Pesquisadores do Instituto Impacto e da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desenvolveram um método inédito e pioneiro no mundo para coletar pelos de onças-pintadas de forma totalmente não invasiva. A técnica foi testada com sucesso no Pantanal Norte, em Mato Grosso, e pode revolucionar os estudos de saúde, genética e impactos ambientais sobre esses grandes felinos, sem a necessidade de capturá-los.
Leia também
Confeiteira faz ‘Matilda Cake’, bolo inspirado em filme do anos 90 que tem fatia vendida por até R$ 254 em Londres
Em vez de utilizar armadilhas físicas ou sedativos, os cientistas posicionaram tapetes de fibra sintética em locais estratégicos da Fazenda Piuval, onde as onças costumam circular ou descansar. O material, composto por fibras de polipropileno e base de PVC, adere suavemente aos pelos ao contato natural do animal com o tapete. As interações foram registradas por armadilhas fotográficas durante 30 dias consecutivos. Quando uma onça era registrada sozinha interagindo com o tapete, os pelos eram cuidadosamente recolhidos e armazenados em tubos estéreis para análises.
O resultado foi um sucesso: as amostras estavam bem preservadas, permitindo análises de DNA, identificação do sexo, presença de metais pesados como o mercúrio, e isótopos estáveis — dados fundamentais para entender tanto a saúde das onças quanto os efeitos da poluição e das mudanças no ambiente.
O estudo ocorreu na Fazenda Piuval (Poconé‑MT), um território de 7.200 hectares que combina pecuária tradicional e ecoturismo, em plena região de transição entre as matas de galeria, campos alagáveis e manchas de cerrado. O local está situado às margens da Transpantaneira, estrada icônica para a observação de fauna no Pantanal, que abriga a maior densidade de onças-pintadas das Américas.
As coletas foram feitas sem perturbar os hábitos naturais dos animais, reforçando o compromisso com o bem-estar da fauna silvestre.
Mais do que uma inovação técnica, este método tem o potencial de democratizar o acesso à informação biológica sobre a onça-pintada, permitindo que mais projetos e instituições em todo o Brasil realizem estudos com qualidade e respeito à vida selvagem. Ele também abre portas para o monitoramento de poluentes ambientais, como o mercúrio, que afetam silenciosamente tanto a fauna quanto as comunidades humanas próximas.