As irmãs Mariana de Rosa e Maria Clara de Rosa, de 32 e 23 anos, começaram a gostar de One Direction, por volta de 2012, quando a boy band vivia o auge do sucesso mundial. Além da paixão pelas músicas, Mariana e Maria Clara também tinham em comum o amor que sentiam por Liam Payne, um dos integrantes do grupo, que morreu nessa quarta-feira (16) após cair do 3º andar do hotel em que estava hospedado em Buenos Aires, na Argentina.
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As músicas da boy band e a paixão por Liam surgiram em um momento em que as irmãs passavam pelo luto de perder o pai, na época, Maria Clara tinha 11 anos, e Mariana, 19. A notícia da morte de Liam tem repercutido em nível mundial por conta da fama do grupo, que chegou ao fim em 2016, e para as irmãs que moram em Rondonópolis (a 214 km de Cuiabá), também foi motivo de choque.
"A notícia sobre a morte do Liam foi devastadora pra mim, como se fosse um amigo tão querido que há alguns anos tínhamos nos afastado. Junto com o Liam, morreu a banda toda, que nunca mais estará unida novamente. Morreu junto a Mariana jovem, que viveu intensamente o amor pelo One Direction. Que tinha orgulho de dizer a todos que era uma 'Directioner'. Morreu uma fã sonhadora. Morreu uma parte de mim, de momentos únicos que vivi e que jamais voltarão", lamenta Mariana.
Já Maria Clara foi comunicada da morte de Liam pela irmã, que ligou enquanto estava em uma reunião da faculdade. Quando a jovem retornou para saber do que se tratava, chegou a pensar que a notícia dada pelo outro lado da linha era uma brincadeira, mas logo se desperou ao ver que a tragédia que tirou a vida do ídolo.
" Aliás, ainda estou neste mesmo estado [de desespero]. É um sentimento que vem como ondas, eu me sinto mal e choro, sigo com as atividades do meu dia, passa um pouco e eu me ligo que ele não está mais ali. E isso é doido, porque de certa forma ele sempre esteve. Sempre. E é uma história que não continua mais. Eu temo muito pelas notícias que virão nos próximos dias e não me sinto preparada para lidar com isso. A minha eu de 11 anos ama muito ele e ela ainda mora dentro de mim".
Para ela, a notícia da morte de Liam era algo esperado no futuro, quando ela já estivesse mais velha. "No auge dos meus 60 anos de idade e dizer aos meus netos que a música morreu. Acontece que a música morreu ontem e eu só tenho 23".
A admiração por Liam foi algo que uniu as duas irmãs ainda mais, conta Mariana, que não lembra de ter sido tão fã de alguém como foi do cantor e da banda One Direction. "Acompanhava absolutamente tudo sobre a vida deles. De cada um e também da banda. Acompanha as datas de shows e as turnês. Mesmo não sendo no Brasil. Acompanhava absolutamente todas as músicas, clipes, filme, encontros. Tudo relacionado a eles".
Mariana chegou a dormir na fila para garantir lugar perto do palco no show do One Direction em São Paulo. (Foto: Arquivo pessoal)
Amor de fã
Maria Clara explica que, em uma escala de 0 a 10 seria impossível não entregar ao One Direction o nível máximo de importância em sua vida. Ser fã da banda a ajudou a fazer novos amigos e construir um grupo com outras pessoas que também dividiam o mesmo amor pelo grupo e por Liam. Por ser de Rondonópolis, ela nunca conseguiu encontrar outras pessoas para conversar sobre cultura pop.
"Antes deles não tinha muita gente com quem eu poderia compartilhar esse gosto em comum. E, de repente, eu me vi em grupos de dez, quinze pessoas e só falávamos sobre eles, saíamos juntos, cantávamos em lugares públicos sem vergonha alguma. Depois deles, eu sempre tive a certeza de que, em qualquer ambiente que eu entrasse, alguém iria acolher os meus sonhos de fã e seria recíproco".
Para a jovem, ainda é difícil falar sobre Liam no passado. Um dos sonhos de fã das irmãs era encontrar pessoalmente com os membros da banda, algo que elas tentaram fazer quando viajaram para Londres.
"Eu tinha certeza de que iríamos nos casar. Eu de vestido branco e all star e ele com o terno cinza do clipe de One Thing. Na época, mudei meu nome em todas as redes sociais e coloquei o sobrenome dele no final. É loucura pensar o quanto eu era convicta daquilo. Certa vez, viajei para Londres com a minha família e vimos no Twitter que ele e o Niall, outro integrante da banda, estava em um local próximo de nós, o que fizemos?".
As irmãs começaram a gostar do grupo enquanto viviam o luto da morte do pai. (Foto: Arquivo pessoal)
"Ensaiamos a dança de Best Song Ever no metrô, com o objetivo de performar para eles achando que eles se apaixonariam por nós. Ficamos muitas horas esperando de pé no frio e não conseguimos vê-lo, mas meu amor sempre continuou o mesmo", lembra Maria Clara.
Apesar de não terem conseguido encontrar Liam ou os outros integrantes da boy band, as irmãs realizaram o sonho de assistir um show do One Direction em 2013, em São Paulo. Na época, Mariana estava no internato da faculdade de Veterinária e chegou a dormir na fila até a hora da apresentação.
"Pegamos chuva, sol, frio. E de repente estávamos na grade do show. Cara a cara com eles. Foi incrível! Eu chorava tanto, mas tanto. Foi uma sensação inexplicável e inigualável. No outro dia, também permanecemos por lá para irmos de novo".
Para Maria Clara, o show foi a realização de um sonho. "Eu tive a sorte de ir nos dois shows que eles fizeram em São Paulo. Me lembro perfeitamente de ver os rostos deles pela primeira vez e achar que estava dormindo, nada parecia real. Era tão acostumada em ver tudo pelo celular que pessoalmente acho que seu cérebro acaba se desligando um pouco. A tour foi estupenda e, até hoje, o álbum Midnight Memories continua sendo meu favorito, talvez seja justamente pelas memórias feitas à meia-noite".