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Terça-feira, 18 de novembro de 2025

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'Acredita, colega!': cuiabana que tem lanchonete no CPA 4 já gastou R$ 30 mil tentando entrar no Rancho do Maia

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'Acredita, colega!': cuiabana que tem lanchonete no CPA 4 já gastou R$ 30 mil tentando entrar no Rancho do Maia
No bairro CPA 4, na periferia de Cuiabá, a chapa esquenta cedo na Lamburg’s, uma lanchonete simples que existe há quatro décadas e serve prato com gosto de casa. É ali que a cuiabana Gigi Neves, de 38 anos, trabalha ao lado do marido, que foi quem começou o empreendimento no passado. Entre uma batata frita e a montagem de uma pizza, ela grava vídeos para o Instagram, responde directs e sonha com o dia em que vai atravessar a porteira do Rancho do Maia, reality show informal transmitido por Carlinhos Maia em seus stories, onde desconhecidos ganham seguidores, holofotes e, com sorte, uma nova vida.


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“Quando eu era criança, queria que o Silvio Santos fosse meu pai. Pensava que se ele fosse meu pai, eu teria tudo. Era meu jeito de sonhar”, diz Gigi. Ela cresceu entre a casa da avó, onde viveu até os sete anos, e a da mãe, com quem passou a morar junto aos três irmãos. "Cada um de um pai diferente", explica a influenciadora. Aos oito anos, começou a trabalhar na feira. Aos 16, vendia queijo ralado. Nunca parou.

Os vídeos dela têm um estilo próprio, “sem vergonha”, como ela mesma define, com risadas altas, bordões e espontaneidade exagerada. A história de ser famosa nas redes sociais começou no Facebook, quando ela encontrou os primeiros vídeos de Carlinhos Maia e foi tomada pela curiosidade da “vida na vila" mostrada por ele nos conteúdos. 

Quando o Instagram virou palco principal para muitas pessoas, Gigi decidiu montar o próprio. “Fiz meu Instagram e comecei a fazer os vídeos. O Carlinhos criou o Rancho, comprou o rancho dele e começou a chamar pessoas que ele gostava dos vídeos. Senti no meu coração que, se ele não me chamasse, eu ia lá na porta”, conta. Ela foi. Mais de uma vez. 

Ela conta que se hospeda em hotel, leva isopor com água, um banquinho e acampa do lado de fora, sem invadir o espaço, “porque ele não gosta de bagunça”. Numa dessas idas, cruzou o país de ônibus durante três dias e três noites. Para completar a série de dificuldades da viagem, o veículo sofreu um acidente no caminho.

Mesmo assim, ela não pensa em desistir. “Acho que já gastei mais de R$ 30 mil tentando chegar até lá. Teve look, teve vídeo com girassol, gastei quase R$ 500 só de flor. É investimento, porque ninguém vai fazer isso por mim. É eu e meu marido. Meu marido que é meu parceirão.”
 

Gigi fala com orgulho da trajetória da Lamburg’s, tocada hoje por ela e o marido. Eles também já tentaram outros negócios, como o restaurante na Avenida dos Trabalhadores, onde Gigi vendia marmita na esquina. “A gente se conheceu há 12 anos, na época eu pilotava uma Biz. Depois engravidei dele, era um menino, mas perdi com seis meses. Foi má-formação no intestino". 

Com mais de 10 mil seguidores no Instagram e meses em que seu perfil já bateu mais de 9 milhões de impressões, Gigi acredita que está na hora da virada. Sente que a edição do Rancho que começa no dia 25 de agosto, quatro dias antes do seu aniversário de 39 anos, é a chance definitiva.

“Estou sentindo que eu vou. Quero representar Cuiabá, falar do lambadão cuiabano, dar o nome da nossa cidade. Tem gente que me julga, fala que sou casada, que tenho filhos, que sou gorda, que lá é uma baixaria. Mas não é isso. Eu vejo como uma porta de oportunidade.”

A cuiabana conta que já estudou teatro e fez coral na UFMT, mas abandonou tudo por precisar trabalhar. Criou a primeira filha sozinha, levava o bebê para a loja onde era vendedora, graças a autorização do gerente, quando não tinha com quem deixá-la.

Hoje, são três filhos: Emily, de 15 anos, Heitor, de 8, e Manu, de 4. “Já passei por muitas coisas e ainda consigo fazer graça, mas isso é de mim. Sou emotiva, chorona, mas não fico para baixo. Se fico, é um dia. Depois já me renovo. Tenho Deus dentro de mim, é uma voz que fala ‘faz isso, faz aquilo’. Tenho muitas ideias, muitos sonhos. O que eu não tenho é dinheiro", diz antes de gargalhar. 

Para os desinformados sobre a trajetória de Carlinhos Maia e o poder que ele tem na palma da mão, que já define outras vidas, Gigi aconselha a conhecer um pouco da história do influenciador que serve como inspiração para ela. 

"O Carlinhos é uma pessoa verdadeira, porque ele também já passou por essas coisas, a história dele é linda, a mãe dele deu ele na barriga. A senhora que adotou ele, foi lá buscar, ela é surda, o marido dela era carpinteiro, mesmo assim acolheram ele. A mãe dele, quando era mais novo, recebia pedrada por conta da deficiência auditiva. Ele via isso acontecer e sofria muito. Se ele está onde está, é por merecer mesmo". 

Nas redes sociais, Gigi se apresenta como “a coisa mais louca de Cuiabá”, apelido que ela mesma escolheu, com bom humor e desinibida, para se apropriar do julgamento que tantas vezes ouviu por causa do seu sonho. “Muita gente me chama de louca por querer entrar no Rancho do Maia, por investir dinheiro nisso, por acreditar. Então eu abracei essa ‘loucura’. Se é pra ser louca, vou ser a coisa mais louca de Cuiabá". 

“É um reality, amiga. Transmitido pelos stories. Os participantes ficam sem telefone. Quem brilha lá, quem tem aquela coisa de artista, se destaca e portas se abrem. Eu sou uma atriz. Quero ir para jogar, causar, fazer o que ele quer. O Carlinhos não gosta de gente vitimista. Eu também não. Já vivi muita coisa, mas sempre quis crescer.”

A frase que Gigi mais repete, que leva quase como oração e que, inclusive, estampa uma faixa gigante na fachada da própria casa, veio de Carlinhos Maia: “Acredita, colega!”. Para ela, o que está em jogo não é só a fama, mas o reconhecimento. “As pessoas falam que eu sou louca. Mas quem não acredita em si mesmo, fica parado. Eu quero trabalhar, não quero o que é dele, quero correr atrás do meu. Só preciso de uma chance.”
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