Imagine uma pessoa que gosta muito de ler e que dedica parte da sua vida aos livros. Que tipo de pessoa vem à sua mente? Que personagem você cria para se encaixar nesta descrição? Qual é o perfil dessa pessoa, como ela se comporta? Pense um minuto sobre isso antes de seguir para o próximo parágrafo.
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Pronto? Não importa a pessoa que você tenha construído na sua mente, a maior verdade sobre ela é: essa imagem é limitada e superficial.

No último final de semana realizei uma vontade: reunir clubes de leitura para interagir com outras leitoras, falar sobre livros e de que formas eles ocupam espaços nas nossas vidas. Estávamos em quase 20 mulheres.
A unanimidade: gostar de ler. De resto – um resto que é quase tudo – a beleza da diversidade.

Uma com 50, outra com 25. Uma mais introspectiva e reflexiva, que se escondia atrás de livros na adolescência e hoje se encontra nas mesmas páginas; outra, expansiva, comunicativa, que transforma livros em puro entretenimento.

Uma que lê para descansar do trabalho e, outra, que lê para trabalhar. Uma que lê para ser salva das durezas da realidade, ao lado de outra que se apaixonou pela fantasia.

Uma que lê quando dá, até terminar a leitura do mês; outra, que lê até nas paradas do trânsito. Uma que lê desde criança, outra que começou a ler depois de adulta. Umas e outras, tantas.

Não existe alguém com cara de leitora. Ler é verbo e é também sentimento. Não está atrelado a um perfil, mas pode se encaixar na vida de qualquer pessoa.

E onde entram os clichês? Deixo-os para as frases emocionadas. Ler não tem cara, nem idade, nem um único motivo. Mas tem um efeito certeiro: nos faz companhia, sempre. Ou, como disse Ariano Suassuna: “Quem gosta de ler não morre só”.
 
Thalita Araújo é jornalista, empreendedora, mediadora do Clube de Leitura Antes de Dormir e fala mais sobre o assunto no @leioantesdedormir.