A violência institucionalizada contra a mulher tem sido o principal objeto de estudo da aclamada psicóloga Dra. Rosa Graciéla de Lopes e seus dois novos livros, "Cultura do Estupro em Mato Grosso - Parte 1" e "Narrativas Ficcionais Baseadas em Experiência Clínica - Parte 2", serão oficialmente lançados nesta quarta-feira (23), no Sesc Arsenal.
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O coquetel de lançamento acontecerá das 18h às 21h, com uma rodada de conversas sobre o assunto e sessão de autógrafos. Nas duas obras em questão, lançadas pela Editora Dialética, a autora mergulha nas raízes socioculturais do povo brasileiro, abordando as origens comportamentais que propiciaram esse ambiente inseguro para mulheres, desde sua infância.
Do machismo ensinado aos meninos logo em seus primeiros anos ao inconsciente estabelecido na mente das meninas - que são diuturnamente educadas a assumirem parte da responsabilidade pelo possível abuso ao qual são expostas -, Lopes faz um intenso estudo sobre o assunto.
Nascido originalmente como uma tese de doutorado, o projeto se expandiu para além dos limites acadêmicos, a fim de gerar um debate com a sociedade civil, à medida em que promove o investimento em políticas públicas mais eficazes que protejam as vítimas e punam os agressores, sem perder o foco na prevenção através da educação básica.
Enquanto o primeiro livro constrói os alicerces da violência cometida contra a mulher, o segundo transforma algumas das experiências de suas pacientes em relatos ficcionais. Feito a partir de um amálgama de 30 anos de atuação, essa obra em questão reúne quatro contos fictícios baseados em inúmeros relatos reais.
"O primeiro livro visa deixar claro como a cultura de estupro está relacionada à forma como meninas e meninos são ensinados. Para elas, existem regras como 'não sente de perna aberta, não ria alto, seja recatada, não ande em certos lugares'. Como se, de certa forma, elas fossem responsáveis pelo crime que sofrem. Já os pequenos são educados em seu berço a serem vilões, a responder qualquer afronta com agressividade. 'Se você apanhar, precisa revidar. Se imponha através da violência'. Eles não são orientados a ter empatia, a respeitar a mulher. Elas são vistas apenas como objetos de prazer sexual e isso é estimulado neles ainda na tenra idade. E para que tudo isso pudesse ser percebido e compreendido da maneira mais enfática possível, transformei algumas das minhas experiências clínicas em contos. Feitos a partir de fragmentos de histórias reais, esse segundo livro nasce das experiências coletadas de vítimas atendidas em meu consultório", conta Lopes.