis, que serviu de inspiração para transformar o amor por cozinha para família e amigos no próprio negócio.
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Apesar de ainda não performar com frequência em bares e baladas, Flor de Lis costuma marcar presença em eventos da cena ballrom e LGBTQIAPN+ em Cuiabá. O nome e a identidade visual do negócio dialogam com a trajetória da persona drag criada em 2013.
“A ideia surgiu primeiro como uma forma de expressão e acabou virando parte importante de quem eu sou. Minha drag mistura elegância com um toque ousado, e eu gosto de trazer representatividade e brilho por onde passo.”
Quando decidiu começar a organizar a vida financeira, Yohan pensou em empreender. Foi, então, que a cozinha se transformou em negócio. “Sempre preparei comida caseira para amigos e família, e percebi o quanto isso unia as pessoas. Quando comecei a organizar minha vida financeira e pensar em empreender, vi que transformar a cozinha em negócio era o caminho certo”, conta ao Olhar Conceito.
O cardápio traz pratos tradicionais, preparados com ingredientes frescos e tempero de casa. O carro-chefe já tem espaço garantido: o estrogonofe de frango com arroz soltinho e batata palha crocante. Mas a ideia vai além da refeição.
“Eu defino como sabor de acolhimento. É aquele gosto que traz lembranças boas, que conforta depois de um dia corrido. Cada marmita carrega cuidado, capricho e o prazer de servir bem.”
Essa energia se reflete na marmitaria, que se apresenta como espaço de resistência e visibilidade. “Quero mostrar que pessoas LGBTQIAPN+ também podem ocupar espaços tradicionais, como o da comida caseira, sem precisar esconder quem são. A Flor de Lis Marmitas é também um espaço de resistência e visibilidade, cada entrega é uma pequena afirmação de que existimos e fazemos parte da comunidade.”
A fusão entre comida caseira e cultura drag foi recebida com entusiasmo. “Foi emocionante! Muita gente achou inovador e se sentiu tocada. Alguns clientes se identificaram, outros admiraram a ousadia. Muitos disseram que isso torna a experiência mais humana e especial.”
Entre planos e sonhos, o futuro é de expansão. “Eu sonho em expandir, ter uma cozinha maior e talvez até um espaço físico para atendimento, mas sem perder o toque caseiro e a essência da Flor de Lis. Também imagino parcerias com eventos culturais e ações sociais, para que a marmitaria continue sendo um espaço de sabor, arte e representatividade.”